sábado, 5 de março de 2011

Carnaval sem Folia

 Sábado de Carnaval. Dora nasceu há 9 sábados de Carnaval. Sabia que filhos mudam a vida, mas nunca imaginei que a chegada de Dora transformaria para sempre a minha vida e a forma de vivê-la. Se por um lado ela me inundou de amor, me deixou menos egoísta, mais paciente e até mais sábia, por outro, o seu genitor me fez sentir o contrário. Como chegou onde chegou não lembro, não sei explicar, mas parece não ter fim, não ter volta.

 Certo, levei para um fim-de-semana e nunca mais devolvi (minha filha, tratada como um pacote nos termos de juridiquês), mas fiquei 4 anos e 5 meses com ela e ela comigo, isso é fato, dentro da Lei ou não, é fato. De repente ela é levada e desde o dia 10 de fevereiro não sabemos mais nada uma da outra e, pior, Dora não sabe mais nada da vida dela. O genitor, que passou um ano trocando emails comigo, me tratando como sequestradora, bandida, tudo, menos santa, depois de extravar um pouco a raiva me fez crer que faríamos um acordo, ele sabia onde e como Dora estava. Mas calculista e friamente esperou a data certa para fazer busca e apreensão da menor, busca essa que ele mesmo descreveu como traumática para a criança. Ele queria fazer a busca no dia do aniversário da filha, além de ser uma data compatível com novo processo, que de amigável e compartilhável, nada tem. Não, a outra parte não ficou satisfeita com busca e apreensão da filha na escola, com Rede Globo filmando, para ter a guarda definitiva (que pode ser revertida a qualquer momento), quer continuar me aniquilando. Sobre esse novo processo nem cabe aqui escrever, oficialmente não sei de nada. É tão hediondo que só poderia surgir em uma mente perturbada, doentia, desprovida de valores humanos, insensível à dor alheia, a dor e constrangimento da prórpia filha. Mas ainda não é estratégico expor esse processo. Porque a batalha judicial é cheia de estratégias e precisa estar na defensiva quando o inimigo usa de artíficios e interpretações erradas.

Após o golpe, a mediação

  Daí o guardião, aquele que nesse momento guarda a minha filha, me manda email com link para um site sobre mediação de conflitos! Respondi  prontamente que aceitava fazer essa mediação, escrevi no dia seguinte de novo  "oi, eu aceito", obtive a resposta para eu mesma ligar. Liguei, marquei conversa e perguntei os dias da semana que atendem familiares em conflito. A resposta do guardião foi que a partir de abril, tudo bem. Perguntei por que só em abril. "Muitas demandas em relação a nossa filha, trabalhos e contratações". Unh, acho que agora ele vai perceber que não pode colocar o troféu na estante para ficar admirando, tem que polir, levar pra passear...enfim, o troféu não é inanimado nesse caso. É uma filha!

  Minha vontade foi perguntar como ele se sente após tanto tempo longe da Dora e como Dora está reagindo a tudo isso. Perguntar por que foi na escola buscá-la dessa forma, por que levar equipe de reportagem e deixar para sempre gravado o trauma? Mas nem isso eu posso, tenho que tomar cuidado com tudo que escrevo ou digo porque pode se voltar contra mim. Parece mania de perseguição, paranóia da minha parte. Mas é pudo sadismo com requintes de crueldade da outra (parte).

  Dora foi sem se despedir de ninguém, sem levar um objeto pessoal e agora está sem falar com nenhum amigo, nada. É angustiante! Mais ainda porque, por enquanto, ele está fazendo tudo dentro da Lei. Ela está sem  paradeiro, não sei o novo endereço do guardião, mas ele já fez isso antes, quando reverteu a guarda em 2005 e mudou-se para a casa da namorada. São brechas da Justiça. Enquanto eu não tiver o endereço não posso entrar com ação de regularização de visitas e fico sem ver ou falar com a minha filha.  Eu fiz isso também, mas contra a Lei e agora pago por isso, não, quem paga é a Dora, que foi arrancada de tudo que ela tinha porque eu estava dando tudo o que ela precisava, mas fora da Lei. A Jusitça é lenta. É muito tempo de litígio, é muito cansativo, Dora está crescendo no meio disso, ela já tem e só tem 9 anos. E se continuar assim vai parar quando ela tiver 18. Os trâmites dos processos de família ligados à infância deveriam correr rápido, porque sempre é possível recorrer (ainda bem pra mim) e recorrer de novo.

  Estou tentando mudar o foco, cada dia que passa é um dia a menos para encontrar Dora. Aguenta firme garota, mamãe vai te buscar!

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