quarta-feira, 27 de abril de 2011

Só de Água

   Uma semana antes da Páscoa, dois queridos amigos vieram em casa. Entre uma taça de vinho francês e outra, uma recomendação relevante de Fábio Diegues para "que eu não beba nem socialmente". Ainda bem que estava muito mais na água que no vinho! Ainda me alertou para tirar do facebook o aplicativo Frases de João Estrela, personagem real biografado por Guilherme Fiúza no livro Meu Nome Não é  Johnny, pois sso soaria como apologia às drogas. O livro, que me foi emprestado pelo próprio Fábio e devorado em menos de 2 dias, é um roteiro pronto. Quando li ainda fiquei imaginando quem seria o ator escolhido para interpretar história tão fantástica. Confesso que já tinha vislumbrado o genial Selton Melo.
  O autor do livro viveu parte da saga de João Estrela, por isso a veracidade dos fatos com muito caráter afetivo. João é exemplo de degeneração seguida de regeneração humana. De como somos capazes de nos estragar ou sermos estragados e regenerar. Suas experiências me fazem ter até um pouco de esperança no sistema judiciário. Tudo em seu caminho é tão extaordinário que ao ser preso por tráfico internacional, foi inquerido por uma juíza que não o considerou um bandido, afinal não enriqueceu com tráfico, ao contrário, gastava tudo e fazia dívidas. Não tinha armas e o único apartamento da família foi vendido para pagar advogados. Era um doente viciado. Sem limites na dolescência, tornou-se um adulto sem noção da realidade. Como pena recebeu a internação num manicômio penitenciário, por uns 3 anos. Lá João trabalhou no setor administrativo e realizou mudanças significativas na vida social e política dos internos. Nada de ficar parado esperando o tempo passar, já que estamos no hospício, vamos aprender com isso. A identificação é imediata, pois também fiquei internada num sanatório psiquiátrico, por 30 dias. Também operei mudanças.
  Mas enfim, retirei o aplicativo Frases do João Estrela, mesmo achando as frases divertidas e estimulantes. Não entendo um mundo onde João Estrela é mal exemplo e o psicopata Dexter é considerado um serial killer do bem! Eu nunca tinha visto este seriado, típico enlatado americano. Mas depois de ouvir alguns comentários e comparações, do tipo "se fosse um assassino bonzinho como o Dexter". Não consigo imaginar alguém bom que mata e assisti 2 episódios para ter opinião formada, confesso que dormi no segundo.

Mais do Mesmo

  Há 2 dias reencontrei outro amigo, Marco Sapucaia. Esse nadador baiano, residente em Santos, veio de bicicleta me fazer uma visita. Um dos primeiros comentários: "Drica como você emagreceu!", o primeiro pedido foi um copo d'água. Por falha injustificável da anfitriã a água havia acabado. "Mas tem vinho branco, cerveja, suco, refrigerante, leite e posso fazer um café". O sorriso reflexivo optou por cerveja. Era um fim de tarde quente.
  Não sabia nada sobre o processo de Dora e enquanto dividíamos a segunda latinha, conforme fui narrando os fatos, entendeu o porquê de eu ter emagrecido tanto. Ainda sugeriu que eu voltasse a nadar e avisou que tem etapa de Campeonato Brasileiro de Master em maio. Menos, meu amigo, menos. Por fim, relembrando as injúrias que tenho sofrido e por ter que me monitorar o tempo todo, constatei que além de não citar mais João Estrela, também é prudente não ter bebidas alcoólicas em casa. "Por outro lado, isso pode ter outro significado, Drica. Essa é a segunda vez que vou numa casa que não tem água, mas tem vinho, cerveja e champagne. A outra foi na do Fernando Scherer". Quis dizer que se acaba a água e tem bebida alcoólica na geladeira é porque toma-se muita água e pouca bebida alcoólica. Simples.
  Agora é assim, não posso falar o que penso, por mais coerentes que sejam meus pensamentos, nem escrever sobre o que sinto ou faço, por mais sinceros e inocentes que sejam meus sentimentos e atitudes. Afinal, tudo pode acabar se virando contra mim, qualquer frase pode ser relevante ou revirada. Ataques verbais podem causar estragos. Já teve até amiga minha sofrendo ameaça de processo pelo que escreve na internet. E só escreve o que pode provar.
  Será que eu deveria estar escrevendo sobre isso? Será que minhas palavras se virarão contra mim? Bom, só espero que o nadador Fernando Scherer, que nem conheço pessoalmente, não se sinta injuriado por ter sido citado e resolva me processar.

2 comentários:

  1. Dri....por incrível que pareça....aqui em casa tb acabou a água e só tenho vinho, cerveja e sucos....
    Lendo o que vc escreveu, até dei risada, pois é tudo a pura verdade....hoje não podemos fazer nada, pois não se tem mais liberdade....
    Amiga, o que importa é que estamos do teu lado, com água, cerveja e caipirinha.....e que tudo isso será revertido...e a verdade irá aparecer...amiga conte comigo, mesmo longe, vc sabe que pode contar comigo...e estou pensando seriamente em voltar para o Master.....
    Se cuide !!!
    Ju

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  2. Adriana,
    Vou te dar a dica de um livro que li num momento de desespero também, "Não há silencio que não termine" da Ingrid Betancourt. É sobre o tempo que ela passou refém das Farc, isolada de tudo e de todos...muito bem escrito.
    Acho que vc não deveria falar do processo, mas dos seus sentimentos não abra mão de falar...mas tbem já me senti assim, a gente fica meio com mania de perseguição.
    Que sua filha logo esteja nos seus braços!
    Torço muito por vc mesmo sem te conhecer (coneci seu blog através do blog da Elaine)
    Um abraço!!

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