segunda-feira, 18 de julho de 2011

Meu Lamento

   Tenho uma sensação estranha: parece que não sou de nenhum lugar ou estou no tempo errado.  Me sinto tão sozinha o tempo todo, mesmo numa mesa para almoçar, rodeada de gente.  Certas noites tenho tanto sono, que não consigo concluir uma conversa, em outras meus pensamentos são tantos e tão rápidos, que não consigo dormir.
  Isso até me lembra um pouco o último filme que assisti no cinema, “Meia-noite em Paris”, do Woody Allen. O protagonista de 2010 viaja todas as noites para sua época preferida, os anos 20. Conhece todos os que importaram no movimento cultural que fervilhava em Paris e no mundo. Numa conversa com as lendas do surrealismo, tenta explicar o inverossímil, mas logo é compreendido: “Normal, você está vivendo em duas dimensões”.
   Me sinto assim, como em duas realidades. Numa estou tranquila, morando em Santos, trabalhando no que eu gosto e no que sei fazer, cuidando de uma filhinha maravilhosa, inteligente e carinhosa, como se tudo seguisse o curso certo. Na outra sofro de saudades, de vazio, de arrependimento, de revolta, de indignação, sinto-me de mãos atadas, sem ser dona da minha própria vida, a mercê de pessoas que não conheço. Sinto muita solidão. Porque nessa realidade triste não tenho minha companheirinha, não tenho minha menina para cuidar, para amar, ensinar, rir, ouvir, falar. Nessa realidade só tem um imenso e infinito vazio.
  Talvez numa terceira realidade eu encontre respostas para tudo o que está acontecendo. Mas lendo o processo, a única explicação que encontro é que a outra parte um dia enlouqueceu, acreditou na sua loucura e encontrou advogados dispostos a nutrir a insanidade.  Foram muitas as mentiras e elas continuam, sem parar. Mesmo estando com minha filha, vendo como ela é encantadora e bem cuidada, são capazes de escrever coisas do tipo “Dora não tinha nem cama para dormir, suas roupas eram sujas, não tinha amigos, não tinha vida social, usava nomes falsos” e por aí vai. Meu único consolo é que Dora vai ler tudo. Ah, quando ela souber os fatos, o que pensará dessa família nefasta e mentirosa? Como lamento tudo isso.

 A volta

Mas não é meu lamento
Que trará Dora
Talvez só o tempo
Que é meu inimigo agora
Esse tempo que eu quero que passe
Mas passando, me aproxima da morte
E um dia ao ver sua face
Sei que poderia ter tido melhor sorte

   Me faltou sorte e malícia. A outra parte, além de parecer um esquizofrênico, ainda arrumou advogados que alimentam essa doença. Esquizofrênico é aquele que vê o que não existe e ouve vozes no silêncio. Mais ou menos isso. Segundo uma, da legião de advogados que consultei, o advogado da outra parte faz o que o cliente quer, a culpa é do cliente de procrastinar o processo com fatos falsos.
   Pode até ser, mas se um cliente pede absurdo, como destituir o poder familiar da mãe, cabe ao advogado trazê-lo para a realidade.  Se o cliente que não vê a filha há 4 anos e 5 meses diz que ela está suja, sem cama para dormir, mudou de escola mais de 4 vezes, para não criar vínculos e que morava de favor na casa de estranhos, cabe ao advogado pedir as provas. Mas não, o advogado da outra parte escreveu tudo isso, o juiz leu e cedeu às mentiras! Agora cabe a mim provar que são mentiras. Mostrar as 2 escolas em que Dora estudou, 2007 e 2008 na Ethos, de Paraty, 2009 e 2010, Dino Bueno, em Santos.  Tenho que  mostrar fotos do quarto, aliás, é só mostrar o vídeo do Profissão Repórter,  mostra um quarto bem bonitinho, por sinal. E, sim, meus contratos de aluguel, já que também está escrito que morávamos de favor na casa de estranhos...
    Estou bem cansada de há 7 anos ficar provando que o pai nefasto é um mentiroso! Que mente até no próprio currículo, dizendo ser formado em Letras, pela USP! Porque demora tanto tudo isso, ninguém vai comprovar nada, juiz nem lê o calhamaço de processo. Por isso a outra parte se empenha tanto em colocar todos os emails lá, para encher de páginas e páginas inúteis, que nunca serão lidas.
   E ainda leva minha filha para Ribeirão Preto para dificultar mais as coisas. Isso que dá uma pessoa ter dinheiro e tempo de sobra. Será que não há mais nada a ser feito naquela vida vazia? Já que não trabalha tempo o suficiente e mesmo assim não é capaz de cuidar da filha, tendo que deixá-la aos cuidados dos avós e da irmã ( sim, Dora também fica com a tia), vai ler um livro edificante, vai procurar um grande amor, vai fazer trabalho voluntário com crianças carentes e perceber o inferno que faz da própria vida, da filha e dos pais (não acredito que esses avós estejam tranqüilos fazendo isso com a neta, a nãos ser que sejam todos irremediavelmente loucos).
   Pobre Dora, há mais de 5 meses afastada de tudo! Fazem exatamente a crueldade da qual me acusam: na sua possessividade deixam Dora sem amigos! E o juiz aceitou a justificativa que Dora precisa ficar afastada da mãe até criar vínculos com a família do pai, daí a suspensão de visitas. Absurdo! Quer dizer que para criar vínculo com um tem que ficar afastado do outro? O juiz concorda com isso? Quem vai pagar a conta do sanatório para esse bando de gente maluca? Desculpem-me os profissionais sérios e éticos, mas se tem categorias que eu duvido, e muito, são as de psiquiatras e psicólogos. Experiência própria! É que tenho os péssimos exemplos da avó megera, a vingativa Ed Melo Golfeto, e do avô psiquiatra mentiroso, o pedante José Hércules Golfeto.  O pai de Dora? É só um pobre menino rico, que não teve amor e nem atenção, agora sente que tem o poder, porque possui a filha. Só posso ter pena desse infeliz. Teve a chance da redenção e de mostrar nobreza de caráter. Mas preferiu continuar sendo ele mesmo. E por Dora tenho amor e compaixão, tão novinha tendo de lidar com toda essa insensatez do mundo dos adultos.

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