quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ameaça de Morte

  Enfim, uma audiência! Foram duas horas e meia para conseguir uma hora, todos os dias, das 19h às 20h, conversar com Dora por skype. A outra parte me escreveu, há mais de um mês, sugerindo isso (não todo dia, claro, nem por tanto tempo), mas ainda fazendo o velho e batido jogo do dá e tira, que eu tanto detesto.
  Fui de São Paulo para Ribeirão Preto com Claudia Penticionas, minha amiga e advogada. Aliás, o que eu deveria ter feito há muito tempo, fui na conversa de advogados que me colocaram tantas dificuldades, me deixaram desanimada, quase me fazendo desistir, mas agora percebo que o "grau de dificuldade" é uma forma de argumentar honorários tão elevados, porque tudo é muito mais simples do que parece, até porque a outra parte, em sua intolerância e impassividade, depõe muito contra ele mesmo. Depois de mais de 5 anos, voltei a encarar a face da outra parte, fixei meus olhos nos olhos dele por longo tempo, tentando tirar dali alguma reação, algum sentimento... nada. Percebi que durante todo esse tempo ele não ganhou nenhuma ruga de expressão, mesmo estando perto dos 36 anos. Sem rugas de expressão porque é inexpressivo. Péssimo isso para um ator.
  Para começar, o juiz conciliador era uma simpatia, quando deu início o papo da depressão, perguntou como eu estava, respondi que estou bem e há muito tempo, então não se aprofundou nisso e disse que agora é daqui para a frente, porque essa criança já sofreu demais. Daí a argumentação da outra parte passou a ser minhas tentativas de fuga, então fomos tentando uma forma de visita. Nada a outra parte queria e, pasmem, insistia no Visitário Público! Quando eu sugeri que fizesse as visitas na casa dos avós, a resposta categórica foi: "minha mãe não quer ela dentro de casa" - eu não esperaria outra atitude da avó megera, Ed Melo Golfeto, que não permite que a neta fale ao telefone com a própria mãe! Até o juiz surpreendeu-se, então, Jonas Golfeto pega sua  mochila e faz menção de tirar um BO que fez contra mim, por ameça de morte!
  Ãhn? Sim, disse ele que nesse blog eu fiz ameaças de morte para a família dele! Raramente releio o que já escrevi, só quando termino o texto, para fazer revisão ou pegar erro de digitação. Mas li para ver o que chegava mais perto dessa calúnia. Lembrei de um texto que desencadeou "a paranoia da outra parte", quando escrevi "A Síndrome do Amor", sobre associação homônima e magnânima, de Ribeirão Preto (e que, provavelmente, ele nunca ouviu falar). Nesse texto falo que Jonas Golfeto despertou em mim um sentimento que eu não conhecia: o ódio mortal. Entenda-se como ódio mortal, a vontade de que a outra pessoa morra! Isso não implica em ameaça de morte contra a pessoa ou nenhum dos dele, eu não quero matá-lo nem como pai da Dora, ao contrário dele, que quer me matar como mãe, inclusive tentou isso judicialmente, com o pedido de Destituição de Poder Familiar! Seu desejo é que Dora não tenha mãe!
  Tentou mostrar pela terceira vez o tal BO, começando com o patético texto "eu não quero ser indelicado", e o juiz já cortou: "mas está sendo". O juiz conciliador perguntou-me se eu conhecia alguém de confiança em Ribeirão, que pudesse estar junto nas visitas. Sugeri minha querida e doce amiga,  Paola Miorim. Não, foi a resposta dele, que disse não confiar em nenhum dos meus milhares de amigos. Então o juiz tornou, pacientemente, a perguntar se alguém da família dele poderia estar junto. Bom, eu disse que, como o próprio juiz podia perceber, todos me odeiam, não me querem  por perto, nem pai, nem tia, nem avós... mas pensei que tem um amigo de Jonas que é a melhor lembrança do tempo em que vivi com ele: Clóvis Inoue. Disse que sempre tive muita afinidade e admiração por Clovis, quando esse ia em casa, ficava conversando mais comigo do que com Jonas, era uma coisa mais rock (inclusive, houve dias em que olhava para esse japonês guapo e pensava que estava namorando o amigo errado - rsrs). Na hora, a resposta: "O Clóvis está morando num templo budista!" Bazinga! A pessoa da outra  parte com quem eu mais me afinava está  num templo budista, seria eu uma pessoa zen?
 Daí, o famigerado pai, disse que Dora começará uma ludoterapia (ai, ai, ai) e que ele pode falar com a psicóloga sobre a possibilidade de eu participar da terapia. Ok. Mas isso levará um mês! Não, o juiz deu prazo de 10 dias para resolver isso porque "essa criança já sofreu demais". E que a perícia psicossocial deve começar o mais rápido possível. Então, Claudia disse que já está marcada em Santos, dia 15. Parece que vencemos um hound, foi um efeito surpresa para a outra parte e sua advogada (aliás, uma figura bizarra, mas que não vou me estender, pois posso ser processada!).
 O promotor então pediu que eu minha advogada nos retirássemos e ficou por mais de meia hora com a outra parte para convencê-lo a qualquer acordo. Não há acordo. Ele quer visitário! Ele quer ver mãe e filha encarceradas, ele é realmente um torturador sádico, redundâncias a parte, já que todo torturador é sádico. Mas numa terra civilizada como Ribeirão Preto nem há visitário público. Também não há em Santos. Saímos de lá com a imposição dessa conversa por skype, que um dia Dora saberá que não foi porque o bonzinho do pai deixou, que eu precisei pedir isso judicialmente.
  Como a outra parte disse na frente do juiz, que quer ser meu amigo, na saída, aproveitei que ele estava  sentado, cheguei perto e falei com ele. "Você quer ser meu amigo? Então porque fez um BO contra mim por ameaça de morte? Porque pediu a destituição do poder familiar? Porque inventou que eu fugiria para o Chile?". "Eu não inventei nada, uma testemunha lá que disse",  respondeu com riso meio débil. Tornou a falar desse blog, que ele deve ler cada palavra buscando uma nova prova para processo. Disse ainda que eu deveria aceitar a proposta inicial dele. Confesso que nem lembrava, tantas foram as mudanças  propostas por ele. "Ela mora comigo nos próximo 4 anos, depois vai ficar com você", sim, acreditem, Dora para a família Golfeto é tipo um objeto: "agora fica com a gente, depois você pode levar". Daí eu disse que isso era absurdo, ele perguntou se eu iria tentar reverter a guarda: "Claro". Então respondeu que dessa forma, continuaríamos brigando. Sim, inimigo com quem dormi, continuaremos brigando até Dora crescer e, tomara, superar tudo isso. Ainda brinquei da minha forma irritantemente irônica: "Podemos combinar como vai ser o casamento. Você entra na igreja e eu vou na festa, que não gosto muito de padre mesmo".
  Então, o ser superior levantou-se e partiu, carregando todas as bolsas da tal advogada bizarra. Nesse momento senti pena daquela figura longa e magra (sim, ele me  pareceu muito magro). Se for verdade que ele mudou para Ribeirão Preto, deve ser extremamente frustante para um ator cheio de  ego, cosmopolita, voltar a morar na casa dos pais, com essa idade, depois de mais de 15 anos de São Paulo. O sentimento de vitória por ter a "posse" de Dora, já deve estar passando após 6 meses, agora deve estar sobrando o vazio de não ter mais a vida paulistana.
  E logo mais terei minha primeira conversa com Dora, após quase 6 meses. Passei o dia muito ansiosa, mas, para relaxar e dar muitas risadas, almocei com meu amigo positivista, o carismático e talentoso ator, André Corrêa. Não nos víamos há 5 anos, como acontece com todos os grandes amigos, parecia que nos vimos ontem. Ele ainda me acompanhou até a agência, para tomar um café. Como é bom ter um amigo como o André, estava com tanta saudade e nem sabia! Depois conto como foi com Dorinha.

3 comentários:

  1. Muito melhor que nada!!!!
    Aproveita!!!!
    Continuo torcendo, e muito!!!
    Beijos!!!

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  2. vitóriaaaa! saboreie porque é a 1a de muitas, afinal o vínculo mãe-filha é maior que tudo e a vitória final será do AMOR!
    continuamos torcendo, beijos pra vc, Mimi e manda um beijo nosso pra Dorinha por skype! (cara, que feliz de poder dizer isso! e logo mais vai ser: "manda um beijo aí pra Dorinha ao seu lado!")
    :)

    Gab

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  3. Caraca, amei!!! manda um beijo e um abraço muito apertado pra Dora. Estou com muita saudade. Com vcs sempre.

    Com amor!

    Évanes

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