segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Gaba Gaba Hey!

   Dia desses fui no Ramones Cover com meu primo Oswaldo Gonçalves Jr. De jeans, camiseta e tênis, como se deve ir num show de rock.  Vi os Ramones em duas de suas despedidas no Brasil. Um dos shows foi dos mais memoráveis da minha vida (e olha que já fui em muitos extraordinários). Saí do Olímpia, famosa casa noturna paulista, após uma hora e meia dos 3 acordes mais famosos do punk rock, pulando sem parar, no estilo one, two, three, four do Joey Ramone. Ainda anestesiada (e sem aditivos) do show derradeiro da banda, encontro meu amigo Tiko Rocha. "Dri, vamos no Aeroanta, vai ser o lançamento do CD dos Raimundos". O ano era 1994. "E vai ter uma banda do Rio abrindo".
   Seguimos eu, Tiko e mais alguns amigos. Amava show no Aeroanta. De qualquer lugar dava para ver o palco. Reencontro várias pessoas que estavam no Ramones e outros amigos que não conseguiram ingresso. Uma verdadeira celebração. Entra a tal banda do Rio: Planet Hemp. O que era aquilo? Ninguém conseguiu ficar com os pés no chão. E aquelas letras de total apologia ao uso de cannabis sativa? Não tem mais censura nessa terra, não? Enfim, era música da boa para ouvidos ávidos por novidade e coração já curtido em batidas rock.
    Mal deu tempo para a água e entravam os Raimundos, com Rodolfo - o vocalista - na sua melhor forma, definida em sua barriga de "tanquinho". Para delírio absoluto de todos que estavam no local, entra Dee Dee Ramone, dando uma palhinha em... Ramona. Foi ou não uma noite de show para entrar na história da minha vida? Depois dessa maratona rock só pude agradecer às deusas das águas. Não fossem as águas não estaria preparada fisicamente para tanto!

   E ter ido nesse Ramones Cover me mostrou que a veia rock está aqui, pulsando sempre. A veia punk lateja. Fiquei duas horas lá na frente, só eu e mais uma garota no universo ainda de maioria masculina. Todos na dança de chutes e socos em que ninguém se machuca. Se acertar, não dói. Se cair, levanta, com a ajuda da mão que te derrubou. Um menino de 6 anos, com camiseta do Ramones, sabia as letras, subia no palco e se jogava (mosh). Conheci o pai dele depois, parecia um garoto de 18, mas tinha 33. Quando enfim, duas horas depois tudo termina, aproxima-se de mim meu contemporâneo amigo Elson Maceió: "Adriana, eu vi uma garota pulando o tempo todo e pensei 'como é bom ter 20 anos'. É você!".
  Sim, a energia do rock e das pessoas dançando e cantando na mesma vibração é restauradora. Sinto-me mais forte, mais feliz, sinto-me viva da forma efêmera que a vida é. E imagino duas adolescentes que gostam de rock, indo em shows, dançando, vibrando... e eu do lado delas, sempre. Não me imagino como a mãe que leva a filha e pega na saída do show. Não, eu estarei lá, cantando e pulando com elas. Mesmo com 80 anos, ao ouvir os 3 acordes, estarei de novo no eterno Teen Spirit.

Nenhum comentário:

Postar um comentário