sexta-feira, 26 de abril de 2013

Filmes que Só Agora Vi

  Talvez seja o estado de espírito, talvez o período pré-menstrual que me deixa mais sensível, acontece que tenho visto alguns filmes que me tocaram profundamente, daqueles que são tão tristes, que se tornam até alegres. Filmes que não vi na época do lançamento e fui deixando passar, porque não tenho mais tempo de ser a cinéfila que já fui. Dia desses vi A Troca, dirigido por Clint Eastwood, estrelado por Angelina Jolie. Comecei assistindo sem muita pretensão, pensei que era sobre troca de crianças, poderia me comover um pouco, mas nada que me abalasse os pensamentos. Sabia que era baseado em fatos reais, o que torna tudo mais doloroso.
   Daí a mulher, pobre mãe solteira, em plena década de 20, sofre uma imensa injustiça por parte das autoridades que deveriam defendê-la e defender seu filho. É internada compulsoriamente num manicômio, luta desesperadamente para encontrar seu filho. Tudo poderia ter dado em nada e a moça ser mais um número do Poder Judiciário. E seria, se tivesse lutado sozinha. Mas na vida ninguém faz nada realmente revolucionário se estiver sozinho. Então um reverendo, brilhantemente interpretado por John Malkovich, que tem um programa de rádio onde denuncia a corrupção da polícia, abraça sua causa. Vê nesse erro cruel a oportunidade de acabar com a impunidade e apontar todos os absurdos feitos pelo Sistema Judicial.
   Chorei muito vendo esse filme. As relações são óbvias: internação, injustiça, luta contra o sistema e o que mais me emociona, a solidariedade de pessoas estranhas com sua causa. Acontece muito isso, a ajuda vem de onde você não imagina, nem espera. A mãe também contou com o melhor advogado de Los Angeles para processar o Estado, que pegou a causa pro bonus (sem cobrar nada). Venceu! Seu filho já estava morto, assassinado por um serial killer. Nada o traria de volta, nada apagaria sua dor. Mas sua luta não foi em vão. Ela não era a primeira, nem a única, mas tentava ser a última a sofrer com a indiferença das autoridades. A história é tão atual que transformou-se em filme quase 100 anos depois. Porque injustiças continuam acontecendo e vão continuar enquanto houver mundo.

    Daí, num sábado chuvoso, começo a ver 50%, o filme mais contundente sobre câncer que já vi, também baseado numa história real . O protagonista é um ator que adoro, Joseph Gordon-Lewitt. Assisto muito filmes por conta dos atores. Já trabalhei na assessoria do Hospital do Câncer, entre outras experiências diretas com  a doença (mães de amigos, amigos), por isso já sabia que seria afetada, mas segui vendo o filme, delicado, sensível, sem ser piegas, sem querer arrancar choro, ao contrário, me trazia mais sorrisos do que lágrimas, apenas porque mostrava o que é amizade, esperança, luta, desistência, resistência, força, amor e sobretudo, vida! Era um sábado de chuva e preferi não sair. Depois desse filme preferi ler mais, mandar mensagens para pessoas que importam na minha vida, resgatar as amizades mais sinceras e duradouras. E lembrar do meu pai, porque o cara com câncer era filho único e seu pai sofria do Mal de Alzheimer. E sua mãe, a sempre perfeita Anjelica Huston, dividia-se entre os cuidados permanentes do marido, com o distanciamento crescente do filho.
http://youtu.be/dAykqVD5n0U
   
   Por fim, e nem  pretendia que isso fosse uma trilogia, numa dessas noites de insônia, peguei o começo de O Júri (2003). Baseado no livro de sucesso de John Grishan, pensei ser mais um daqueles thrillers de tribunais, que gosto muito. E era protagonizado por John Cusack (a história de assistir filme por conta dos atores). A guerra era entre Davi e Golias. Uma viúva resolveu processar uma fábrica de armas pela morte do marido. Os advogados representantes da empresa possuem um esquema de selecionar, chantagear e manipular o júri. E o protagonista parece o anti-herói, chantageia ambos os advogados, parece não ter ética, nem moral, consegue manipular todos os jurados, engana o tempo todo, mas não consigo não torcer por ele. Já que tudo é um jogo mesmo, que vença o mais inteligente e simpático...
   Daí tudo vai ficando mais emocionante, perigoso e dramático. E quando você não acredita mais em nada e nem tem esperança que o bem vença no final, eis que o anti-herói é mais um idealista revoltado com o sistema. Um advogado desiludido com sua profissão. E por pensar que isso até deve existir de verdade, me vi chorando no final do filme. Talvez eu no fundo acredite que o bem acabe vencendo o mal e que as pessoas de boa vontade e corajosas, unidas possam mudar o mundo.
   Talvez eu continue sendo uma romântica, rebelde e idealista. Talvez, só talvez.

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