terça-feira, 8 de outubro de 2013

Um Texto Por Dia

    Me sinto muito lisonjeada quando gostam do que escrevo. Só de lerem já fico feliz. Quando comecei esse blog foi por catarse, uma forma de extravasar minhas frustrações, dividir minhas angústias, angariar simpatizantes da causa. Não imaginava que tomaria proporções maiores, gigantescas, que eventos do meu cotidiano, crônicas tão simples, conquistassem pessoas em todo o mundo. Não é exagero. Há um marcador de estatísticas na administração do blog, que acesso com frequência para saber quais os posts mais lidos e o público.
    Os cinco continentes estão lendo. No início eram EUA, Portugal e Chile. De repente a Europa foi tomada e a Alemanha já passou o Chile. A Rússia acelera e já está entre os cinco países que passam de mil leituras. Vejo mesmo como uma competição, não adianta, tenho esse espírito competitivo. tem gente que me lê na China, Japão, Austrália, vários países africanos e agora... a Sérvia. Alguém me descobriu na Sérvia e lê todos os dias. Isso é muito gratificante, dá vontade de escrever sem parar.
    Então recebo muitos elogios acerca do meu talento. Não sou modesta, muitos já sabem, mas a verdade é que tenho muito mais prática do que talento. Comecei a escrever ainda criança, tinha cadernos repletos de poesias e histórias que pretendia transformar em peças infantis. Aos 11 anos comecei a escrever um diário. Escrevia para mim mesma, mas nunca o que comia ou o que vestia. Escrevia sobre acontecimentos e pessoas importantes do dia. As pessoas e suas histórias sempre me fascinaram. Escrevia sobre descobertas, sentimentos, amizades, viagens, filmes, primeiro amor. Não esperava vir a inspiração, simplesmente escrevia, todos os dias. Ser filha única ajudou, ficava muito tempo sozinha. Ainda bem que gostava muito da minha companhia e de escrever para mim mesma. Às vezes arriscava mostrar meus textos para a melhor amiga, Rosane Mendes. Ela gostava de tudo e eu tinha dúvidas se gostava mesmo ou era pela amizade. Hoje tenho certeza da crítica sincera.
    Não por acaso escolhi o Jornalismo, com letra maiúscula mesmo, não pretendia escrever por vaidade, queria ajudar as pessoas com informação, transmitir opinião, desmascarar fraudes. Idealismo puro, claro, se não perseguir nossos ideias aos 20 anos quando perseguiremos?
    Em jornais diários eram até três textos por dia. Chamávamos de pastelaria. Nem sempre era um tema que eu dominava, então dava mais trabalho, era preciso entender para disseminar a matéria. No Diário do Grande ABC algumas pessoas me inspiravam muito. Sérgio Duran e Rafael Guelta mais do que todos. Sérgio escrevia sobre teatro de um jeito tão informativo e lúdico, mesmo após 10 horas de trabalho ininterrupto. Um verdadeiro operário das letras e da cultura. Rafa transmitia informação cheia de opinião, mesmo assim conseguia ser imparcial. Tentava fazer parecido. Ainda tento. Tinha também Marcelo Mazuras, que alfinetava políticos na coluna social, em textos de, no máximo, 10 linhas. Precisão e objetividade.
  
    Li um livro há uns dois ou três anos, Fora de Série - Outliners (Malcolm Gladwell), que conta o "segredo" sobre como as pessoas alcançam o sucesso, de celebridades a pessoas comuns. Foi uma pesquisa muito bem feita para realizar o livro. A conclusão é de que não basta ter talento, são necessários vários fatores para ser excelente: amigos, família, local de origem, época em que vivem, incentivo - tipo estar no lugar certo, na hora certa. Mas, principalmente, precisa de prática, muita prática. O autor afirma que para  ser bem-sucedido em qualquer atividade é necessária uma prática de 3 horas por dia, durante 10 anos. Ninguém chega no topo sem esse tempo. São 10 mil horas de prática.
    Um dos exemplos é Bill Gates, que aos 19 anos criou a Microsoft, desde os 13 era um nerd que ficava horas diante do computador, certamente passou das tais 10 mil horas. Os Beatles só obtiveram projeção após 2 mil shows. Será que Madona seria Madona se não fossem os anos 80? O livro não é de auto-ajuda, mas ajuda a refletir sobre nosso empenho no que acreditamos ser a nossa vocação. É assim em todas as áreas, nos esportes, artes, engenharia, física, gastronomia, carreira acadêmica.
   Por isso me sinto muito agradecida pelo tanto de leitores que esse singelo blog atinge, agradeço todas as pessoas que se identificam com minhas palavras e histórias. Conheço gente, suas histórias, virtudes, incapacidades e talentos desde que nasci. Tive um pai que me estimulou muito a ler tudo que era bom. Tive ótimas professoras de português, amigos incríveis. Não é só talento, eu pratico a escrita há 35 anos! O que no final, me torna  uma medíocre...mas sigo tentando.

    

2 comentários:

  1. "se não perseguir nossos ideias aos 20 anos quando perseguiremos?" shorando hasudhiush

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    1. Então trate de perseguir Ananda.... embora eu tenha ouvido por aí que os 40 são os novos 20, então, ainda tem bastante tempo! Bjs

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