terça-feira, 23 de setembro de 2014

Carta Aberta ao Jornalista Caco Barcellos e Equipe

    No dia 1 de junho de 2011 escrevi um texto chamado Profissão Repórter: Novela ou Jornalismo, logo após a veiculação da matéria que expunha minha filha durante sua busca e apreensão na escola, na cidade de Santos. A tal matéria foi feita de forma muito esquisita. A repórter Eliane Scardovelli fazia a minha parte e Gabriela Liam do pai, Jonas Golfeto. Fique claro que a equipe foi chamada pelo próprio pai, que não hesitou em gravar o momento traumático na vida da filha. E a equipe assim o fez, seguindo um roteiro, como se fosse novela ou cinema.
   O que eu pergunto ao jornalista Caco Barcellos é qual a motivação para tal matéria? Nela não mostrou a entrevista com minha amiga Claudia (falecida há 1 ano e 8 meses), nem a entrevista com a filha dela, Raquel, que era a melhor amiga da minha filha e sofreu muito com a separação. No mesmo programa mostraram um pai boliviano, que fugiu com a filha brasileira para a Bolívia. Mostraram vizinhos e familiares dizendo o quanto era ótimo pai e amoroso. A mãe? Foi tirada até de garota de programa. Gabriela Liam agora está na equipe de Encontros, com Fátima Bernardes. Ora, adoraria ser chamada para esse programa com minha filha. Gabriela Liam, jornalista imparcial, deveria propor tal pauta: Encontro entre mães e filhos separados pela Justiça.
   Mas o que quero dizer para Caco Barcellos é que sua irresponsabilidade em editar de forma torpe tal matéria causou imensos danos morais, financeiros e físicos em mim e, muito provavelmente, na mãe que teve sua filha levada para a Bolívia. Quero que saiba que esse programa fez com que muitas pessoas que admiravam seu trabalho, passassem a desprezá-lo. Soube por amigos que trabalham na Rede Globo que esse programa fez muita gente olhar torto para seu trabalho. Colegas da emissora, inclusive.
   Gostaria de pedir que faça um jornalismo verdadeiro e mostre como está tudo agora, 3 anos e 7 meses após a busca e apreensão da minha filha. Nesse tempo só pude vê-la em dezembro de 2012, no consultório do avô psiquiatra infantil José Hércules Golfeto, com advogadas e segurança na porta. E com Jonas Golfeto do lado de fora. Isso porque foi um acordo. A única audiência deste processo aconteceu no dia 2 de agosto de 2011 e todas as propostas aceitas por mim, não foram cumpridas por Jonas Golfeto, o mesmo que vocês seguiram até Ribeirão Preto, para onde levaram e mantém até hoje minha filha. Depois o pai mudou de ideia e não pude ver mais, só 4 meses depois, dentro de uma sala de fórum, por 2 horas e meia, com psicóloga monitorando.
    Com muitos agravos, recursos e apelações depois, consegui uma sentença para vê-la, há dois finais de semana. Mas o advogado de Jonas Golfeto, Danilo Murari Finestres, o orientou (e também aos avós, donos da casa onde minha filha mora e mentores mentais e financeiros disso tudo) a não estar na casa no horário combinado. Fui lá e a casa estava vazia. Nem pude chamar a polícia para efetuar a ordem judicial. Não vejo minha filha desde dezembro!
    Seria imensamente produtivo e esclarecedor que o jornalista Caco Barcellos e sua equipe retomassem essa história e mostrassem como age por vingança a outra parte, como os entraves judiciais mantém uma filha órfã de mãe viva por quase 4 anos. Isso seria de grande utilidade pública, ao contrário do que vocês exibiram em 2011.
    Assim como no caso da Escola Base, muitas vidas estão sendo destruídas pela afobação, falta de sensibilidade e falta de apuração jornalística. Ainda lembro de Eliane Scardovelli dizendo que eu estava desesperada por não saber da minha filha e você, Caco Barcelllos, disse um não cuspindo de ódio. Não sei de onde vem esse seu ódio por mulheres (a outra mãe foi tratada como garota de programa enquanto o pai fugitivo era só um pobre desesperado em ficar longe da filha). Talvez, uma suposição de quem vive esse tormento há anos, você tenha sido afastado de algum filho e pensa que todas as mulheres são iguais. Talvez tenha um ódio crônico das mães. Não sei o que o motivou fazer um programa que só mostrou briga e minha filha chorando. Talvez fosse interessante mostrar como funciona a Vara de Família e todos os casos de mães e filhos afastados por burocracia. O mal intencionado sempre leva vantagem no judiciário. 
     Que tal procurar a mãe de Santa Catarina e saber se tem notícias de sua filha? Que tal procurar Jonas Golfeto e seus pais e perguntar o que eles pretendem com tudo isso? 
      Sei que nunca terei respostas de um jornalista que se considera referência e que não deve explicação a alguém como eu. Afinal, Caco Barcellos, quando um amigo em comum, perguntou em um jantar na sua casa, sobre o programa (não disse que me conhecia, apenas queria saber mais sobre o que você pensava) e sobre mim, sua resposta cruel foi: É uma drogada que perdeu a guarda da filha! Depois disso até essa pessoa perdeu qualquer admiração por você (nunca direi o nome porque o bom jornalista jamais revela suas fontes). Primeiro, sr Caco Barcellos, nunca fui drogada, o mais perto que cheguei de drogas, foi assistir ao seu programa. Segundo, sr Caco Barcellos, toda a criança tem direito a ter pai e mãe, mesmo que sejam drogados ou presidiários. 
     Enfim, ficam aqui minhas singelas sugestões de pauta. Para Gabriela em Encontros e para sua equipe fazer a coisa certa, ao menos desta vez.
     
    

sábado, 13 de setembro de 2014

"Sabe que isso não vai dar em nada"

    Hoje era dia de visita. Minha advogada conversou ontem longamente com o advogado da outra parte, Danilo Murari Finestres. Mesmo já tendo recorrido, entrado com agravo e apelação, provavelmente tendo lido de trás para frente e de frente para trás a sentença, disse que entendeu outra coisa. Que essa visitas deveriam ser monitoradas por psicóloga e só ocorreriam no ano que vem. Enfim, o advogado ajuda o cliente em seus interesses, como deve ser, já que é pago para isso. 
   Minha advogada disse para eu nem ir porque ou não estariam ou não deixariam, teria de chamar polícia e tudo isso. Ela é do tipo que pensa na criança, não na cliente. Sei o quanto minha filha ficaria irada ou envergonhada ou sei lá porque não sei mais nada dela.
   O advogado da outra parte só pensa no vil metal. Tanto que até desistiu de me cobrar judicialmente a dívida que só aumenta e sua maior preocupação no papo com minha advogada foi sobre negociar o que devo para ele. O cara está sendo "legal", disse que nem quer cobrar juros, só os 15 mil, porque eu tinha dividido em 16 parcelas de mil, paguei a primeira, lá nos idos de 2011, quando pensei que minha filha estaria em São Paulo com o pai (afinal Jonas Golfeto morava desde 1994 em São Paulo e sempre odiou Ribeirão Preto, costumava dizer que era uma província com mania de megalópole). Mas mandei um email para ele, me desculpando, porque os outros 15 mil seria o que eu gastaria viajando toda hora para Ribeirão Preto. A verdade é que ninguém vai preso por dívida nesse País, muitas vezes nem por crimes hediondos.
     Enfim, eu, Paola, que havia acordado 5h para fazer seu treino e correu "só" 20km (o total era 30km, mas o calor aqui está muito insuportável), descansou um pouco, tomou um banho e nem almoçou para poder estar comigo lá, às 14h. E lá estávamos nós e Miranda na frente da casa dos avós, José Hércules Golfeto (o tal psiquiatra infantil de metodologia duvidosa) e Ed Melo Golfeto (psicóloga, finalmente aposentada). Não havia sinal de vida, nem carro na garagem. Suponho que Danilo Murari Finestres tenha orientado a família a sair de casa antes do almoço e só voltar à noite.
     Fomos na delegacia fazer um Boletim de Ocorrência. O escrivão disse: "Você veio até aqui para ver sua filha e sumiram?". Sim e coloquei lá que o cara é ator, nome dos avós, data de nascimento do genitor e endereço. Mostrei a ordem judicial. Perguntei se isso é motivo de ordem de prisão. Ele me olhou sorrindo: "sim, mas sabe que isso não vai dar em nada, nesse País você pode matar e se não for pego em flagrante e se entregar em três dias, responde em liberdade". Sim, senhor escrivão, eu sei bem como NÃO funciona o sistema judicial brasileiro.
     O que faço agora? Levo esse BO para encher ainda mais os 10 volumes de processo. Não vai dar em nada. Amanhã eles vão sair de casa antes das 9h e voltar depois das 19h. Agora vai ser assim, a cada 15 dias desaparecem. Como vive com tamanha infelicidade essa família? 
     Tem uma tia avó, a única irmã do avô que é evangélica, ela diz que quando eu aceitar Jesus no meu coração tudo vai mudar. Olha, tia, quem tem que aceitar Jesus é essa família Golfeto. Temo muito que minha filha fique igual a eles. O DNA ela já tem, a convivência também...
      E assim continua a saga sem fim. Sem fim? Acho que já deu pra mim.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Alienação Parental Concluída

   Então eu decido mudar de cidade, mudar a vida e mudar tudo, só porque saiu uma sentença em junho, de que eu poderia pegar minha filha Dora em finais de semanas alternados, sábados das 14h às 19h e domingos das 10h às 16h. Se tudo der certo, se eu não surtar ou coisa parecida, a partir do próximo ano posso então passsar a noite com minha filha. A outra parte, Jonas Golfeto, claro, achou isso uma ofensa. Então seus advogados Danilo Murari e sua mãe Ana Maria Murari, recorreram dessa sentença. O juiz respondeu antes do que eu pudesse imaginar. Daí os ávidos advogados, especialistas em separar mãe e filha, recorreram. O juiz respondeu a meu favor. Mas eles entraram com agravo. Depois apelação. Mesmo assim não houve jeito.
    O juiz, talvez começando a entender que alienação parental existe e que está sendo executada por essa família de advogados e seu cliente, determinou que as visitas fossem feitas, com pessoa indicada por mim, já que a outra parte exige uma psicóloga e não indicou ninguém no tempo determinado. Então, eu aqui em Ribeirão Preto, estive ontem no Fórum com minha amiga Paola Miorim, indicada por mim. Ela assinou o termo de responsabilidade e será a pessoa que acompanhará as tais visitas. A sentença é clara: se o autor (Jonas Golfeto) não indicar alguém no prazo de 15 dias, a pessoa que eu indicar estará valendo. Mais de 70 dias depois, vou ao Fórum com Paola, para assinar o termo de responsabilidade. Ela irá comigo buscar e entregar Dora (assim mesmo que a Justiça trata, como se fosse um objeto).
    Então Giovana, filha de Paola, amiga virtual de Dora (já que o pai não deixa elas se encontrarem porque essa menina adorável de 12 anos é filha de minha amiga, portanto perigosa), manda uma mensagem feliz, pois as duas iriam se encontrar nesse final de semana. Mas Dora reluta, diz que não será possível porque o pai não está sabendo de nada, que não é assim e que ela tem outros planos para o final de semana. Há quase um ano sem ver a mãe, a mãe nem importa tanto. Sei como é, não fazemos mais parte uma da vida da outra. Nem faz falta, nem tanta diferença...
    Não quero colocar crianças nas brigas dos adultos. Não quero falar de termos judiciais com minha filha que não vejo desde dezembro. Mas é a única forma de explicar o que está acontecendo. Minha vontade é mandar a sentença pra minha filha. Mas teria de traduzir o juridiquês, isso só seria possível pessoalmente. E esse encontro parece nunca acontecer.
      Minha advogada, Lucélia Nunes, fala por telefone com Danilo Murari. Ele quer saber quem é Paola, diz que não posso encontrar nesse final de semana (nem com ordem judicial), que talvez no próximo, e exige que Paola busque minha filha e que fiquemos na casa dela, mais que isso, diz que Jonas é quem irá buscar e levar e que nós iremos ficar na casa, sem sair. Caramba! Mas o juiz deixa claro que eu vou para onde eu quiser, só tenho que respeitar os horários, nada mais. Como assim vou obrigar minha amiga a passar os finais de semana com suas filhas, presa em casa?
    Então o "doutor" (só considero doutor quem tem doutorado) Danilo Murari diz que separou-se e agora tem uma namorada que leu meu blog e o questionou sobre esse seu esforço em separar mãe e filha. Que pena que ao dar "um google" em seu nome é no meu blog que vai parar.  Que pena que sua única explicação seja "tenho que defender o interesse do meu cliente, mesmo que isso seja separar por 4 anos mãe e filha e irmãs". Que bom que essa namorada leu meu blog. Tomara que ela pense 1.574 vezes antes de ter um filho com esse homem. Se ele faz isso, não será diferente com seus próprios filhos. Tomara que essa gente não procrie. Ghega de Muraris no mundo!
    Ah, sim, ainda devo 15 mil reais para esse "doutor". É o fim ter de pagar para quem só me ferra, para quem acaba com minha vida e saúde. Tenho muitas dívidas a serem pagas na frente.  Pega uma senha e espera "doutor". Até perguntei para minha advogada se no caso da minha morte a dívida fica para outra parte. Não, a dívida morre comigo. Então, doutor Danilo Murari, torça para que eu tenha uma vida longa e próspera, e pare de ajudar seu cliente na alienação parental, quem sabe assim eu consiga viver e trabalhar em paz e ter 15 mil para te pagar. E que todas as suas atuais e próximas namoradas leiam esse blog e questionem seu caráter. E que nenhuma mulher em sã consciência tenha um filho seu. Ela perderia a guarda do filho no caso de separação, certamente.
    Amanhã é meu dia de visita. Mas sei que não vão deixar. Estarei lá com minha amiga Paola Miorim, que já passou por tantas nessa vida, que nem se importará se tiver que ligar 190 para realizar a visita. Não tive irmãos, mas a vida me presenteou com amigos que são mais que irmãos. Daria a vida por eles porque eles dão a cara, o nome, o tempo,  o currículo por mim.  

   Aluguei um apartamento em Ribeirão Preto, mas se essa visita não acontecer nesse final de semana eu desisto de tudo. Posso escrever de qualquer lugar e vou ser feliz em Paraty, um lugar que é pura inspiração literária.
  Não queria desistir da minha filha, mas gente como Jonas Golfeto, Danilo Murari e sua mãe Ana Maria Murari, tão nefastos e aplicados em separar mãe e filha e irmãs, me fazem desacreditar da humanidade. Uma pessoa nefasta é capaz de fazer um estrago que nem mil pessoas boas conseguem consertar. Cansei de sofrer, de tentar e não conseguir. Tem muita criança órfã louca para ter uma mãe como eu. E meu amor é tão grande que não precisa ser filha biológica. Minha filha vive bem sem mim. Não fazemos mais parte uma da vida da outra. Parabéns advogados do mal, vocês são excelentes, a alienação parental foi concluída.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Os irmãos Leplus

   Um amigo meu, Paulo Ornelas, me chamou para o projeto de um livro: a biografia de Alain Leplus, um francês, ex-jogador de rugby, grande divulgador do esporte no Centro-Oeste e conhecido por várias gerações de rugbiers. O problema era que eu nada sabia sobre esse esporte. Paulo é ex-jogador, tem a revista Rugbier e seus dois filhos também jogam. Teria quem me ensinasse. Assim aceitei mesmo sem saber as regras do jogo, porque gosto de biografias e de atletas. Como disse meu grande amigo e quase irmão Angel, estou me tornando uma biógrafa de atletas.
    Então fui para Cuiabá no final de maio conhecer Alain. Mas antes fico sabendo que outra jornalista escreverá comigo, por sugestão do próprio biografado, já que está na mesma cidade e tem muita amizade com os irmãos Leplus. Alain mora com o irmão Michel, fotógrafo e apaixonado por rugby. Não conhecia a jornalista Flavia Salem e mesmo que tivesse idealizado uma parceira perfeita, não teria tanto sucesso. Quando bati os olhos em Flavia, em sua sala, no jornal Circuito Matogrossense, a empatia foi imediata. Nos identificamos em praticamente todas as coisas, no envolvimento cultural, preocupação social, adrenalina jornalística, nas músicas, nas escritas.
   Para começar a entender um pouco de rugby fiz um intensivo assistindo a final da Liga Europeia na casa dos irmãos Leplus e com Paulo. Sem vergonha de ser uma leiga no assunto perguntava tudo e mais um pouco. Por sorte estava no time francês o ícone Sebastien Shabal. Daí comecei a entender o espírito do jogo. Impossível não comparar ao futebol, que me envolveu por um ano e meio, no projeto da biografia de Djalma Santos. No futebol cavam-se faltas. No rugby os caras jogam sangrando e fazem seus próprios curativos. No começo achei confuso, depois comecei a torcer. Sou torcedora, não consigo apenas assistir.
   Após esse jogo na TV fiquei entrevistando Alain e me apaixonando por sua personalidade meio porra-loca, divertido, que destila ironia e simpatia. Me deixou super a vontade para perguntar qualquer coisa. Depois fui assistir um jogo entre Cuiabá e Campo Grande. Após o jogo houve o famoso terceiro tempo, uma festa entre os times. Entre titulares e reservas, mais de 50 jogadores na casa dos irmãos Arruda (quatro irmãos enormes que jogam no mesmo time). Perguntei para a mãe deles se era sempre assim. "Hoje são só dois times, imagina quando são quatro". Nossa, como é bom esse clima de confraternização entre atletas. Havia algumas jogadoras também, mas o feminino ainda está começando por lá. O treino é forte, exige muito. O patrocínio é pouco, como para a maioria dos atletas brasileiros.
   Os irmãos Leplus foram uma viagem até a França sem sair do Brasil. Seu modo de encarar a vida, a visão política, seus vinhos, seus sucos de uva (produzem o suco Melina, uma delícia, diga-se de passagem) me fizeram ter mais vontade de conhecer a França. Conversar com os dois também foi um exercício e tanto, tamanha discrepância das personalidades. Alain é o relaxado (no bom sentido), sorridente, tirador de sarro e Michel é sério, meio emburrado, pontualíssimo e parece estar sempre apressado. Ambos são muito inteligentes, simples e hospitaleiros. 
    Claro que ao falar da infância emocionaram-se e quase me tiraram lágrimas. Tento muito ser profissional o tempo todo, mas em biografia chega a ser impossível, não há como não me envolver nas histórias, se assim fosse, talvez o trabalho não ficasse bom. Sou uma contadora de histórias e quando a história é boa, quero deixá-la ainda melhor.

   

Os presentes de Cuiabá

    
     Alguns capítulos prontos e voltei para Cuiabá semana passada. Na primeira noite fui ao bistrot Casa do Parque, da Flavia. Um lugar lindo, elegante e direcionado para eventos culturais: exposições, shows, lançamentos de CDs, livros. Era um jantar fechado para jornalistas e Lucinha Araújo, a mesma que me fez chorar lendo as Mães São Felizes. Mas conhecer Lucinha não foi a grande surpresa da noite, pois quando Flavia me convidou, já sabia que a conheceria. Lá também estava o agitador cultural e visagista Celinho, como se fosse um amigo de infância que reencontrei por acaso. Acho que temos muitos irmãos espalhados pelo mundo esperando o reencontro.
   Livro elaborado, fotos escolhidas, novas fotos feitas, entrevistas complementadas, passamos a falar de um novo projeto. Por algum motivo místico e óbvio, sabia que nossa dupla não ficaria "apenas" em um livro.
       No almoço do dia seguinte fomos ao restaurante de um amigo de Flavia, no final, fui apresentada como jornalista de São Paulo e escritora. Então Renato de Paiva Pereira, o proprietário, me deu um livro seu, o primeiro de ficção. Adorei o presente, disse que leria no aeroporto e no avião. O Diabo Vai ao Céu me fez rir alto, são crônicas curtas, cheias de deboche sobre a sociedade moderna, histórias hilárias de um caipira. Quero muito que Renato saiba o quanto gostei de seus escritos. Em um dos textos ele se dirige ao leitor, como "meu único leitor ou leitora". Achei isso genial. Alguém com uma narrativa tão envolvente quanto simples, assim tão desprovido de qualquer vaidade intelectual. Alguém que se diz um caipira da terceira idade, mas que tem um texto absolutamente contemporâneo.
    
    E agora fico assistindo videos de rugby, escolho fotos de Alain nas várias fases da vida, penso em aprender francês. Tento selecionar com Flavia as melhores de tantas histórias de vida, já que o livro não passará muito de 200 páginas de texto, com muitas fotos. Mania que eu tenho de escrever tanto. Se eu perguntasse menos não teria a dor de excluir texto que considero bom e relevante. Queria contar todas as histórias de todas as pessoas que conheço. Mas ainda tenho a sorte (não sei se a palavra é essa) de encontrar figuras tão inusitadas como os irmãos Leplus, com uma vida tão rica.
    Antes e depois de Cuiabá estive em Brasília. Fui com Miranda para o aniversário de Rudá, filho de seus padrinhos Angel e Gab. Mas essa é outra linda e grande história.