segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Desencanto de Natal

   Enfim superado o Natal. E desta vez passou mesmo tão rápido. Sem consumismo porque quem me conhece sabe que só compro quando estou precisando. Detesto shoppings centers e seu mundo de mentira, quando não sabemos se é dia ou noite. Só encaro mesmo por causa do cinema. E estava tão desmotivada...há muito tempo o Natal não passa de uma data para acelarar o consumo e economia. Mas muito tempo mesmo. Nas poucas vezes que tentei tocar alguém com espírito natalino, aquele papo de Jesus sobre amar ao próximo como a ti mesmo, genorosidade, perdão ou compaixão... não fui feliz.
  Numa delas, talvez a mais traumática, arrumei minha filha de 3 anos num Visitário Público, quente, abafado, insalúbre mesmo, com uma assistente social analisando o banho. Isso eu já contei num outro post Nosso Natal no Visitário Público. Naquela ocasião, 2005, chamei Jonas Golfeto várias vezes, ele nem olhava para trás. Foi preciso que Dora, o avisasse: "Minha mãe está chamando". Virou-se, me olhou com desprezo. Desejei feliz  natal. Fez cara de desdém e foi levando Dora pela mãozinha, que olhava para mim com tristeza. Depois Dora me contou que passou o Natal na casa dos pais da namorada do pai de Dora, na época! Espero que Dora não lembre disso, pois eu, infelizmente, jamais esquecerei.
  Mesmo assim, ontem, dia 25 de dezembro de 2011, ligo para a casa dos avós de minha filha Dora, onde ela reside. O avô atende e diz que "só o Jonas que pode permitir, o Jonas decide, para eu ligar depois e falar com o Jonas." Eu ainda tento argumentar, dizendo, mais uma vez, que Dora mora na casa dele, portanto, claro que ele tem como opinar ou decidir. Se Jonas pegasse a guarda de Dora e fosse morar em São Paulo, como sempre morou, há mais de 15 anos, tudo bem o doutor José Hércules Golfeto não poder opinar. Mas, ora, Jonas pega Dora e leva para morar com os pais dele, em Ribeirão Preto, numa atitude que denuncia sua incapacidade de cuidar de Dora, além de com essa distância geográfica, deixar tudo mais dificíl no âmbito judicial.
   Acho até que Jonas planejou essa ida para Ribeirão Preto para justificar seu fracasso profissional. No futuro, quando questionado sobre porque abandonou São Paulo, o grande centro cultural do País, para viver no interior, voltar para a casa dos pais, aos quase 40 anos, Jonas dirá que foi por causa da filha, que largou tudo pela filha! Jamais dirá que após mais de 15 anos tentando ser ator, não conseguiu, que começou 4 faculdades e não terminou nenhuma, que tentou ser diretor, mas também foi um fiasco. A culpa será colocada em Dora e, consequentemente, será dos avós de Dora, que permitem que essa desumanidade seja feita com minha filha.
  Claro que o avô de Dora sabe de tudo isso, mas não sei se pelo avançar da idade, por ser chato mesmo ou por me achar idiota (talvez até tudo junto), esse avô repete compulsivamente que "não opina, que não manda, que Jonas decide". Que medo! Esses avós que criaram um tirano são os verdadeiros guardiões de minha filha. Eles devem estar deixando Dora fazer tudo o que quer, dar tudo o queira e não queira, como sempre fizeram com o filhinho Jonas. Esse avô ainda me disse que "Dora só acorda meio-dia, está de férias, acorda a hora que quiser!". Sim, Dorinha, melhor você dormir e ter belos sonhos do que passar as férias nesta casa, sem ver a mãe, a irmã, os amigos. Imagino a tristeza de Dora, que agora não tem nem ballet ou escola para distraí-la.
    Esse avô, num ato falho, ainda me diz que "Jonas está aqui, ele decide", ou seja, Jonas não está sempre lá, a estadia dele na casa é um fato a ser destacado, não é comum. Mas Dora vai crescer e saberá de tudo isso, que o pai e os avós não permitiam que falasse com a mãe e os amigos, que o pai bonzinho tentou a destituição do poder familiar da mãe, tirando, inclusive, meu sobrenome do nome dela, meu nome da certidão de nascimento dela.
  Dora irá saber, eles não terão como evitar. Mesmo que eu morra, há uma dúzia de amigos instruídos a procurar por ela e esclarecer todos os fatos. Ela não irá se tornar uma adulta com a história invertida de que a mãe é louca, violenta e agressiva. E que a Justiça tirou a mãe dela. Não, a Justiça tirou porque a outra parte não parou de inventar fatos atuar, encenar... e quando for adolescente então? Mesmo com pais amorosos, presentes e liberais, os adolescentes costumam se rebelar. O que será de Dora quando crescer e ouvir só "não pode" do pai? Sim, tirano e ditador! Que só consegue respeito por imposição e medo. Nunca por amor. Dora compreenderá tudo isso.
    As provas eu tenho: matéria abominável no Profissão Repórter e sentença do juiz que negou a destituição. Mesmo que Dora tenha a ilusão do amor paternal, um dia verá o video do pai insensível, que após 4 anos e meio sem vê-la, chama Rede Globo para filmar a busca e apreensão. Dora se verá chorando, dizendo que não quer ir porque o nobre pai não deixará falar com a mãe, ele responde de forma infantil e egoísta: "Eu sei que você está sofrendo, fofucha, o papai também sofreu muito". Como teve a péssima criação de Ed e José Hércules Golfeto, que sempre lhe atendiam todos os caprichos, Jonas não se importa com a filha, o "pobrezinho" sofreu, que agora a mãe de sua filha morra de sofrimento, não importa se Dora sofre ou não... e esse honrado casal agora ensina o que para minha filha?

   Para completar fui na casa de repouso onde meu pai está há vários meses. Eu não ia lá há mais de 2 meses, as visitas não são todos os dias e só durante a tarde. Mas mais do que isso, o Mal de Alzheimer do meu pai já o deixou em estado restrito. Não reconhece ninguém faz tempo, não reage, apenas vegeta. Mesmo assim, fiquei chocada. Como está com pneumonia e foi levado para o hospital na noite de 24 de dezembro, respira com dificuldade. Meu pai tem pouco mais de 30 kilos, consigo vizualizar todo o seu esqueleto. A pele ainda é jovem, mas tem feridas espalhadas, o que é normal quando a pessoa fica deitada quase o tempo todo.
   Então lembrei daquele homem ativo, de pele morena, olhos brilhantes, sorriso e ombros largos. Um homem que me protegia, que me ensinou tanto do que sei, que me incentivou quando precisei. E também me disse muitos nãos quando os nãos deveriam ser ditos. E esse homem agora está ali, esperando a morte chegar, de forma lenta e dolorosa.
    No fim, o que pensei é que daqui 100 anos, os protagonistas desta história surreal de ódio e vingança, provavelmente estarão todos mortos. Talvez Miranda ultrapasse a barreira dos 100 anos, Dorinha... mas essa é a única certeza. De forma mais rápida e trágica, suave e leve ou como está indo meu pai... todos irão morrer. A vida é curta e os anos passam tão rápido, por que perder tanto tempo odiando e se vingando de alguém?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Vida Musical

  A música sempre teve papel fundamental em minha vida. Assim como alguns sentem-se voltar no tempo com aromas, me vejo em cenas do passado com a música. Hoje me sentia como Rise, do PIL (John Lyndon, ex-vocalista do Sex Pistols). As letras e batidas simples do punk rock sempre me fascinaram, desde a primeira vez que ouvi Ramones. Mas também ouvi muito o progressivo Pink Floid e vários outros estilos de rock. Depois veio a MPB, mas disso falo depois.
   Sempre tive e tenho muitos amigos músicos, já namorei alguns também. Como admiro quem toca qualquer instrumento, porque os sons também tocam demais o coração. De todas as artes, considero música a mais universal. Literatura é uma grande arte, saber escrever e tratar bem as palavras, mas não tenho certeza se consigo me fazer entender para todas as pessoas, assim é nas artes cênicas ou plásticas, mas a música... ah, a música.
   Além do que a música não escolhe cor, raça, faixa etária.... é a mais acessível das artes. Fico surpresa como meus posts musicais são "curtidos" por amigos de todas as idades. Fico feliz mesmo quando vejo Rafa, um garoto de 16 anos, que vi nascer, gostando de rock do bom. Filho de Mariana, que vem de uma família musical, e de Juliano, músico, não poderia ser muito diferente... ainda assim, fico feliz, porque também vejo uma juventude perdida no funk (do ruim) e Rafa Aviz não se deixou levar.
  Só quem nadou 6, 7, 8, 10 mil metros por dia sabe como pode ser tedioso e cansativo contar azulejos. Então a gente colocava uma música na cabeça para dar ritmo e seguia com ela. Por sorte, nos anos 80 tinha muita coisa boa. E foi com essa lembrança que postei Rise, do PIL. Além de me sentir como o refrão da música, que a raiva é uma energia. Sim, uma energia que move e não prostra, como a tristeza. Me dou o direito de ficar triste, chorar e sofrer, mas definitivamente não gosto de me sentir assim. A raiva é muito mais produtiva. Ao menos, para mim.

   E então recebo uma mensagem da querida Renata Morales Banjai (eternamente Renatinha), companheira de braçadas, de mil histórias e de gosto musical. Daí tive a certeza de como a música aproxima as pessoas mesmo. Sei que ela também lembrou com saudade de tudo que vivemos, do sofrimento na água gelada e depois das risadas no vestiário. E que nosso apurado gosto, não mudou. Nós sempre pensamos que crescer com o som dos anos 80 não ia dar em boa coisa, não. Ouvíamos músicas de descrença, protestos, indignação... nos anos 80 até o rock engraçadinho do Ultraje a Rigor era cheio de críticas. Ou vocês pensam que Inútil era só uma brincadeira de falar errado? "A gente não sabemos escolher presidente, a gente não sabemos tomar conta da gente. Inútil, a gente somos inútil". Isso é absolutamente atual! E genial!
  Só sinto nunca ter me dedicado a aprender tocar violão. Talvez ainda dê tempo, sei lá, ao menos algumas músicas para tocar em reunião de amigos. Ainda há tempo para aprender muita coisa, acho que só paramos de aprender quando morremos. Aprendo todos os dias. Minha curiosidade é infinita. Assim como o amor que guardo aqui dentro para quando Dora chegar. Com muita música da boa também.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Escrever Para a Filha Distante

   É como uma data mórbida, o dia 10. No último completou 10 meses que não vejo ou falo com Dora. Continuo ligando compulsiva e insistentemente no telefone da casa dos avós dela. Cai na secretária eletrônica ou desligam, minha esperança é que um dia Dora atenda. Só pra eu dizer "eu te amo, eu e toda a torcida do Santos. E por aqui estamos todos com saudades e nunca ninguém vai te esquecer".
  Eu poderia ter ficado em casa chorando e lamentando o destino que me fez cruzar um dia com um crápula, psico, com tempo de sobra para acabar com a minha vida. Lamentar todas as merdas que fiz por deixar de ser racional. Logo eu! O raciocínio em pessoa! Mas eu não sabia que o amor incondicional muda até o que a gente sempre foi. Eu poderia ter ficado chorando ouvindo minhas músicas tristes. Mas preferi ir ao Ouro Verde F.C. ouvir samba de roda com a velha guarda, três quadras da minha casa. A Miranda, para variar, atraiu todas as atenções, sambou e já estava quase tocando maraca. Musical total essa menina. Inteligente e carismática. Sei lá que dom é esse de ter filhas assim...impressionantes!

  Daí uma amiga, Glaucia Dieguez, disse para eu escrever no meu blog igual à personagem de uma novela, que escreveu por anos para a irmã em coma... não sou de ver novelas, mas fui ver do que se tratava. Sim, se eu ficar anos sem ver Dora ela vai ler o que tem aqui. Por mais que por lá falem sobre sua mãe doente, louca. Dora sempre saberá que tem uma mãe louca sim, louca de amor por ela, que esse amor passa por cima de tudo e é maior que o tempo e a distância que nos separa, por mais brega que isso possa soar...
  Se Dora esquecer das músicas que a gente ouvia, quando ela chegar vou colocar Heroes e Absolute Beginners, do David Bowie, bem alto e vamos dançar e cantar muito. E todos os beijos e abraços que não foram dados nesses quase 365 dias serão tão mais intensos e desejados que vão arder no meu peito. Ela pode até pensar que eu não estou ligando, não sei o que os guardiões dela dizem. Mas ela saberá que fui até lá e chamaram guardinhas do bairro, saberá que na escola dela, Albert Sabin, não me deixaram participar de reuniões, saberá tanta coisa, se é que  já não sabe ou imagina...
  Dora pode até esquecer o que é conviver com os animais, já que seus guardiões nunca tiveram bichos e não suportam muito a presença de cães e gatos, mas saberá que Sofia morreu e que tenho novos habitantes em casa (assunto para outro post). Mudaram a vida de Dora, que não tem nem uma foto da irmã, que não sabe o quanto Miranda conversa, fala e é tão esperta quanto ela. Tiraram tudo o que era sólido na vida de Dora: sua mãe, sua irmã, seus amigos, seus brinquedos, seu quarto, suas roupas, sua cidade.
  Mas o que está dentro da cabeça e do coração de Dora não vão poder mudar. O tempo passa tão rápido... quando ela foi, faltavam 9 anos para ela fazer 18. Agora falta menos de 8 anos e 2 meses... e então seremos todas livres! Tão triste Dora ter ido parar nas mãos de tiranos, de pessoas que não suportam independência e liberdade.
   Tirar a liberdade é como tirar a vida. Matam a mãe de Dora diariamente, matando assim Dora também...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

7 Anos Depois

   Gosto sempre de ouvir música quando escrevo. Gosto de ouvir música sempre, quase o tempo todo. Dia desses queria ouvir Chico Buarque e procurei uma canção dele menos conhecida (por mim). Então fui no youtube e coloquei Você Você, que fez para o neto, que era grudado na mãe e tudo falava "você, você". Daí depois de um ano foi para a creche e o avô perguntou: "O que você faz na creche?". "Espero a mamãe".
  Então chorei muito ao lembrar de quando comecei a visitar a Dora no Visitário Público. Ela morava com o pai, no apartamento da namorada dele, Luciana Viacava. Nos víamos aos sábado e perguntei o que ela fazia lá. "Espero o dia de te ver, mamãe". Depois, quando comecei a levá-la aos finais de semana para nossa casa, fiz a mesma pergunta. "Espero você ir me buscar, mamãe". Então perguntei o que ela gostava de fazer lá. "Gosto quando a Lu conta histórias para eu dormir". "E o papai?" perguntei. "Ele nunca está lá quando vou dormir". O que Dora teve de melhor quando morou com o pai, foi a madrasta! Agora nem imagino o que ela faz, sei que não me espera mais...
   Imagino mesmo que, se em algum momento ela pergunta sobre quando nos verá de novo, a resposta deve ser "quando o juiz deixar". Ah, esse juiz que decide a vida da criança que nunca viu...imagino também que devem dizer que a mãe de Dora é doente, por isso não pode vê-la. Se sou assim tão terrível, como posso ter criado uma filha tão inteligente, disciplinada, afetuosa, amorosa e carinhosa? Nas palavras do próprio avô (tenho o email), "Dora é uma criatura fantástica!". Quem criou essa criatura fantástica?

  E vai chegando o Natal, que aprendi a gostar por causa da Dora. Depois de passar o Natal de 2004 internada numa clínica psiquiátrica e o de 2005 em um Visitário Público, realmente, essa data é só mais uma data para mim. Mas agora tenho a Miranda, que ama o Papai Noel, esse velho batuta, na versão light dos Garotos Podres. E cada vez que olho para Miranda vejo que a vida me deu uma segunda chance. Há exatos 7 anos eu tinha uma criança adorável de 2 anos e 10 meses, morava numa linda casa no litoral paulista, que construí da forma que quis, tinha estabilidade financeira e nenhum processo. Mesmo assim tive uma depressão que, olhando de longe, agora entendo: era minha crise existencial da meia idade! Sempre fui muito precoce... e, aos 34 anos, me vi repensando tudo que havia feito na vida, se estava no caminho certo, me via sozinha com Dora, sem apoio da outra parte, meu pai me esquecendo (era o alzheimer, mas eu não sabia), desilusão com a minha profissão, com as pessoas... e agora? Tenho 7 anos mais, não tenho mais a linda casa no litoral (vendida para comprar um apartamento menor e pagar "o processo"), aquela criança adorável tornou-se uma menina incrível, lá longe, quase um ano sem falar comigo, meu pai que ainda falava, andava e até nadava, agora só olha o vazio. Tenho outra filha sozinha. De 2 anos e 10 meses.
  E mesmo com tudo isso, estou de pé! Vejo Dora em Miranda o tempo todo. Miranda já mostra que adora dança, é inteligentíssima, bem humorada... e ama tanto essa mamãe aqui. E posso ter a certeza que sempre terei Miranda, ninguém vai tirá-la de mim, ninguém! Desta vez acertei. Por mais que não permitam que Miranda fale ao telefone com Dora, sei que uma não esquecerá da outra. Não peço mais por mim o contato telefônico, peço por Miranda... mas não adianta. Ninguém lá vai se importar com a irmã da Dora. Acredito mesmo que o maior desejo daquelas pessoas nefastas seja a nossa morte. Se Dora perder de fato a mãe e a irmã, não precisarão mais mentir ou fazer BOs contra mim ou gastar com advogados. Seria tão bom se não existíssemos, não é família Golfeto?
    Hoje falei com minha amiga Zan Moraes, sobre sua ideia de aproveitar o fim do ano e doar tudo que não usamos mais. Tenho 5 gavetas repletas de roupas da Dora, que com certeza não servem mais. Um armário com sapatos. Os brinquedos estão sendo usados por Miranda, mas as roupas... então tentei separar para dar. Não consigo, eu choro, choro e choro. Eu queria que Dora escolhesse as roupas para doar, como sempre fez. Dora sempre foi tão generosa. Chegou a doar seu brinquedo favorito para o dia das crianças, aos 2 anos, presente do meu querido amigo Marcelo Santos (Mônico), a "Batatinha". Perguntei porque iria dar seu brinquedo favorito. "Porque toda criança vai adorar ter a Batatinha". E deu, e nunca se arrependeu.
    Sei que não deveria escrever o quanto estou triste e sofrendo. Fiquei sabendo que quando escrevo o quão mal me sinto, Jonas Golfeto, o guardião de Dora, fica feliz. Fica visivelmente mais feliz. Como pode alguém ter o poder de destruir tudo o que toca? Esse suposto homem das artes ajudou a montar a peça A Hora da Estrela, texto de Clarice Lispector, em Adamantina. Será que em nenhum momento Jonas fez um paralelo entre a inocência e a pureza da Macabeia com Dora? Será que nem mergulhado nesse projeto teve seu coração de pedra tocado? Isso é muito grave. Como um artista não se emociona, não sente a dor do outro, nem da própria filha? Macabeia reza porque a mãe manda, nem sabe o que é Deus. Assim como Dora, que um dia me disse que não podia me adorar, porque a babá Maria disse que só devemos adorar Deus. Tanta inocência nesse coração tão puro. Por favor, Jonas Golfeto, não destrua isso.
   E eu fui ter uma filha com isso...fiquei totalmente estragada... não tenho a metade da metade da metade do brilho e entusiasmo que sempre me marcaram. Sempre superei tudo com facilidade ímpar. Sofrer de amor? Não mais que uma semana. Demitida? Um emprego melhor sempre esteve me esperando. Mas é muito difícil, quase impossível, superar 10 meses sem contato algum com uma filha. Não sei se um dia vou superar esses 7 anos de processo. Acho que não.