quinta-feira, 31 de março de 2011

Buraco da Saudade

    Há duas semanas o guardião da Dora me mandou uma mensagem sobre nos encontrarmos no Fórum João Mendes, em São Paulo. Eu, ele e Dora. Perguntei porquê um lugar tão cinzento e a resposta seca foi: para você não fugir pela terceira vez. Ok, concordei, eu preciso ver a Dora e levar para ela, no mínimo, o cachorrão de pelúcia que ela costumava dormir abraçada. Também o livro que dei no seu aniversário e que ela leu metade no mesmo dia... a outra metade está aqui comigo.  O encontro ficou marcado para quarta-feira, ontem. Depois remarcado para hoje e, se eu preferisse, em Santos. Claro que preferi, além de ser melhor para mim será melhor para Dora, que verá a praia, nem que seja do alto da Serra, que vai respirar o vento do litoral e sentir-se em casa. O lugar do encontro? Fórum de Santos! A hora o zeloso guardião ficou de passar depois. Sugeri que o encontro fosse em casa, onde é a casa de Dora, onde estão suas coisas, onde ela se sentirá a vontade e poderá escolher o que levar consigo. A resposta não veio. Ah, tudo isso por email, claro, já que não atende minhas ligações. E telefonema, se não for gravado, não é prova jurídica. Estou ainda aqui esperando, com a tela aberta para ver se chega alguma mensagem.
   Mesmo assim já separei alguns objetos para levar para minha amada Dora: o tal cachorrão e o livro, um porta-retrato (com ou sem hífen? Ainda não dominei a reforma ortográfica) com uma linda foto da Miranda, sua tiara preferida e uma blusa azul que tem uns 3 anos e já virou motivo de piada entre nós, porque ela usa o tempo todo e está com ela em muitas fotos. Quando eu tinha que preparar mochila com roupa para levar em casa de alguma amiga, colocava esse blusa porque sabia que não tinha erro, na dúvida, a blusa azul. Sei que Dora terá todas essas lembranças. Espero que fique feliz, confortada...além disso, falei com minha amiga Claudia, mãe de sua  melhor amiga Raquel, que irá ou iria, levá-la também. O abraço da melhor amiga não tem preço!

   Modus Operandi

   Muita gente acha que sou pessimista, devo ter pensamento positivo e tal, mas conheço o modus operandi da outra parte. Me dá esperança e tira. Diz que vai fazer e não faz. Diz que não vai fazer e faz. Então pode-se esperar tudo, tudo mesmo de uma criatura assim. O que surpreende alguns para mim é casual, é só mais do mesmo. Creio que sou realista. Ontem a assistente da minha advogada foi ao Fórum da Barra Funda onde corre o processo por subtração de incapaz - subtraí a minha filha, a incapaz, duas vezes! Reincidente. Mas o promotor desse processo, que já deu até entrevista sobre o caso para a Rede Globo, está propenso ao perdão judicial, porque deve ser uma pessoa coerente e o sistema judiciário está atravancado de processos muito mais graves e urgentes.
   Esse mesmo promotor, Alfonso Presti, trocou vários emails comigo - fato inédito, promotor trocando email com réu - sempre mostrando preocupação com o bem estar da Dora e propondo acordo, para ele o ideal era Dora continuar comigo em Santos e passar finais de semana alternados com o pai, todos os feriados prolongados e metade de férias e, em 2012, eu me comprometeria a mudar para São Paulo, uma exigência da outra parte. Sim, aceitei, melhor que isso não poderia ser. Era o que eu queria desde o começo, quando entrei com ação de manutenção de guarda com regularização de visita, pois nunca planejei afastar Dora do pai, ao contrário. Por pior que ele seja para mim é o pai dela e se ele for ruim com ela, cabe a ela perceber isso.
   Não há nenhum mandado de nada contra mim no processo criminal. O perdão judicial,  por Lei, seria dado automaticamente na entrega da incapaz - Dora - ao Fórum. Para evitar que eu tivesse esse perdão automático, o zeloso guardião fez a busca e apreensão daquela forma insensível, violentando a própria filha, costurando um acordo, mas agindo de má-fé o tempo todo. Mesmo assim, como ela passou por corpo delito e está ótima, bem cuidada, sã e salva, o promotor continua seguindo a linha do perdão. Mas como ser perdoada assim por ter afastado a filha do pai por 4 anos e 5 meses? Isso é Justiça? Então, o estrategista, ao mesmo tempo que entrou com a tal ação para Destituição do Poder Familiar, no dia 4 de fevereiro, conseguiu com um juiz a autorização para ser assistente de acusação. Sua intenção? Ajudar o promotor na minha punição, me levar a julgamento, continuar o litígio infinitamente!

De Dante para Dora

   Quando recebi a mensagem da advogada sobre os novos acontecimentos repassei para os amigos que estão acompanhando tudo de muito perto. Recebi uma resposta do Angel Luíz Rodriguez que é a mais pura constatação dos fatos. É um jogo de xadrez, cada peça deve ser movimentada pensando nas próximas jogadas. Confesso que não sou boa em xadrez, o que sei aprendi com Dora, que por sua vez aprendeu com seu genial amigo Dante, de Paraty. Esse menino, filho de bailarina com músico, na época com 6 anos, dava banho nos mais velhos em suas jogadas. A dica de Dante para Dora: começa errando para conhecer a estratégia do adversário. Que saudade do Dante!
   Angel disse mais, que dei azar de topar com um cara excepcionalmente mau e que tudo isso vai muito além da Dora, é jogo para a vida toda! E muitos xadrezistas não conseguiram terminar suas partidas e enlouqueceram pensando nessas partidas intermináveis.
   Não sou xadrezista, não sou obcecada, não quero que isso dure a brevidade da minha vida, não quero que Dora acabe com sua infância precocemente. Tenho a urgência de quem tem fome, tenho a dor do buraco da saudade, tenho a penumbra do quarto vazio e não sei jogar. Se isso é a luta do bem contra o mal pelo pouco que sei o bem sempre vence no final. E quando será o fim disso?

terça-feira, 29 de março de 2011

A Falta de Memória de Uma Mente Brilhante

  Ontem tive sono cedo, 21h já ia dormir quando liguei o computador só para ver se o guardião tinha confirmado horário para encontro na quarta-feira de manhã, no Fórum João Mendes, no centro de São Paulo. Nada. Mas eis que no Facebook aparece uma carinha que eu gosto muito, me deu oi, não podia passar batido. Ficamos teclando até 1h38. Resultado físico: minha tendinite no braço direito está latejando, meus olhos parecem ter areia e, mesmo podendo, infelizmente não consigo dormir de dia. Resuldado emocional: fiquei muito feliz de conversar com alguém que eu não vejo há 24 anos e que mesmo passado tanto tempo, lembramos de tudo como se fosse ontem.
  Lembrou que ao me conhecer, quando eu tinha 16 anos, o que mais impressionou é que eu falava o que pensava, com muita personalidade. Sim, é verdade, e pago caro por isso. O mundo não é muito justo para os que falam a verdade sempre. Lembrou também uma conversa que teve com meu pai, eu não sabia dessa conversa. Meu pai rodou de carro atrás de mim, pois era noite, dia de semana e eu tinha passado do horário. Estava namorando no calçadão da praia. Quando nos encontrou primeiro me deixou em casa e depois foi levá-lo. Conversaram bastante e meu pai pediu para ele me fazer feliz. Era tão simples.
  Agora vejo que meu pai foi o culpado por eu ser assim, foi quem me ensinou que devemos falar sempre a verdade, por pior que ela seja, que nada é melhor e mais aliviador do que a verdade. E me acostumei com isso, podia ser o fato mais bizarro, meu pai acreditava em mim, porque sabia que era verdade e também, com o tempo, constatou que minha vida era cheia de fatos bizarros. Esse homem, Abel Correia Mendes, nunca quis ter uma bonequinha em casa. Não, me preparou para disputas, me incentivou como poucos a praticar natação, para ter disciplina, respeito ao próximo, saber compartilhar, dividir, não ter medo do novo, de me entregar. Sem saber, me preparou para a batalha. Mas sem perder a ternura jamais. Também veio dele essa maneira desmedida de dizer as coisas, até ferir de tão sincera. Mas também não perco minha ternura. Foi ele quem me iniciou no gosto pela leitura, quem atenuou discussões com minha mãe, sempre querendo a paz. Esse homem inteligente, falante e brilhante, aos poucos foi ficando ausente, não me perguntava mais nada, não participava, nem se importou muito com minha gravidez, não se emocionou ao ser avô, algo que ele tanto queria, brigamos muito... essas atitudes e falta dela me deprimiram muito. Meu pai não lembrava de nada, só de coisas do passado muito distante. Demorei para perceber que ele estava muito doente. O diagnóstico veio tarde, em 2006: Mal de Alzheimer.
  Aquele homem forte e bonito agora fica com o olhar parado no nada, prostrado numa cama. É uma morte em vida, uma doença dolorosa, não sei se dói mais em quem tem ou em que vê e convive. A pessoa vai se perdendo aos poucos...ah, se meu pai estivesse aqui! Talvez nada disso estivesse acontecendo. Teria meu bom conselheiro. Teria o porto seguro que me falta há tanto tempo.

  Essa conversa de ontem me fez pensar tudo isso. Talvez meu fim seja igual ao do meu pai, já que tenho, geneticamente, de 20 a 40% de chances para desenvolver a doença. E personalidades tão parecidas. O lado bom é que, se isso acontecer, irei esquecer toda essa história da Dora e a mágoa que tenho pelo genitor dela,  não só por tudo o que já fez comigo, mas pelo que faz com Dora. Só o Alzheimer seria capaz de me fazer esquecer.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dora tem Mãe

  Já reduzi até a dose de cafeína para tentar dormir mais... ma sem dar boa noite para Dorinha e sem ouvir o "bom dia, mamãe" todas as manhãs, meus dias e noites se tornam compridos e tristes. Essa disputa de guarda há muito se tornou uma disputa de poder: quem mente mais, quem tem sangue frio, mais dinheiro, mais paciência. Perdi em tudo: não minto, não sou fria e calculista, estou na pior crise financeira desde  Bolsa de 29. E ainda não consegui manter a virtude da paciência. Treinei muito durante o repouso absoluto feito na gestação da Dora, durante o período de amamentação e ainda hoje, mais de 2 anos amamentando Miranda. Mas com a morosidade da Justiça, ainda mais quando se trata da vida da minha filha, é impossível manter a mente calma e o coração tranquilo.
  Dora foi levada no dia 10 de fevereiro, por oficial de Justiça, com Rede Globo filmando ela ser retirada pelo pai e seu advogado,da escola. Ela me ligou 2 dias depois e desligou chorando. Seu guardião, o irrelevante ator Jonas Golfeto, não atende minhas ligações, não deixa Dora ligar, nem usar msn. Ainda me manda emails me chamando de autoritária, que mantinha minha filha em cativeiro, esconderijos e que ela sofreu ao saber o mal que fiz a ela. E que ela não pede para me ver.
  Ora, ele pegou a filha e mudou de endereço, não me passa qualquer informação, não atende telefone, quem está escodendo quem? Mas ele esta dentro da Lei, me escreveu que jamais esconderia a Dora ilegalmente de mim. Só legalmente, como está fazendo. Depois da apreensão da minha filha fiquei sabendo que o fascínora entrou com outra ação contra mim. No mesmo Fórum João Mendes, no centro de São Paulo, desta vez na 10 Vara, o outro processo, encerrado após 6 anos, estava na 6 Vara. Como não fui citada por oficial de Justiça para saber do que se tratava, fui até lá pessoalmente. Primeiro o pessoal do cartório não quis me mostrar, já quase aos prantos entendi um sinal do funcionário que seria melhor para mim nem ficar sabendo. Fui falar com a promotora: "sente-se, sei do que se trata,ele pede Destituição do Poder Familiar". Chorei muito, compulsivamente. "Ele quer que eu deixe de ser mãe da Dora?". "Sim, inclusive tirando seu nome da certidão de nascimento dela". Meu chão sumiu, essa criatura é tão cruel que quer tirar o direito da Dora ter mãe!
  Foi tudo maquiavélica e estrategicamente pensado: levá-la sem nenhuma lembrança para apagar de vez todas as memórias da vida dela até aqui. Nem um livro, uma foto, um brinquedo, o pijama preferido... não, esse cara é muito cruel, nunca pensou na filha, há mais de 6 anos só alimenta ódio mortal. Que morda a própria língua!

sexta-feira, 25 de março de 2011

O Egoísmo Dessa Dor

  Sinto um egoísmo absoluto. Nenhum sofrimento é maior do que o meu, ninguém chora mais, nem foi mais injustiçado do que eu. Sei que não é verdade, conheço as mazelas do mundo, mas é assim que me sinto...sei dos tremores terrestres, dos milhões de refugiados, antes políticos, agora da natureza. Ela está mandando a humanidade embora, são muito desumanos. Eu me sinto assim, desumana. Como posso achar minha dor maior do que a de pessoas que perderam tudo e todos? Como posso me sentir mais injustiçada do que executados? Como posso chorar mais que a mãe que perde um filho? Como posso ser vítima e não reconhecer meus erros? Porque faço parte dessa humanidade desumana!
  Ainda hoje recebi uma mensagem de um psquiatra infantil, José Hércules Golfeto, avô da minha filha Dora, dizendo que não devo ser castigada e sim tratada, que tenho direito a tratamento... sim, eu preciso de tratamento. Preciso de um que me ensine a lidar com o mundo, já tenho 40 anos, provavelmente já vivi mais da metade da minha vida, já passou da hora de aprender a dissimular, fingir, sorrir quando necessário, calar para não se comprometer, a não lutar pelos direitos dos outros. Me sinto tão egoísta e não me sinto bem assim.

  O egoísmo é tanto que chorei ouvindo "De onde vem a calma", do Los Hermanos, a música é linda, transborda poesia: "Eu não vou mudar, não, eu vou ficar são, mesmo se for só, não vou ceder. Deus vai dar aval sim, o mal terá fim e no final, mesmo calado, eu sei que vou ser coroado rei de mim". Chorei porque me identifiquei, como se a música fosse feita para mim. Sei que esse é o significado da música, nos tocar, identificar, sentir. Mas é muita pretensão me achar assim tão somente do lado do bem. O mal existe em mim. De certa forma eu busquei o mal. Talvez continue buscando. Pode ser na falta de sono, essa noite foram somente 3 horas. Não consigo dormir cedo e tenho que acordar 6h28 (28 é porque não gosto de números redondos). Mesmo se posso voltar a dormir depois, como hoje, não consigo dormir de dia. E continuo com minhas filosofias de botequim, mesmo sem nunca mais ter ido em botequins...os papos de boteco ficaram gravados na minha alma, quando brindava desejando que "nossos pais tenham filhos ricos e famosos"! Sempre tão pretenciosa...

  Para parar de chorar passei a ouvir Strokes - You Talk Too Much, do Room on Fire. Ah, piorou, passei a lembrar de todos os bons namorados que tive, desde os 15 anos, de pouca ou  muita duração: Rodrigo, Dan, Siqüila, Pedro, Mazuras, Chico ... sempre falei demais sobre o que não importava. Nunca reconheci o mérito de cada um, de aguentar alguém como eu, incondicionalmente, não falo de amor ou sexo, falo de amizade! Alguém assim como eu, que fala demais sempre, que se compromete quando não deveria, racional demais, egoísta e arrogante. Sei que tenho qualidades, mas parecerei presunçosa ao enumerá-las. Basta de presumir, eu só quero ter a paz que eu perdi não sei onde, nem quando. No fundo sei que tenho sorte, muito mais pessoas boas cruzaram meu caminho do que ruins. É que as ruins eram péssimas e fizeram um estrago enorme. Vai demorar para limpar toda essa sujeira.

Simones

  Almocei com a minha amiga de sempre, Simone Raia, no Centro de Santos, uma hora é pouco pra tanto assunto! Falamos de trabalho, excesso e falta, de Paulo Henrique Ganso e Neymar, filhas, processo de guarda - claro, não existe minha vida sem isso, comida, futuro, passado. Voltei de ônibus, nada contra transporte coletivo, ainda mais nessa cidade que parece funcionar, mas acho que não consigo me adaptar, deveria ter seguido o instinto da caminhada.
  Primeiro fiquei num ponto esperando e quando a linha que me levaria ao meu destino veio, passou direto. Daí um rapazinho muito simpático explicou pra tia aqui que cada ponto é para determinada linha. "Nossa, que coisa mais complicada". Uns 10 minutos depois veio lá um número 153, lia-se Canal 1, oba, é nesse que eu vou. Percebi que era um caminho totalmente alternativo, tipo indo para São Vicente...mantive a calma, tinha tempo, precisava pensar e ver paisagem. Mas na zona noroeste de Santos a paisagem é um tanto quanto cinzenta. Prestei atenção nas pessoas. Sérias, cansadas, algumas atormentadas. Não, melhor olhar os carros. Trânsito caótico. Voltei para meus problemas, que estou mais acostumada. Uma hora depois ainda estava dando voltinhas de ônibus. A situação se agravou quando me vi parada num ponto final de um lugar que eu desconhecia, perguntei - de novo- para o motorista se eu chegaria, enfim, ao Canal 1. "Sim, 15h25 a gente sai". Eu já estava há uma hora e meia dentro daquele ônibus!
  Após essa provação de duas horas cheguei em casa e tinha uma mensagem do guardião da minha filha. Como sempre, me deixando mal, querendo me desestabilizar, entre outras disse que Dora não está sofrendo (o que eu acho ótimo) e que ela não pede para morar comigo, se pedisse seria o primeiro a trazê-la. Também aprovou a ideia (de pura ironia da minha parte) de que chamemos a Globo para gravar nosso encontro! Ai, ai, ai... é o preço que eu pago por não ser cega, surda e muda.
  Mais tarde, teclando no facebook com Simone Raia, aparece Simone Quintas, amiga de tantas - pólo aquático, faculdade de jornalismo, colega na Folha da Tarde - que nem lembro mais. Fazia, no mínimo, 7 anos que não nos encontrávamos e, como acontece com as pessoas que se gostam, parecia que foi ontem. Para surpresa dela o André Lins era na verdade Dri Mendes, com perfil fake. "Vi que era você, continua fanzaça do Pixies". Para minha surpresa ela já tem um casal de filhos! Enquanto eu dava uma tecla iniciar sobre a história da Dora (incrível, uma amiga jornalista que não sabia de nada), a Simone Raia ia descobrindo fatos. O primeiro eu já sabia: Gabriela Liam - a repórter do Profissão, que iniciou meu calvário - era amiga de Jonas Golfeto no facebook. Tem mais, ela também é de Ribeirão Preto. O pai dela também é psiquiatra. A mãe também é psicóloga! Nossa, almas gêmeas. Se são amigos seria ético ter feito a matéria? Será  por isso tão tendenciosa? Enquanto com a Raia fazia um trabalho investigativo, com a Quintas dava risada com frase começada por mim e terminada por ela, como nos bons tempos. Quintas disse que casou com um ótimo cara, o que me deu alegria e esperança, pois ela já penou com bad guy. Estava em pleno fechamento de revista e feliz, como sempre. A Raia ia descobrindo mais e mais informações contundentes. Mandando emails, fazendo ligações de fatos.
  Minhas amigas Simones, literal e virtualmente ao mesmo tempo, me fizeram tão bem hoje. Positivas, tem Sim no nome. Quem tem um amigo tem tudo, já diz o ditado. Tenho muitos. E tenho duas queridas amigas Simones.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Dívidas Judiciais

  Já sei o endereço e o telefone onde estaria Dora. Mas já averiguei e amigos também... ela não está lá. Pista falsa. No começo pensei que essa história de disputa de guarda daria um bom drama, hoje penso que está mais para filme policial. Dora no meio disso tudo, penso no futuro: ou terá superautoestima, chegando a ser arrogante, ou poderá trazer transtornos de personalidade. Afinal, essa minha filha está desde os 3 anos sendo disputada pelos pais.
  O mais irônico é que, judicialmente, tudo começou com meu pedido de guarda com regularização de visita, já que eu nunca quis que Dora deixasse de ver o pai e, entrando já com pedido de visitas para ele, tudo seria mais rápido. Foram tantos erros jurídicos, péssimos advogados da minha parte (Muruy de Oliveira e Jussara Aguiar, que perderam prazo para entrar com agravo e ainda me orientaram irresponsalvemente a ver minha filha em visitário público), bons advogados da parte dele e o processo terminou com guarda definitiva para o pai e eu tendo que lutar por direito de visita. Fiz tudo errado. Falta de paciência, imediatismo, mea culpa, mea culpa. Me desesperei por Dora. Hoje continuo desesperada, mas não temo mais por sua integridade física, já a mental...
  Pior que ontem saiu no Diário Oficial que eu tenho 15 dias para pagar 16.800 para os advogados da outra parte, já que ele "ganhou" a disputa. Ele está com o troféu! Se eu não pagar em 15 dias, sobe mais 10%, se não pagar, penhora de bens... ainda bem que não tenho muitos bens, quase bem nenhum... fala sério, pagar pra quem me ferrou, pagar para quem escreveu um monte de mentiras num processo de 7 volumes!!! Cada um com cerca de 250 páginas! É muita humilhação...
  Comédia de erros, tragédia de erros, falsos testemunhos, advogados que parecem ter sido pagos para não me defender.. não fosse estar aqui bem acordada e viva, pensaria que estou vivendo um pesadelo,  um filme de terror. Mas não, a outra parte que tem lá sua vida na dramaturgia, o ator atua, interpreta, acredita no que inventa! Eu tenho que me recolher e esperar...não tenho agido como a repórter que fui um dia.
  E Dora está lá, cada vez mais adaptada, porque criança se adapta rápido. Está lá, sem saber quando verá a mãe, a irmã, os amigos...vai saber o que o guardião tem falado para ela...bom, já passei pela fase da negação, revolta e agora estou na aceitação. Tenho outra filha para criar sozinha, a Miranda, ao menos, não tem pai para atrapalhar... talvez dê mais certo, sejamos mais felizes, sem pendengas judiciais. Ou não.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Pior Inimigo

  Me conforta pensar que não sou mais uma procurada pelo crime de subtração de incapaz. Na verdade nem sei se eu cheguei realmente a ser procurada, mas por conta desse processo criminal passei por alguns momentos de intensa adrenalina. Minha habilitação para dirigir, das antigas, venceu em junho passado, mesma época em que estacionei no lugar errado e tive meu carro guinchado, daí dei entrada no Poupatempo para fazer nova habilitação e aproveitei para tirar nova identidade, já que estava com uma de quando tinha 10 anos. Dei entrada para o RG, mas a habilitação, por ser das antigas, deveria ser renovada no Guarujá. Fiquei até irritada com a burocracia, como se fosse uma cidadã comum, não uma foragida. Me conformei, como todo cidadão comum.
  Quando fui buscar o RG, alguns dias depois, o atendente fez um ligação, verificou o computador e me perguntou: "Você está sabendo de algum processo?" "Não", então pediu que eu o seguisse. Segui, ele entrou numa sala e eu, mais que depressa, vazei, dei área, fugi! Lá fora minha amiga Maria Paula me esperava no carro dela. "Caramba, Dri, pensei nisso, que  poderia dar algum problema, vamos embora".
  Ainda fiquei feliz que a habilitação seria renovada no Guarujá e lá eu teria documentação correta. Fiz tudo o que tinha que fazer, os exames, pagamentos, filas... só que no dia de buscar preferi pedir para minha mãe ir, com os devidos documentos. A pobrezinha me ligou assustada, dizendo que o atendente fez uma cara séria e disse que apenas eu poderia ir lá resolver isso, que eu estava "portariada". Achei que minha mãe estava imaginando coisas e pedi para uma amiga, Damiana, ir. Dami foi e disse a mesma coisa, que o "o cara fez uma cara sinistra". Perguntei para contatos da políca, amigos, ninguém soube me dizer o que seria a tal portaria... me senti acuada, sem documentos, cerco se fechando... fiquei sem carteira de motorista e identidade antiga.

  Desde que Dora se foi fiquei perdida, numa dimensão entre Fórum e tristeza. Salve momentos de pura alegria e amor, graça recebida da Miranda, eu seria um poço de tristeza, arrependimento e dor. Dor física e mental, muita dor. Eu tento fazer parar esse círculo vicioso, mas é difícil, quase impossível. Estou presa nessa dimensão. Nas tentativas de perdão, compreensão e racionalidade, o que recebo são negativas, desejos de vingança, subterfúgios. Cada dia mais cansada de tudo isso. É um aprendizado diário sobre "vingança". Tudo pode ser feito por vingança e cansa ter que estar preparada para tudo. Me resta ainda resolver questões práticas, da vida que continua. E assim tentar romper o ciclo.

  Daí fui no Departamento de Trânsito do Guarujá, ainda com algumas ressalvas de Claudia Pentiocinas, minha amiga e advogada. "Espera mais uns 15 dias para o seu nome sair do sistema". Na pior das hipóteses teria de me explicar, que não há mais subtração, pois a incapaz não está comigo. Fui até a casa da Ximena, buscar a papelada deixada por Damiana, a última a tentar pegar a habilitação. Me acalmei e segui para o Detran. Mostrei a papelada para o atendente. Ele realmente fez uma cara de problemas e disse: "Só na portaria, espera ali e depois entra naquela sala". Muito sinistro, meu coração disparou e minhas pernas tremeram, eu cruzava e descruzava as pernas para disfarçar, pois elas balançavam sozinhas. Insisti com o rapaz: "Mas o que é essa portaria? Demora?" "Cada caso é um caso, você tem que conversar com a Célia, deve ser multa excessiva, carteira presa". Isso? Seria só isso? Ainda lembro que pedi pra Xangô (que agora sei que é o orixá da Jutiça) me ajudar a ser clara na hora de explicar a história - cá entre nós, cada vez mais dantesca.
  Entrei, mesmo com dois homens na sala, estava nervosa e não podia me atrasar para buscar Miranda na creche. Célia me atendeu gentilmente, "Você precisa escrever uma carta de próprio punho para o delegado de trânsito pedindo para dar baixa em duas multas, de 1998 e 2001, que ainda constam. Por isso não te liberaram a carteira". Era isso, tão pouco e somente isso! Quem deve, teme mesmo! A cara "sinistra, preocupada, de problemas" do atendente é porque realmente é um problema ter carteira presa por multas excessivas ou não pagas. Mas para mim foi maravilhoso. Tudo é questão do referencial. Estava preparada para muito pior. E tive medo porque devia. Não quero mais isso pra mim Meus erros me trouxeram onde estou, não vejo agora como acerto nada que fiz. Por fim espero continuar rompendo o ciclo e resolvendo todas as pendências, sem nada temer.

41 Dias

  Esse é o tempo em que Dora está afastada. Ainda não sei onde ou como está. Hoje falei pelo telefone com o nonno dela, liguei no consultório do avô psiquiatra, entre outras, me disse que Dora está ótima, que eu ensinei direitinho e ela é muito discreta, que a viu numa festa preparada pelo pai, estiveram, entre outras, a ex-madrasta e ex-babá. A festa foi na casa da atual namorada dele, Cris. Ops, Cristina Ávila, a bailarina? "Não sei se é Ávila, mas é a Cris, uma magrinha". Estão morando lá? "Não sei, não posso te falar nada, não quero brigar com o Jonas". Minha dedução é que ele voltou com a namorada (estavam separados há pouco mais de um ano) ou são amigos e ele pediu pra ficar lá com a Dora até encontrar um apê. O que preciso agora é descobrir o endereço dessa pessoa! Ela é bailarina, mas fiz uma busca e não há espetáculo em cartaz. Perguntei sobre a escola, o avô disse que não sabe onde Dora está estudando. "Como se é o senhor quem paga?" Disse que não é ele e não sabe mesmo...
  Então a situação é essa, após 41 dias: 2 telefonemas de Dora para mamãe na primeira semana, sendo que no segundo e último ela disse que o pai não deixava ela falar onde estava, daí desligaram e nunca mais; 2 emails de Dora, curtos, depois um mais longo, com novo login, que nem sei se é ela mesmo. Nada no msn. Sem paradeiro, sem nome da escola. Não saber o endereço dificulta o pedido de ação, vamos ter que enviar para Ribeirão Preto, endereço dos avós. Mais tempo sem ver Dora. Mais tempo para o guardião produzir provas de como a filha está adaptada ao novo ambiente, ao novo lar, nova escola. Fotos de festas e amigos, passeios, diversão...
  A dor da falta vai fazendo parte de mim. Parou de latejar o dia todo, é crônica.

terça-feira, 15 de março de 2011

Meu Tsunami Interior

  Fisicamente sinto apertos no coração, vazio no estômago e nós na garganta. Emocionalmente é difícil de explicar, é como ter perdido uma filha viva, embora eu saiba que cedo ou tarde tudo se resolverá. Mas é esse "ou tarde" que mais que me angustia, me aniquila. Há 36 dias não vejo Dora, não nos falamos, não sei como e onde ela está. Sei que deve estar com o guardião, que em sua vingança perfeitamente programada, mudou de endereço, não deixa Dora se comunicar com ninguém, não levou nenhuma lembrança do que ela tem. Tudo dela está aqui, ela está comigo o tempo todo...
  Paralelamente, em via oposta, tenho outra filha, a sapeca e carinhosa Miranda, de 2 anos e 1 mês, que pergunta onde está "Doinha", que beija fotos da Dorinha, pega as bonecas da Dorinha e há 3 dias está com febre noturna. Ela não sabe o que se passa, mas já duvida que a irmã tenha mesmo ido passear, que passeio mais demorado é esse?
  Junte-se a isso "preciso/necessito" ter um emprego na Baixada Santista, não só por uma questão financeira, mas para o processo da reversão de guarda. Afinal a outra parte, em uma de suas exigências, dizia ser capaz de compartilhar a guarda caso eu mudasse em até 45 dias para São Paulo, bom, isso foi em janeiro, o prazo já expirou... e quem fica mais de 30 dias sem comunicação é  porque não está muito propenso a compartilhar nada.
  Outra necessidade é achar alguém para dividir a casa comigo, afinal o que era grande ficou maior ainda sem Dora para ocupar os espaços. Sobra amor e espaço. E mesmo me sentindo assim metade partida tenho que ir periodicamente ao Fórum, tenho que ir atrás de provas que desmintam calúnias e difamações, como por exemplo, provar que mesmo com um grave descolamento de placenta na gravidez de Dora, levei a gestação até o final, contrariando todas as expectativas. Mesmo fazendo repouso absoluto, abdicando de tudo para ver minha barriga crescer sã e salva e ter minha bebê mamando saudável no tempo certo, a outra parte teve a covardia de colocar no processo que "não me cuidei na gravidez" e que ele atrasou a produção de um curta porque dispensava muitos cuidados comigo e com a recém-nascida, que ele fazia tudo...
  Ora, os que estiveram lá, e foram muitos, sabem como eu ficava deitada para não sangrar e que até o sexto mês de gestação morava sozinha, com amigos se revezando nos cuidados comigo: Ali Hassan, Fábio Diegues, Flavia Vieira, André Corrêa, Claudia Pentiocinas, Keila Gonçalves, Mirela Tavares, Maria Paula Alves... são apenas alguns nomes que me ocorrem agora, pessoas que me levavam almoço, filmes, livros, conversas, apoio... o genitor estava ocupado com ensaios e produção de curta, ok, nunca cobrei isso dele. Mas mentir descaradamente, transformar a verdade dessa forma é um ultraje, é assombrosamente doentio!

Perigo Nuclear

  O mundo preocupado com acidentes nucleares e eu aqui, presunçosamente colocando acima de todas as coisas o meu sofrimento e o suposto sofrimento de Dora - espero que seja apenas uma suposição e ela esteja superando tudo isso com diversão e sabedoria. Sim, catástofres naturais acontecem e parece que tem acontecido com mais frequencia. Mas veja a ironia: o Japão é o País mais preparado para suportar catástofres naturais e por ter um dos maiores sistemas de energia nuclear do planeta, aumentou a catástofre. Não bastassem terremotos e tsunamis, a população agora tem que conviver com o medo de contaminação por radiação em consequencia das explosões dos reatores nucleares.
  Nunca estive no Japão, por isso fica ainda mais difícil imaginar um País preparado para a desgraça constante, para situações extremas, de guerra. Dessa trágica lição podemos tirar muito proveito. O terremoto aconteceu, vem a Tsunami. O que se  pode fazer é correr para o alto e esperar a Terra tremer e a onda devastar. Sobreviver. Reconstruir. E fugir para longe das usinas. Fugir também é sobreviver. O desastre só não será maior porque o governo japonês não enganou a população. A merda foi feita, agora fujam daí. No acidente de Chernobyl, em 1986, na antiga União Soviética e onde hoje é a Ucrânia, o estrago foi muito maior por falta de informação, pela falta da verdade.
  A verdade é o único caminho, sempre.
  Esse acidente faz repensar as prioridades do mundo. Os governantes precisam ter atitude e rápido. As populações precisam cobrar, com urgência, novas medidas. Todos precisam rever prioridades. Para que gastar tanto com energia nuclear se a energia solar é constante, mais barata e mais segura? Não sou phd em Física, mas pelo pouco que sei e do muito que li a respeito, energia solar é uma opção sábia em todos os aspectos. Mas se fosse assim tão fácil... muita arrogância querer salvar o mundo com soluções tão simples. O homem não é insignificante diante da natureza, não pode salvar o mundo, que já passou por tantas e continua aqui, mas pode, sim destruir a vida no planeta. Então porque sofro ao pensar que minha vida está sendo destruída? Porque esse tempo perdido não volta, porque o trauma feito não desfaz, mas como no Japão, é ir para o alto, esperar o tremor passar, reconstruir e seguir com a verdade, sempre.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Apenas uma mãe

  Estive ontem no Fórum João Mendes, no cento de São Paulo. Dei uma olhada no processo de 7 volumes. Vi quem foram as 4 testemunhas presentes na audiência que deu a guarda definitiva de Dora ao pai. Uma era Luciana Viacava, ex-madrasta da Dora, entre outras, disse que eu ligava e dizia impropérios para ela, bom, se for considerado impropério dizer que ela estava sendo submissa ao namorado que mudou de mala, cuia e filha para a casa dela e, de quebra, a envolveu num processo pesado e doloroso, sim, disse vários impropérios. A outra foi a pobre babá, Maria das Dores, que ao levar e buscar Dora no visitário público para minha supervisionada visita, ouviu entre outras que ela nem deveria estar ali. Em outra ocasião, quando ela por 3 dias evitou que eu falasse ao telefone com Dora, enquanto minha filha estava devidamente  protegida da mãe em Ribeirão Preto na casa dos avós, eu apelei ao dizer que era espírita (a babá é ou era, testemunha de Jeová), só para provocar uma pequena guerra santa. E para dizer que se ela era tão temente a Deus, deveria temer muito, porque mentir para a mãe sobre o paradeiro da filha era um pecado ao olhos do Senhor. Então, essas duas testemunhas, não me surpreenderam...
  Mas ao ver o nome do Arnaldo, que era porteiro do apartamento que eu morava na Vila Mariana, fiquei bem abalada. Esse homem chegou a me dizer que nunca entendeu como uma "garota" simpática como eu morou com alguém que nem cumprimentava o porteiro. Eu dava vinhos que ganhava para ele, presentes de Natal, ele brincava com Dora, enfim, era um clima de camaradagem, porque eu sempre tratei igual o porteiro do prédio e o síndico, o porteio da empresa e o presidente.  Pois esse mesmo porteiro foi em uma audiência e em juízo disse que eu agredia minha filha, tinha o vício de beber e certa vez empurrei o carrinho de Dora ladeira abaixo (detalhe que não há ladeira na rua em que morávamos). Que juiz não daria a guarda ao pai com uma declaração dessas? Por fim, outro golpe, a doce velhinha baiana, a vizinha dona Edith, que tomava cafezinho comigo, que deu um lindo vestido amarelo para Dora, que eu guardo (ou guardava) até hoje, disse que eu tinha vício de beber e que disse que iria morar no Chile. Detalhe,  mudei daquele endereço em outubro de 2003. Fui para o Chile em julho de 2005, a partir daí começou essa história inventada de fuga para o Chile. Quem disse para essa amarga velhinha que eu fugiria? Aquele que não se deve nominar, aquele que mente sobre si mesmo em seu  próprio currículo, aquele que me odeia acima de todas as coisas, inclusive acima da filha.
  Enfim, é tudo tão pesado, fico tão mal de ir em Fórum, de falar juridiquês... devo 16 mil para os advogados da outra parte, devo 2 mil para o psiquiatra forense e, principalmente, ainda tenho que pagar minhas advogadas. Fora o desgaste em anos de entraves judiciais. Para que mesmo? Para ver Dora crescer no meio disso tudo? E se eu conseguir a reversão de guarda? Será que a outra parte não irá requerer a guarda? Afinal ele sempre foi irrelevante: numa família de catedráticos não tem curso superior, resolveu ser ator e nunca teve lá muito sucesso, de repente viu na busca da filha uma causa nobre, uma forma de aparecer na Rede Globo, de ser uma grande vítima, de ter a atenção que nunca lhe foi dispensada, seja por amigos, pela família, mídia, namoradas. E isso se prolongará até Dora ter 18 anos. Quando talvez ela já nem seja mai a Dora que conheço hoje, quando talvez os traumas tirem sua felicidade inerente, quando as idas e vindas para lá e para cá, com o pai, depois com a mãe, depois com o pai de novo, tirem a segurança, autoconfiança e determinação dela.
  Será que vale tudo isso? Tem muita gente sofrendo nessa história. Vai ver estão usando a tática de "o que os olhos não veem o coração não sente" com a Dora. E afastando-a da vida e amigos que teve, ela não sentirá dor, afinal, a avó e tia são psicólogas, o avô é psquiatra infantil, devem saber o que fazer com a cabeça das pessoas... ou não. O Juiz decidiu, quem sou eu para ir contra? Ele ouviu testemunhas, eu agi tresloucadamente...eu sou só a mãe. Não seria melhor acatar a sentença e parar com isso? Vou esperar para ver a Dora, há um mês e um dia não nos vemos ou falamos, não sei como ela está, mas a falta de contato é um bom indicador, se não deixam ninguém falar com ela, é porque ela irá reclamar, chorar...o que os ouvidos não ouvem o coração não sente. Eu só posso sentir muito. E deixar que o guardião a guarde bem guardada.

quarta-feira, 9 de março de 2011

As últimas calúnias e como tudo começou

  Mais uma vez estou sendo difamada e caluniada. Uma amiga do um amigo/mano/colega de faculdade  é amiga de um amigo do Caco Barcellos, aquele jornalista que chefia a equipe do Profissão Repórter, aquele programa que mostrou um pai tentando chorar ao falar da filha que não via há mais de 3 anos, na primeira matéria da série, em 22 de junho de 2010. O mesmo programa que acompanhou esse pai na busca e apreensão da filha, na escola, no dia 10 de fevereiro de 2011, o último dia que vi Dora. O mesmo programa que mandou uma outra equipe me acompanhar ao Fórum João Mendes, centro de São Paulo, dia 21 último, e dois dias depois em Santos, para acompanhar o que seria a rotina de Dora.
  Essa amiga, sensibilizada com essa triste estória, pediu ao amigo que sondasse Caco Barcellos. A resposta é que fui procurada por 2 anos pela equipe de reportagem, sou viciada em drogas pesadas e só resolvi dar entrevista agora porque quero saber o endereço do pai! A única verdade nisso é que sim, quero saber o endereço do pai, nunca usei droga pesada, a repórter Gabriela Lian me mandou um email e respondi em menos de 24 horas! Mas o endereço do guardião quero saber sim, ele está sem paradeiro, para agir "dentro da Lei", entrar com qualquer ação, preciso desse endereço. E não será a Rede Globo a me fornecer essa informação e sim o Poder Judiciário. O guardião da Dora usou do mesmo subterfúgio em 2005, mudança de endereço seguida de busca e apreensão, para ganhar tempo e aproveitar das brechas da Justiça. A Dora? É o que menos importa, o importante é aniquilar a mãe dela. Pode parecer egocentrismo, mas vamos aos fatos:
   Tive uma depressão profunda em 2004, tendo pai psquiatra e mãe psicóloga, o pai de Dora, que já não morava comigo desde 2002, prontificou-se a me ajudar. A principal ajuda era me trazer a cada 15 dias o antidepressivo Lexapro, na época remédio de última geração, por isso difícil de encontrar. O pai dele, gentilmente enviava pelo filho, que ia visitar Dora a cada 15 dias, na minha casa em Boiçucanga, onde ele, inclusive, pernoitava! Num belo final de semana ele não veio, nem o remédio. Dez dias depois eu estava surtando, tomei vários ansiolíticos, passei por lavagem estomacal e fui internada em um Sanatório Psquiátrico, por tentativa de suícidio. Daí começa a comédia dos erros. No meu caso, a tragédio dos erros. Quando soube que seria internada pedi para chamarem Jonas Golfeto, o pai de Dora, para ficar com ela.
  Já na internação ele não permitia que eu falasse com Dora pelo telefone, nem atendia minhas ligações, e para minha mãe dizia que eu só veria Dora com polícia, psicólogo e assistente social! Ele já vislumbrava um tal de Visitário Público, que eu nem sabia que existia. Quando saí da internação fui direto para o apartamento dele, ver Dora. Mas não, ele a levou para a casa dos pais, em Ribeirão Preto e disse que eu só a veria após assinar um acordo. Nesse acordo ele ficaria com ela naquele ano, depois voltaria para mim. Sim, assim, tipo um joguinho... claro que não aceitei, saí chorando do café onde ele me arrastou junto do meu primo, Douglas Gonçalves. Até hoje acho que Dora poderia estar no apartamento, muito estranho ele não querer que eu subisse.
  Depois disso só me restou procurar um advogado e ir atrás da minha filha na casa dos avós. Imagina alguém que passou por uma internação forte, sair de lá louca pra ver a filha e dar de cara com um insensível que ainda sumiu com a filha. Bom, ainda enfrentei uma audiência em Ribeirão Preto, levei 3 testemunhas e o juiz mandou fazer busca e apreensão na casa dos avós.
  A oficial de Justiça leu o mandado e me disse: "Golfeto é um nome conhecido aqui". "Mas eu não moro aqui, não me diz nada". Era um sinal. A oficial apertou a campainha, o avô da Dora atendeu, disse que ela não estava e a oficial aceitou! Foi o tempo do avô entrar, ligar para quem estava com Dora ou avisar que eu estava lá. Nada de Dora. Eu, Douglas, meu amigo de infância Marcelo Santos (vulgo Mônico) e minha amiga de vidas passadas e futuras, Paula Gil, fomos para o apartamento do Fábio Diegues (ah, sim, esqueci de comentar que ficamos na casa do meu outro grande amigo e irmão Fábio, mas ele estava em São Paulo a trabalho, usamos tudo dele, até peguei um CD duplo da Maria Betânia - Maricotinha - que ele me deu de presente). Não fosse estar com essas 3 pessoas, passaria mais uma noite de lágrimas, mas quem tem um amigo tem tudo. E eu tenho muitos e muitos.
  Só consegui fazer a busca e apreensão em São Paulo, Dora estava na casa de um amigo do pai dela. Foi uma cena meio nababesca, com polícia, oficial... ele estava saindo de táxi com ela e pegamos na saída da garagem. O que mais me lembro é a alegria nos olhos brilhantes dela, que repetia "mamãe, mamãe, que saudade". "Eu vou com vc mamãe?".
  Esse foi o início dessa história sem fim. Mais pra frente conto o resto.

sábado, 5 de março de 2011

A Primeira Sentença


A situação é a seguinte: o processo iniciado por mim, em fevereiro de 2005, foi dado como encerrado em fevereiro de 2011, dando a guarda definitiva de Dora para o seu genitor de fato, pois já era de direito desde abril de 2007, quando em uma audiência que eu não participei, pois levei Dora em uma visita em setembro de 2006 e não a devolvi. Mas a sentença é válida.

Foi concedida liminar para que a criança ficasse na guarda da autora, a qual foi derrubada em face do agravo de instrumento interposto pelo requerido, ficando portanto, a criança, na posse do mesmo. Foram realizados estudo social a fls. 249/255, laudo psicológico a fls. 476/478 e perícia psiquiátrica a fls. 778/805. Após inúmeros incidentes incluindo-se a fuga pela mãe junto com sua filha foi realizada hoje audiência de instrução e julgamento em que a autora e sua patrona se ausentaram. Foram ouvidas 4 testemunhas. É o relatório. Manifesto-me. A ação deve ser julgada improcedente. Não obstante as perícias não tenham sido totalmente desfavoráveis à autora, a sua fuga em poder da filha em total afronta à Justiça e ao bem estar da infante revelam o seu descaso e sua falta de interesse com o que é melhor para a mesma. Ademais as testemunhas ouvidas nesta data afirmaram que a autora arrumou um namorado no Chile informando que iria residir naquele país sendo também afirmado que o pai é quem dispensava carinho à criança. Nesse passo, entendendo que a autora revelou incapacidade para manter a criança consigo e sequer sendo confiável no que diz respeito à visitas opino pela total improcedência desta ação. Nada mais.

  E é isso, agora é correr atrás de desfazer um segmento de erros processuais, feitos por humanos falíveis, com uma criança no meio, indo e vindo, ao sabor de sentenças.

Carnaval sem Folia

 Sábado de Carnaval. Dora nasceu há 9 sábados de Carnaval. Sabia que filhos mudam a vida, mas nunca imaginei que a chegada de Dora transformaria para sempre a minha vida e a forma de vivê-la. Se por um lado ela me inundou de amor, me deixou menos egoísta, mais paciente e até mais sábia, por outro, o seu genitor me fez sentir o contrário. Como chegou onde chegou não lembro, não sei explicar, mas parece não ter fim, não ter volta.

 Certo, levei para um fim-de-semana e nunca mais devolvi (minha filha, tratada como um pacote nos termos de juridiquês), mas fiquei 4 anos e 5 meses com ela e ela comigo, isso é fato, dentro da Lei ou não, é fato. De repente ela é levada e desde o dia 10 de fevereiro não sabemos mais nada uma da outra e, pior, Dora não sabe mais nada da vida dela. O genitor, que passou um ano trocando emails comigo, me tratando como sequestradora, bandida, tudo, menos santa, depois de extravar um pouco a raiva me fez crer que faríamos um acordo, ele sabia onde e como Dora estava. Mas calculista e friamente esperou a data certa para fazer busca e apreensão da menor, busca essa que ele mesmo descreveu como traumática para a criança. Ele queria fazer a busca no dia do aniversário da filha, além de ser uma data compatível com novo processo, que de amigável e compartilhável, nada tem. Não, a outra parte não ficou satisfeita com busca e apreensão da filha na escola, com Rede Globo filmando, para ter a guarda definitiva (que pode ser revertida a qualquer momento), quer continuar me aniquilando. Sobre esse novo processo nem cabe aqui escrever, oficialmente não sei de nada. É tão hediondo que só poderia surgir em uma mente perturbada, doentia, desprovida de valores humanos, insensível à dor alheia, a dor e constrangimento da prórpia filha. Mas ainda não é estratégico expor esse processo. Porque a batalha judicial é cheia de estratégias e precisa estar na defensiva quando o inimigo usa de artíficios e interpretações erradas.

Após o golpe, a mediação

  Daí o guardião, aquele que nesse momento guarda a minha filha, me manda email com link para um site sobre mediação de conflitos! Respondi  prontamente que aceitava fazer essa mediação, escrevi no dia seguinte de novo  "oi, eu aceito", obtive a resposta para eu mesma ligar. Liguei, marquei conversa e perguntei os dias da semana que atendem familiares em conflito. A resposta do guardião foi que a partir de abril, tudo bem. Perguntei por que só em abril. "Muitas demandas em relação a nossa filha, trabalhos e contratações". Unh, acho que agora ele vai perceber que não pode colocar o troféu na estante para ficar admirando, tem que polir, levar pra passear...enfim, o troféu não é inanimado nesse caso. É uma filha!

  Minha vontade foi perguntar como ele se sente após tanto tempo longe da Dora e como Dora está reagindo a tudo isso. Perguntar por que foi na escola buscá-la dessa forma, por que levar equipe de reportagem e deixar para sempre gravado o trauma? Mas nem isso eu posso, tenho que tomar cuidado com tudo que escrevo ou digo porque pode se voltar contra mim. Parece mania de perseguição, paranóia da minha parte. Mas é pudo sadismo com requintes de crueldade da outra (parte).

  Dora foi sem se despedir de ninguém, sem levar um objeto pessoal e agora está sem falar com nenhum amigo, nada. É angustiante! Mais ainda porque, por enquanto, ele está fazendo tudo dentro da Lei. Ela está sem  paradeiro, não sei o novo endereço do guardião, mas ele já fez isso antes, quando reverteu a guarda em 2005 e mudou-se para a casa da namorada. São brechas da Justiça. Enquanto eu não tiver o endereço não posso entrar com ação de regularização de visitas e fico sem ver ou falar com a minha filha.  Eu fiz isso também, mas contra a Lei e agora pago por isso, não, quem paga é a Dora, que foi arrancada de tudo que ela tinha porque eu estava dando tudo o que ela precisava, mas fora da Lei. A Jusitça é lenta. É muito tempo de litígio, é muito cansativo, Dora está crescendo no meio disso, ela já tem e só tem 9 anos. E se continuar assim vai parar quando ela tiver 18. Os trâmites dos processos de família ligados à infância deveriam correr rápido, porque sempre é possível recorrer (ainda bem pra mim) e recorrer de novo.

  Estou tentando mudar o foco, cada dia que passa é um dia a menos para encontrar Dora. Aguenta firme garota, mamãe vai te buscar!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Cartões de Amor e Vela Marrom

  Hoje estava mexendo nas coisas da Dora (tem muito dela em tudo aqui) e achei um cartão do dia 9 de maio de 2010. "Mamãe, você é a razão da minha vida, você me dá amor, carinho, paz, esperança e aconchego. Você é legal e por isso você é 1000. Eu te amo muito. Você a a flor da minha vida. Mom Adriana, You Are Beautiful. Happy Mothers's Day, may 9/2010".

  Será que se a minha advogada mostrar esse cartão para o juiz ele deixa ao menos eu encontrar a minha filha? Ouvir a voz dela? Será que vou poder trazer Dora para respirar ares santistas? Ver os amigos? Dormir em sua cama? Abraçar sua irmãzinha que começa a ficar doente? Será que vou poder trazer Dora para suas coisas, para que ela ao menos possa escolher o que levar em sua nova morada, a torre do guardião?

  Pode ter me faltado paciência, sofro o dobro agora e talvez tenha sofrido no período de 4 anos e 5 meses que cometi a subração de incapaz, mesmo a incapaz sendo minha amada filha. Se eu tivesse aguentado mais uns 6 meses encontrá-la apenas de 15 em 15 dias, sem falar ao telefone nesse intervalo, se eu suportasse vê-la emagrecendo, ficando de olhos fundos e tomando tantos remédios que foi necessário 3 horas de soro na veia, por desidratação, se eu tivesse aguentado. Mas o guardião tinha a guarda provisória e eu, mesmo com potencialidade de reverter isso, como afirma a sentença, não pude esperar mais os trâmites legais, que durariam alguns meses. Tratava-se de uma criança de 4 anos, com urgências urgentíssimas! O guardião havia se separado da madrasta da minha filha, uma atriz de teatro infantil, do Doutores da Alegria, por quem Dora nutria muito afeto. Nessa mulher, que eu nem conhecia, havia o alívio de saber como Dora estava. Sem ela eu não saberia mais nada. E isso é o que ocorre hoje!

  Me faltou paciência e sabedoria, mas estava sobrando amor, e me perturbava o medo constante de que algo muito grave aconteceria com minha filha. Trabalhei mais minha paciência, hoje me falta tanto, é tanta a falta de Dora...

Para Todos os Santos

  Muita gente tem se solidarizado comigo, muita gente me vê sem Dora e eu não posso falar o que aconteceu que me ponho a chorar. Daí surgem os chamados mais diversos, conselhos religiosos, dicas, orações, mandingas, mantras, enfim, todas as vibrações positivas vindas para ajudar numa causa difícil e doída são aceitas com coração aberto e mente nem tão tranquila. Minha ajudante de limpeza, evangélica, orou por mim, me ensinou a aceitar Jesus e levou meu nome em sua igreja, disse que muita gente lá está orando por mim e minha filha e quando ela voltar me fez prometer ir fazer meu testemunho. Prometi e vou cumprir.

  Uma outra amiga, da Umbanda Universalista, me levou ao centro por ela frequentado, mais duas amigas. Sobre a cerimônia não há muito o que dizer, é preciso estar lá para sentir os cheiros, ouvir os batuques, olhar as pessos vestidas de branco e com lindos colares, cantando para os Orixás, esperando os guias para aconselhar os que ali estão. Após uma consulta com o guia, cada um recebe o que precisa. Eu saí com uma rosa branca, galhos de arruda e três velas marrons, mais as recomendações do que fazer com isso. A amiga levada por mim, toda loirinha de olhos azuis, saiu com  uma rosa branca e um galho de arruda. E minha outra amiga, toda zen, levou apenas uma oração. Caramba, meu problema não é nada fácil mesmo. Três velas marrons!

  Esqueci as tais velas marrons no carro da loirinha de olhos azuis, daí a zen foi numa loja e me trouxe as velas. "Olha, quando eu pedi a mulher fez uma cara e me ofereceu galho de arruda!" Daí fiquei mais curiosa ainda sobre o significado dessas velas e fui fazer uma busca rápida na internet: vela marrom é oferecida a Xangô para proteger os injustiçados e castigar os mentirosos e caluniadores, ou seja, o meu guia entendeu direitinho toda a história. Será que o juiz também entenderá?

Sobre a Sentença

  Por uma dessas tecladas erradas apaguei tudo o que estava escrevendo e postei mais do que eu queria sobre a sentença, datada de abril de 2007. Sou julgada incapaz de manter a filha junto comigo, assim como fazer visitas. Mas desde 6 de setembro de 2006 até 10 de fevereiro de 2011 mantive Dora junto a mim, e ela é maior prova de que sou capaz de mantê-la comigo.

  Um ponto bastante questionável da sentença é sobre o rol de testemunhas, não sei quem são as quatro pessoas, obviamente não estava lá, porém logo saberei, pois essas falsas testemunhas ajudaram a prejudicar uma decisão judicial. Afinal, a tal história inventada sobre fuga para o Chile parece ter sido de fundamental importância para definir a sentença. Baseadas em que essas pessoas, que ainda desconheço, ludibriaram a Justiça ao afirmar falsamente, em pleno juízo, que eu "arrumei um namorado no Chile e informei que iria residir lá"? Nunca expressei tal desejo para ninguém, nem para os amigos mais íntimos, porque essa ideia nunca existiu! Mas a outra parte, que nesse momento é o guardião da Dora, perdeu muito tempo indo atrás de falsos testemunhos...até que convenceu alguém.

  Hoje pela manhã o avô da Dora me retornou um ligação. Eu queria saber da Dora. Ele disse que ela está bem, indo para a escola e balé, que não sente falta de nada e suas únicas queixas foram sobre as mordidas da irmã e porque tinha que ficar tomando conta dela! Sobre as mordidas pode até ser, embora Miranada preferisse puxar os cabelos de Dora, mas tomar conta... enfim, para completar, o nonno disse que Dora é uma menina linda: "Ela inteligente, tranquila, bem educada,  parabéns, você a educou muito bem", como o avô. José Hércules Golfeto, é psquiatra infantil, catedrático da USP Ribeirão Preto, acho que é uma boa testemunha, ele mesmo admite como cuidei bem de Dora, portanto, sou capaz! A maior prova de que sou capaz de manter minha filha comigo é a própria Dora.

terça-feira, 1 de março de 2011

Dora está Guardada

   Dora está guardada. Ela mora na casa do guardião, mas não sei onde ele mora. Cumpre com perfeição o seu papel, de guardá-la... Dora está guardada e junto com ela o guardião quer guardar suas lembranças, seus amigos, seus sonhos, seus desejos, suas expressões. Tão triste o mundo de Dora ter sido desconstruído. Onde ela está não sei onde, nem como, só sei que está guardada e nem seus melhores amigos podem encontrá-la. Dora não pode se comunicar. Liberdade de expressão para Dora, que insistam em deixar Dora falar, escrever, se expressar! Que todos as vibrações cósmicas conspirem para Dora ser atendida em suas urgências!

  Menos poesia, mais fatos

  Nesse final de semana uma amiga minha, Ana Bruni, mãe de Manuela, amiga de Dora desde os 2 anos de idade, pediu um contato da minha filha, já que o guardião não permite que ela fale comigo, pautado em decisões judiciais, que deixe as meninas conversarem! Manuela, 8 anos, seu irmão João, 4, e a mamãe Ana, viriam para Santos, mas Dora não estava. João e Manuela não quiseram vir, porque não teria Dora, não teria graça (não que eu não tenha  nenhuma graça e que a Miranda, irmã de 2 anos de Dora, não seja a mais engraçadinha, que me tira da tristeza e saudades profundas, mas Dora realmente sempre torna tudo mais engraçado). O comentário de Manuela, que foi poupada dos detalhes processuais, foi o mais certeiro: "Que coisa, a Dora vai ver o pai bem no final de semana que vou ficar com ela". Infelizmente não pude dar a Manuela nenhuma certeza de quando encontrará Dora novamente.

  Mas Ana, que sempre acha que o bom senso deve prevalecer, resolveu ligar para o número de celular em que, por duas vezes em 18 dias, o guardião permitiu que Dora ligasse brevemente para sua mãe. Para surpresa de todos, o número que sempre acabava em caixa postal quando buscado por prefixos 13 da Baixada Santista, resolveu dar sinal de vida. Ana, com toda sua delicadeza e voz doce, apresentou-se gentilmente como mãe de Manuela, uma grande amiga de Dora, que gostaria muito de conversar com ela. A resposta seca foi: "não é possível no momento". "Então, por favor, você poderia dar o recado que a Manu ligou e está com saudades dela e, se possível, pedir para Dora retornar, o telefone de minha casa é esse que apareceu em seu visor". A voz seca ficou como de um robô, ainda segundo impressões de Ana: "quando houver ocasião".

  Será que o papel de guardião está sendo bem  interpretado? Não há Lei que obrigue um guardião a deixar que uma criança de 9 anos comunique-se pela internet ou telefone, mas será que há alguma Lei que proíba um guardião de privar a criança de ter contato com todas as pessoas do seu convívio social? Guardar é privar? Dora não tem direito de ter contato com seus amigos? Por isso peço aos amigos de Dora que não concordam com essa privação de direitos humanos, liguem para o mesmo número celular: 11 82528133, chamem por Dora, se ela atender, digam que sua mãe a ama e vai trazê-la de volta, mesmo que demore um pouco e alguns dias já é muito. Se o guardião responder com a tal voz de robô, deixem o recado. Dora precisa de uma mensagem externa, vinda de fora, da vida que ela vivia.

  Esse número de telefone está num site, como contato do guardião,  por isso creio que não estou transgredindo nenhuma Lei.