sábado, 13 de setembro de 2014

"Sabe que isso não vai dar em nada"

    Hoje era dia de visita. Minha advogada conversou ontem longamente com o advogado da outra parte, Danilo Murari Finestres. Mesmo já tendo recorrido, entrado com agravo e apelação, provavelmente tendo lido de trás para frente e de frente para trás a sentença, disse que entendeu outra coisa. Que essa visitas deveriam ser monitoradas por psicóloga e só ocorreriam no ano que vem. Enfim, o advogado ajuda o cliente em seus interesses, como deve ser, já que é pago para isso. 
   Minha advogada disse para eu nem ir porque ou não estariam ou não deixariam, teria de chamar polícia e tudo isso. Ela é do tipo que pensa na criança, não na cliente. Sei o quanto minha filha ficaria irada ou envergonhada ou sei lá porque não sei mais nada dela.
   O advogado da outra parte só pensa no vil metal. Tanto que até desistiu de me cobrar judicialmente a dívida que só aumenta e sua maior preocupação no papo com minha advogada foi sobre negociar o que devo para ele. O cara está sendo "legal", disse que nem quer cobrar juros, só os 15 mil, porque eu tinha dividido em 16 parcelas de mil, paguei a primeira, lá nos idos de 2011, quando pensei que minha filha estaria em São Paulo com o pai (afinal Jonas Golfeto morava desde 1994 em São Paulo e sempre odiou Ribeirão Preto, costumava dizer que era uma província com mania de megalópole). Mas mandei um email para ele, me desculpando, porque os outros 15 mil seria o que eu gastaria viajando toda hora para Ribeirão Preto. A verdade é que ninguém vai preso por dívida nesse País, muitas vezes nem por crimes hediondos.
     Enfim, eu, Paola, que havia acordado 5h para fazer seu treino e correu "só" 20km (o total era 30km, mas o calor aqui está muito insuportável), descansou um pouco, tomou um banho e nem almoçou para poder estar comigo lá, às 14h. E lá estávamos nós e Miranda na frente da casa dos avós, José Hércules Golfeto (o tal psiquiatra infantil de metodologia duvidosa) e Ed Melo Golfeto (psicóloga, finalmente aposentada). Não havia sinal de vida, nem carro na garagem. Suponho que Danilo Murari Finestres tenha orientado a família a sair de casa antes do almoço e só voltar à noite.
     Fomos na delegacia fazer um Boletim de Ocorrência. O escrivão disse: "Você veio até aqui para ver sua filha e sumiram?". Sim e coloquei lá que o cara é ator, nome dos avós, data de nascimento do genitor e endereço. Mostrei a ordem judicial. Perguntei se isso é motivo de ordem de prisão. Ele me olhou sorrindo: "sim, mas sabe que isso não vai dar em nada, nesse País você pode matar e se não for pego em flagrante e se entregar em três dias, responde em liberdade". Sim, senhor escrivão, eu sei bem como NÃO funciona o sistema judicial brasileiro.
     O que faço agora? Levo esse BO para encher ainda mais os 10 volumes de processo. Não vai dar em nada. Amanhã eles vão sair de casa antes das 9h e voltar depois das 19h. Agora vai ser assim, a cada 15 dias desaparecem. Como vive com tamanha infelicidade essa família? 
     Tem uma tia avó, a única irmã do avô que é evangélica, ela diz que quando eu aceitar Jesus no meu coração tudo vai mudar. Olha, tia, quem tem que aceitar Jesus é essa família Golfeto. Temo muito que minha filha fique igual a eles. O DNA ela já tem, a convivência também...
      E assim continua a saga sem fim. Sem fim? Acho que já deu pra mim.

9 comentários:

  1. Devia ficar espiando de longe quando eles chegarem..
    Ai com eles em casa chamava a polícia, pq eles teriam que abrir para a polícia e com a ordem judicial queria ver a desculpa...

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    1. Liz, certamente eles voltariam depois das 19h. Acho até q o pai viajou com ela. No domingo liguei às 7h da manhã para os avós, os dois atenderam, acho q a avó estava até dormindo. Avisei q não estava mais em Ribeirão e que eles poderiam passar um domingo tranquilo, sem sumir com ela. A avó agradeceu e me desejou boa sorte: Amém!

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  2. vai, sim!
    é isso, mana! ninguém falou que ia ser fácil, mas vai dar tudo, tudo certo.
    o tombo no começo da caminhada faz parte.
    mas o caminho é esse, ta bem pensado, debatido e estudado, lembra?
    tem todo o resto pra cuidar, respira e segue.
    bora junto!
    bjs

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    1. Angel, querido, começo da caminhada? Essa história leva 10 anos e a minha caminhada de vida, certamente já passou da metade... sim, respirei, vou seguir e cuidar :)

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  3. Nosso reino, minha querida, não é desse mundo. Esse mundo é o reino da hipocrisia, da maldade, da ignorância, da injustiça e do medo.

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    1. Nossa, André, falei isso esses dias, que não sou desse mundo, por isso vou acabar presa ou em hospício, pq se em 44 anos eu não consegui me enquadrar na hipocrisia, na maldade, na ignorância, injustiça e medo, não vou conseguir mais, acho q viver à margem é o que resta....

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  4. Olá Adriana. Venho acompanhando o seu blog e a sua luta. Sou filha de pais separados também e sei como é isso. Fui criada por meu pai desde os 6 meses de idade e não via a minha mãe biológica. A família do meu pai toda odeia a minha mãe biológica e sempre ouvi horrores a respeito dela.
    Mas o ser humano é curioso, principalmente quando se trata das suas raízes, das suas origens.
    Por isso, por experiência própria, talvez sua filha não demonstre para as amigas, avós e até mesmo o pai, mas ela tem uma vontade enorme de te ver, de te conhecer e contar as suas experiências, pensamentos.
    Não sou uma pessoa religiosa, mas tenho fé que quando ela tiver oportunidade, ela irá te procurar, conversar com você, querer te conhecer melhor. E toda a imagem que fizeram de você pra ela, vai desaparecer!!
    Força nessa luta. Estou torcendo por você.

    Abraços.

    P.S: Não consegui colocar o comentário identificado, mas marquei para receber as respostas. Desculpe.

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    1. Muito obrigada! Fiquei triste por sua história... vc não teve oportunidade de conhecer sua mãe na infância e isso deixa um buraco terrível... penso q o tempo cura em parte, mas a dor permanece escondida. Minha filha me conheceu, conviveu comigo e sabe a mãe q sou, mas estando com esses avós (psiquiatra infantil e psicóloga) tenho medo q coloquem falsas memórias na cabeça dela... vai pra 4 anos q não convivemos e não compartilhamos nada. beijos e se quiser, me escreve por email <3

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    2. Obrigada Adriana. Estarei sempre acompanhando sua luta e torcendo por sua vitória.
      Bjs

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