segunda-feira, 27 de junho de 2016

Nenhuma Crise Levará Embora

    Andei parada de escrever por motivos exteriores. Me acidentei novamente. Desta vez atravessando uma faixa de pedestre, tombei do nada. Não era bem do nada, havia uma espécie de lombada que já fez muita gente cair no mesmo lugar. Inclusive eu mesma ajudei um senhor a levantar-se, no local. Fui socorrida por várias pessoas. Trinquei um osso da mão direita. Desde então (isso ocorreu no dia 17 de junho), passei a usar o outro lado do cérebro, fazendo da mão esquerda minha principal aliada.
   É bem difícil fazer tudo ao contrário, me sentir limitada, não conseguir lavar os cabelos, não poder escrever com os 10 dedos. Por isso tenho pensado muito no Stephen Hawking* (físico teórico e cosmólogo britânico). Totalmente imóvel, está há mais de 30 anos sem nem poder usar a fala. E continua com aquele cérebro brilhante, fervilhando de ideias. 
   Apenas perdi por um tempo a mobilidade da mão direita, posso falar e gravar, tenho uma porcentagem bem menor de brilhantismo no cérebro e sinto-me parada no tempo. Então peguei Uma Breve História do Tempo** para ler novamente e me pareceu bem mais simples do que há quase 30 anos. Meu corpo já dobrou a curva da metade da vida, mas meu cérebro não parou de evoluir. Deve ser assim com todo mundo.
   Esse tempo parada me fez ter mais vontade de fazer tudo. Comemorei meu aniversário na Casa do Ernesto, com amigos queridos, com muito frio, música e vinho. O tempo é breve, passa tão rápido, temos tanto para fazer, tanto para aprender.
     

    Nesse mês e meio que não escrevo por aqui, conheci um grupo de psicanalistas que faz um lindo programa social em comunidade. Conheci ativistas que estão indo para o Mato Grosso do Sul, para tentar evitar o massacre dos guarani-kaiowá, mesmo correndo o risco de também serem massacrados. Estou cada vez mais envolvida com a cultura oriental (medicina chinesa, kung fu, budismo). Mais algumas mães que perderam a guarda de filhos entraram em contato comigo. Mal posso responder os emails com pedidos desesperados de apoio. Conheci uma dessas mães pessoalmente. Perdeu a guarda há pouco tempo e é sempre o mesmo. Ficam emocionadas ao saberem que não são as únicas, querem que outras mães e filhos não passem por isso, ficam reféns do sistema judiciário, gastam tudo que tem, vendem seus bens, pagam gordos honorários para advogados que "fazem o que podem".
      
    E com tantos problemas do mundo para resolver começo a achar os meus meramente circunstanciais. Com a União Europeia se desunindo, com circo de passagem de tocha olímpica matando onça pintada (em extinção) em Manaus, com a proximidade dos Jogos Olímpicos e o estado de calamidade pública do Rio de Janeiro, com moradores de rua morrendo de frio em São Paulo, com o governo ilegítimo no Brasil, com o desemprego crescendo, a aposentadoria chegando mais tarde, economia parada por essa bandalheira política, com o crescente fascismo no Brasil e no mundo, fica cada vez mais difícil ter esperança. Porém, historicamente, sempre nos momentos de crise surgem as melhores ideias e soluções. 
   Estou farta desse nacionalismo barato, dessas bancadas religiosas que colocam bíblia acima de leis. E, principalmente, desse atual desgoverno que veio com a velha máxima de "não fale em crise, trabalhe". Muito bem, senhor presidente interino, então nos dê emprego para trabalhar, nos dê trabalho remunerado. É tanto tema para escrever que me sinto perdida. É tanta crítica para fazer que me sinto inútil. 
   Não dá mais para acreditar em mídia nenhuma no Brasil. Para grandes emissoras de TV e jornais já ficou feio defender o golpe. Pessoal que saiu às ruas pedindo impeachment da presidente Dilma, agora percebe o papel de marionette. Serviram como patos, a la Fiesp. Então o que faço é falar com pessoas nas ruas, ver como estão os movimentos sociais. "Não fale em crise, estude", foi o que me disse um desses psicanalistas que conheci. Estude, leia, entenda o momento histórico que vive o mundo. E quando, e se a crise acabar, você saberá muito mais do que sabia. E o saber, o conhecimento, é o único bem que crise nenhuma levará embora.


* Hawking é portador de esclerose lateral amiotrófica, uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo sem atingir as funções cerebrais. Ainda não possui cura. A doença foi detectada quando tinha 21 anos. Em 1985 Hawking teve que submeter-se a uma traqueostomia e, desde então, utiliza um sintetizador de voz para se comunicar. Gradualmente, foi perdendo o movimento dos seus braços e pernas, assim como do resto da musculatura voluntária, incluindo a força para manter a cabeça erguida, de modo que sua mobilidade é praticamente nula. Em 2005 Hawking usava os músculos da bochecha para controlar o sintetizador, e em 2009 já não podia mais controlar a cadeira de rodas elétrica. Desde então outros grupos de cientistas estudam formas de evitar que Hawking sofra de síndrome do encarceramento, cogitando traduzir os pensamentos ou expressões de Hawking em fala. A versão mais recente, desenvolvida pela Intel e cedida a Hawking em 2013, rastreia o movimento dos olhos do cientista para gerar palavras.

** Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros (título original, em inglês "A Brief History of Time:From the Big Bang to Black Holes", 1988), é um livro de divulgação científica, publicado pela primeira vez em 1988, inclui a Teoria do Big Bang, Buracos Negros, Cones de Luz e a Teoria das Supercordas ao leitor não especialista no tema. 

2 comentários:

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