segunda-feira, 18 de maio de 2015

Das Coisas do Amor - Que não Explica Coisa Nenhuma

   Sempre penso na explicação das coisas, uma razão de ser para o tal fato bizarro que aconteceu ou porque não ter evitado algo que estava na cara que iria acontecer. E quase tudo tem explicação física, química, matemática ou alguma ciência específica. Procuro lógica para o que parece irracional ou incompreensível. Sei que tudo começa e acontece e muitas vezes acaba, antes mesmo de acontecer, ou do parece que aconteceria. Quase sempre. Ou sempre. 
   Ainda não achei sentimento, leis, opiniões, ideias que sejam imutáveis ou infinitos. Talvez o amor. Mas penso que o amor muda, ele cresce, é mutante, mas não se nunca acaba. E só posso crer no amor infinito se deixar de acreditar na finitude do ser. É preciso ser para amar ou basta estar?
    Tudo que somos e sentimos começa na questão filosófica. Até o amor. Mas é muito mais do que isso, é tão complexo racionalizar o amor, quanto destrutivo. Escolhemos a quem amar na maioria das vezes. Porque amamos o que somos no outro ou para o outro. E de tanto pensar no amor, ele acaba porque não era amor, era o reflexo do que queríamos ser e que vemos quando estamos com o outro. Porque o amor não pode ser tão simplesmente filosofia e literatura. O amor é muito maior e ancestral nisso tudo. Nisso tudo que é a vida e o Universo.

  Se somos todos iguais por que só algumas pessoas causam ebulição nas outras? Há o coração que acelera não pelo movimento do corpo, odores que causam náuseas ou sons que estouram os ouvidos. Apenas pela lembrança o coração já vibra diferente. E o corpo estremece, de calor ou de frio. Um rosto que parece a junção de todos os rostos que já passaram. A sinergia de todos os músculos e órgãos no mesmo objetivo, na mesma dança, tão lúdica quanto primitiva, tão suave, quanto intensa.
  Isso não deve ser apenas química, física quântica e biologia. Teria algo de muito mais espiritual no amor  do que químico, muito mais inexplicável do que plausível. Seria espiritualmente tão forte que passaria do metafísico para o físico. Assim como os laços químicos e biológicos que unem mãe e filho. Esse amor também tão visceral.

   Há quem diga que ninguém morre de amor. Penso ao contrário, que todos morremos de amor. O amor mata sempre uma parte de nós que precisa ir embora, ou porque o tempo acabou ou para nos deixar mais livres, mais leves. Com mais espaço para o amor. E talvez por isso eu pense que o amor pode mesmo ser infinito, porque nos mata, nos leva embora do que somos, mas nos deixando vivos, nunca morre em nós. 
   O amor traz todas as questões de todas as áreas, em todas as vidas. O tanto que a gente pensa e sente quando o filho nasce, o tanto que a gente pensa e sente quando percebe que está mesmo apaixonado. As mudanças químicas transformam o corpo, alteram percepções, ludibriam sentidos. Eu perco a fome, o sono, o foco, mas de alguma forma, ganho o que não costumo ter, fé. Acredito em cada abraço que dou, faço apertado e prolongado. Sincronizar a respiração e as batidas cardíacas, sentir o cheiro, afagar os cabelos. Demonstrar o amor.
  Não há nada que expresse mais amor do que o abraço. Não precisa de palavra nenhuma, nem falada, nem escrita, sem verbalizações ou questões que nos roubam o agora. Nas vezes que me senti próxima de algo divino, que pode ser deus, estava envolvida por braços. Os delas e os dele.

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