quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Seis Meses Sem Mãe

  Há exatos seis meses, a menina Dora, que acabara de completar 9 anos um dia antes, foi arrancada da mãe. Pior que isso, já que não pôde nem dar um abraço de despedida na mamãe ou um beijo na irmãzinha, foi tirada da sala de aula, na escola Ateneu Santista, em Santos, onde aprendia compenatradamente, como excelente aluna que é.
  Sem entender o que acontecia, a precoce criança seguia obediente junto ao oficial de Justiça, advogado do pai  e funcionário da escola ao encontro do pai, que após 4 anos e 5 meses sem vê-la, efetiva sua busca e apreensão, com imagens gravadas exclusivamente pela Rede Globo, para o programa Profissão Repórter, a pedido do próprio pai, o ator Jonas Golfeto.
  Dora ainda pede, diante das câmeras, com microfone devidamente acoplado ao corpo do pai, para falar com a mãe. "Hoje não", é a resposta. E essa criança segue diretamente para o Fórum João Mendes, em São Paulo, para passar por corpo de delito, provando que sua amada mãezinha não lhe fez nenhum mal. Entendendo cada vez menos, tenta acreditar que é um mal entendido e que sua mãe irá resolver tudo. Antes de cochilar, ainda lembra do que fez pela manhã: foi com sua mãe fazer a matrícula para o segundo ano de ballet, no Municipal de Santos. "Ah, que bom, minha melhor amiga Raquel passou no teste e também vai dançar lá, vamos dançar juntas", é seu último pensamento.
  Mas acorda e é informada que está sendo levada para Ribeirão Preto. Percebe que está, geograficamente, cada vez mais longe de sua mãe. Dois dias depois, o pai permite que fale com a mãe. Não pode dizer onde está. A mãe pergunta, diz que a ama, que irá trazê-la de volta. O coração de Dora se enche de esperança e de uma emoção tão grande, que começa a chorar. Mas seu pai pega o telefone e desliga. Não permite mais que a filha fale com a mãe. Não permite até hoje! Seis meses depois!
  E os dias se passam e Dora vai morar na casa dos avós, que também não vê há mais de 4 anos. Começa em nova escola, nova turma de balé, faz novos amigos. Seu pai não levou nada que era seu, nenhuma roupa, brinquedo, livro ou fotografia. Ela sente muita saudade, muita dor no peito, vontade de chorar. Antes de dormir, sozinha em seu quarto impessoal, lembra da vida que teve, das viagens que fez, dos amigos que nunca mais viu ou sequer conversou pela internet. E pensa tanto em sua mãe Adriana. Essa mãe que sempre fez tudo por ela, que a amou, ensinou e educou. Dora lembra de tantos momentos divertidos com a mãe, dos amigos da mãe, sempre tão legais. E da facilidade com que sua mãe ficava amiga das mães e pais dos seus amigos! Sua mãe Adriana era tão legal que deu até uma irmãzinha "menina" de presente! E Dora não entende porque não pode morar com sua mãe, porque sua mãe é proibida de vê-la. E os dias se passam, as semanas, os meses... e Dora não sabe o que sua mãe está fazendo, como está sua irmã Miranda, seus melhores amigos, suas coisas... ela não sabe porque ainda não viu sua mãe. Será que sua mãe desistiu? Dora resigna-se.
  Quase seis meses depois, ela pode ver e falar com sua  mãe por skype. A emoção é tanta, que já aparece na tela chorando. Dora não consegue conter as lágrimas, as perguntas, as saudades. Mas seu pai está ali do lado, monitorando o tempo todo. O que pode ser dito ou perguntado. Sua mãe, tão ansiosa, quer explicar o que está acontecendo, quer saber tudo o que ela está fazendo, o pai não deixa falar ou perguntar, diz que vai desligar. Mas a mãe, que está numa agência, apresenta os novos amigos do trabalho, mudam de assunto. Dora mostra seus lindos desenhos, os livros que está lendo, começa a falar da escola, do ballet... e o pai de novo não deixa falar.
  Então a mãe diz que no dia seguinte, já que se falarão das 19h às 20h, todos os dias, entrará com Miranda. E no final de semana com sua melhor amiga Raquel. Dora fica radiante! Que bom que ela manteve esperança, que bom que sua mãe manteve a amizade com os seus amigos! Que bom que tudo irá se resolver, seu coração irá parar de doer! Nessa noite, após tantas noites de lágrimas, Dora dormiu com um sorriso no rosto. Com a certeza de que veria a irmãzinha no dia seguinte...
  Mas não há mais conversa no dia seguinte. O pai decide cancelar até "o juiz apreciar as provas gravadas e protocoladas no processo". Talvez para fazer perdurar tudo isso e assim desfrutar um pouco mais do seu sadismo. Ou realmente acredite que uma hora com a mãe, por skype, todos os dias, seria muito nocivo para Dora, seria muita subversão!
  A menina, tão doce, tão meiga, fica desesperada! Chora! Novamente fica órfã de mãe. Será que seu pai não entende, não vê o seu sofrimento? A vida de Dora foi ceifada. Acabaram com toda a vida que Dora teve e a obrigaram a começar uma nova vida, tentando apagar toda e qualquer lembrança do seu passado. E agora está num jogo doente de dá e tira.
  Por favor, tenham compaixão por Dora.


6 comentários:

  1. Cara Dora,
    Somos tios e testemunhas. Somos amigos da sua mãe. A verdade que ela conta aqui é a do coração, aquele que bombeia e nos mantém respirando, faz o nosso sangue aquecer as ideias e o colo. Não julgamos aqui caráter e nem pormenores, não julgamos. Aqui apenas ajudamos a sua mãe a ter você de volta.
    Estamos com saudade de você.
    Com amor,
    Tio Fábio

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  2. Dorinha querida, nossa linda bailarina, seja forte mais um pouquinho, porque no fim o AMOR triunfará, o amor verdadeiro e incondicional, o amor da sua mãe e da sua irmãzinha Mimi e da vovó Laura.
    E de todos nós que amamos vocês todas, e que envolvemos vocês com nossas lembranças e votos constantes de que esse pesadelo acabe logo, acabe já, e vocês estejam em breve reunidas e livres e possam viver juntas em paz, e que em breve vamos todos nos reencontrar pra muitas viagens e aventuras em praias e cachoeiras!
    Um grande beijo da Gab, Angel e da Inaêzinha (que já está andando e falando um monte, você precisa ver só!)

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  3. É só uma questão de tempo!!! O melhor está por vir!!! Beijos!!!

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  4. foi o post que mais chorei Adri...
    esse ser me dá ansia...tanta podridão...tanta maldade...

    Calma Adri...calma....

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  5. Chorei mesmo lendo esse post, queria te dizer mais, Dri, te dar uma força, mas vc me deixou sem palavras. É muito triste, é muita coisa pra cabecinha de uma menina de 10 anos compreender.
    Torcendo pra q tudo se resolva logo! Torcendo por vc, Dora e Miranda!!

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  6. Ohh querida Dora. Estou rezando muito para tudo isso acabar. Aguenta só mais um pouco. Deus é sábio e está a ver tudo. Tudo isso logo vai terminar e vc voltará a ficar com sua irmã!

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