domingo, 9 de fevereiro de 2014

Mais Um Ano Sem Você


    Em novembro minha advogada fez uma série de pedidos para o juiz Do Processo*. O único aprovado foi que eu pudesse ver minha filha antes do Natal. Como ateia não ligo para Natal, a primeira árvore montei depois que me tornei mãe, já que as crianças gostam de árvores, enfeites, festas e são muito novas para entender o consumismo frenético da data. Mas acho lindo as pessoas se tornarem mais generosas e simpáticas nessa época do ano. Algumas só nessa época. Talvez esse juiz seja cristão e ficou com pena da criança. Mas também pedi 10 dias de férias. Talvez a advogada não tenha especificado que era para 2014. As férias acabaram. Se ao menos o pedido fosse negado, eu poderia recorrer, mas o juiz, a pessoa que deve decidir, não decidiu! E ficamos a mercê desse magistrado tosco, lento e corrompido. 
   Passei 10 dias em Búzios (RJ), com amigos queridos, com Alice e Raiz, amigas da minha filha. Búzios é sempre lindo, sol todos os dias, mar gelado, vento, lugar perfeito para passar o verão. O restante do mês fiquei no Guarujá, porque moro onde as pessoas pagam para passar férias. Minha filha? Passou seus dois meses férias em Ribeirão Preto, no calor infernal, como ela mesma diz. Sem viagem, sem praia, sem mãe
   Hoje Dora completa 12 anos. Amanhã completará 3 anos que minha filha foi levada para a casa dos avós e nunca mais dei um boa noite, nunca mais almoçamos, jantamos, tomamos sorvete, passeamos juntas. Isso torna esses dias tão tristes, queria que não existissem calendários, nem datas.  Continuo não sabendo nada sobre suas alergias que a obrigam tomar vacinas semanais “para sempre”, sobre sua escola, seu ballet, não conheço nenhum de seus novos amigos, nada de seu cotidiano. Uma data que seria para comemorar, mas só me dá tristeza. Muito triste lembrar do seu nascimento, dos planos, da sua infância roubada e como a “justiça” nos separou. 
   Já passou tempo demais para ficar esperando decisão de juiz que não decide. O judiciário é uma fábrica de desesperança. As dezenas de mães na mesma situação dizem que agora só esperam a justiça divina. Como prefiro não acreditar em deus (se acreditasse o detestaria), só espero o tempo passar, assim minha filha completa logo 18 anos e deixamos de ser apenas números de processos e voltamos a ser gente. Talvez a infância desses juízes tenha sido muito ruim ou tão distante que não lembram como as férias de verão eram esperadas, desejadas, queridas. 
   Nesse último mês mais três mães me escreveram porque estão com medo de perder a guarda, uma delas “já” está nas perícias e me perguntou como agir. Sinceramente, acho que devem fazer o oposto do que eu fiz, porque nada do que eu faço funciona. Outro dia dei dicas para uma mãe de como procrastinar o processo e manter seu filho em sua casa. Dei todos os passos e estratégias de Jonas Golfeto, a outra parte, aquele que, se tinha alguma razão, já perdeu faz tempo. Expliquei como usar a morosidade da Justiça a seu favor. Daí um desses pais machistas e “sofredores” desses grupos de Alienação Parental, com 99% de homens, que acham todas as mães um monstro, me detonou, disse que tirou prints das minhas dicas de alienação e iria mandar para o avô José Hércules Golfeto, o psiquiatra infantil que não permite que a neta veja e conviva com a mãe, mas insiste em dizer que não manda nada, o filho que manda e toda aquela ladainha para acabar com a paciência e sanidade das pessoas comuns. 
   Enquanto José Hércules Golfeto não conseguir judicialmente tirar meu blog do ar, quero muito escrever aqui o nome dele, para que os pais de seus pequenos pacientes fiquem alertas sobre em que mãos confiam a saúde mental de seus filhos. Minha intenção nunca foi levá-los à falência, afinal são os avós os responsáveis financeiros por minha filha, pagam escola, balé, alimentação e vestuário. Mas também pagam os advogados.     Infelizmente são pessoas que preferem perder tempo e dinheiro com o judiciário do que aproveitar a vida, tão curta e tão frágil, com algo útil e produtivo. Será o quarto ano distante da minha filha. No começo era uma dor de morte, de luto. Agora, como todo luto, existe uma saudade do passado que era bom, mas aprendemos a seguir vivendo sem a pessoa que amamos. 
   Queria falar aqui de outra mãe, Nina Guedes, que também participava desses grupos virtuais de pais (homens) que querem a guarda ou o direito de ver seus filhos. Nina contestou um comentário machista, que dizia ser ela uma exceção. Logo Nina revidou dizendo que em seus 4 anos de fóruns conheceu muitas mães na mesma situação. Também dei lá o meu comentário porque tenho essa mania de me manifestar. Disse que eu também sofria do mesmo mal e conhecia mais umas dezenas de mães. A verdade é que todos, absolutamente todos os homens que pegam a guarda de filhos os deixam aos cuidados de terceiras (avós, tias, madrastas, babás). O pai que pede guarda na Justiça é mal intencionado. 
    Um exemplo é Jonas Golfeto, que sempre morou em São Paulo, mas pegou a filha e levou para morar com os avós. Sua intenção era que eu nunca mais visse Dora, já que entrou com uma ação de “destituição do pátrio poder”, pedindo para tirar meu nome e dos meus pais da certidão de nascimento e o meu sobrenome do nome dela. Não conseguiu isso, mas conseguiu nos afastar. 
    Por que será que ele mudou de São Paulo já que vivia lá há mais de 15 anos? Porque jamais daria conta de cuidar de uma menina sozinho, tão simples. Tem quase 40 anos e não consegue cuidar nem de si. O pai que consegue guarda judicialmente é sempre por vingança e age de má fé, com mentiras, já que pode dizer qualquer coisa, já que a outra parte que deve provar o contrário, nisso leva-se anos. O pai que fica com a guarda porque a mãe surtou, é drogada ou está impossibilitada, faz de tudo para a mãe melhorar e poder cuidar dos filhos. Eu sei, eu conheço homens assim. 
   O judiciário que alimenta o sentimento de vingança e ódio, só faz crescer o tamanho da amargura. Na próxima semana Miranda completará 5 anos. Só no primeiro aniversário teve a irmã do lado. E eu, aquela garota que nunca quis ter filhos, quando decidi ter a primeira, porque senti um amor incontrolável dentro de mim, sabia que teria a segunda, porque não gosto de ser filha única e não queria isso para Dorinha. Agora me pego com outra filha única, que exige muito mais atenção, que não tem outra criança para brincar em casa ou assistir desenhos. Envelheço de uma forma triste e solitária. Novamente sigo no meu looping infinito...

6 comentários:

  1. Minha querida Adriana, faltam-me palavras para comentar esse texto. Quero somente discordar de uma coisa, você escreveu: "O pai que pede guarda na Justiça é mal intencionado". Não concordo. São raros, mas existem pais que pedem a guarda dos seus filhos porque as as mães (não agem como mãe), ou falecem etc. o que OBVIAMENTE não é o seu caso. Vi você duas vezes com Dorinha, você é uma mãe pra lá de maravilhosa, porque além de mãe é amiga. Mas quero ressaltar também que concordo plenamente quando você escreve que: "A verdade é que todos, absolutamente todos os homens que pegam a guarda de filhos os deixam aos cuidados de terceiras (avós, tias, madrastas, babás)".. Ninguém sabe ser mãe!! Mãe é mãe... o resto é 'vaca', literalmente falando. Você é uma mãe incrível e terá muito tempo para exercer essa função como tal de Dorinha e de Miranda, eu assistirei de camarote, tenho certeza!!!

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  2. Estou aqui em lagrimas com suas palavras Adriana, porque estou passando pelo mesmo problema... Ainda não perdi a guarda do meu filho mais tudo indica que vou perder, o pai dele está usando de tudo, até a fonaudiologa do meu filho ficou contra mim!!! Como vc citou acima isso tudo e por ódio de nós que nos separamos... E até quando a justiça via agir assim meu DEUS!! Estou desesperada so de pensar em ficar longe dele.

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    1. Me escreve por email mendes_jornalista@yahoo.com.br se vc está com seu filho, não vai perder a guarda dele! Te dou dicas q advogado nenhum vai te dar, sei exatamente todas as brechas judiciais pra vc protelar isso tudo... não desista, ele está com vc e vc pode virar o jogo!

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  3. Pelo que eu sei a alienação parental não contempla a proibicao do direito de visita e a cf ja estipula em que casos a crianca pode ser afastada da familia,a alienacao não é uma delas,procure saber sobre isto,voce pode estar sofrendo de decisao ilegal.Se eu estiver certo voce pode ate ser indenizada pelo tempo que ficou sem ela.

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    1. Fiquei proibida por mais de 2 anos... pq os adv da outra parte escreveram o que quiseram, sem provas, um promotor (que nem tá mais nessa Vara), leu, acreditou e disse que sou uma mãe nociva e proibiu visitas até fazer laudos, o que, em outra Comarca, leva anos... daí, assim q o promotor acatou, a adv maravilhosa da outra parte, escreveu que eram fatos que eles buscariam provas, pois foram telefonemas anônimos. Haviam mentiras do tipo: Minha filha não tinha cama para dormir, passava fome, eu morava de favor em casa de estranhos....

      Mostrei tudo, inclusive contrato de aluguel em meu nome... como foram 4 juízes até agora, nenhum leu isso... o que eu faço? Processo juízes, vou na OAB denunciar esses advogados? Onde encontro energia para fazer isso? Obrigada Eduardo, estou encaminhando seus emails pra minha advogada.

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