Estava dando uma geral em caixas de
papeladas, me preparando para mais uma mudança física (as afetivas, psíquicas e
emocionais acontecem ainda com mais frequência) e me deparei comigo aos 12
anos. Textos sobre ateísmo, eutanásia, amizade, amores juvenis e música. Penso
que esse ceticismo precoce pode ser o responsável por me tornar uma pessoa infeliz.
Os crentes tem esperança e acreditam que outra vida virá, com alegria, paz e
justiça. Eu acredito nessa vida e cada vez vejo menos sentido nela, menos
alegria, paz e justiça.
O único sentido é a música. Talvez por isso eu admire
tanto os músicos, por mais utópicos, por mais abstratos ou “viajandões” que
sejam, tocam sua fúria, tristeza e alegria. Ou simplesmente se divertem. E me
divertem também. Os momentos mais felizes da minha vida são acompanhados de
trilhas sonoras. As pessoas que mais amo, vivas ou mortas, estão banhadas em
música. Posso até ver as partituras evaporando de seus poros.
Fui lendo tudo
o que escrevi lá na pré-adolescência, minha preocupação com o meio ambiente,
com miséria, desigualdade e o mundo que me esperava quando fosse adulta. Eu
aproveitava todas as chances para ter uma vida melhor. Não era uma nadadora
excelente, mas o suficiente para viajar para vários campeonatos, conhecer
lugares e pessoas de outras regiões e culturas. Me deram alguns peixes, mas
também me ensinaram a pescar.
Não culpo mais os outros por tudo dar errado. Eu escolhi me envolver com esses “outros”, eu escolhi trazer mais gente
para esse mundo com excesso de pessoas e tantos desperdícios. Eu escolhi fazer
faculdade de jornalismo, que é sinônimo de instabilidade.
Penso que o Brasil
piorou nas últimas décadas, mas olho para o resto do mundo e também não vejo
muita evolução, só os países de sempre continuam indo bem: Dinamarca, Suíça,
Suécia. Os senhores da guerra continuam guerreando nos lugares de sempre
(Oriente Médio), mas não deixam de encontrar novos horizontes para despejar seus
armamentos bélicos, o Leste Europeu que o diga. É tanta guerra nova que quase
ninguém lembra dos três anos de horrores que seguem na Síria. Por que eu devo
me preocupar com os ucranianos morrendo nas ruas enquanto se manifestam contra
o seu Governo, com os venezuelanos baleados pelo mesmo motivo? Por que eu
continuo me importando com quem não conheço? Já não tenho problemas
suficientes? Porque somos todos terráqueos e eu me sentia parte disso, agora nem sei se me sinto mais.
Daí eu não queria mais falar de processo, mas foi por isso que
esse blog começou e é bom saber como a Justiça não funciona no Brasil. No
início de tudo, a outra parte pediu que minha filha ficasse três meses sem
contato comigo, para poder restabelecer os laços com a família paterna. Talvez
o judiciário tenha lido errado, no lugar de meses entendeu anos. Afinal já se
passaram 3 anos e 1 mês. Agora o laço afetivo foi restabelecido com a família
paterna, mas não há mais vínculo com a materna. A própria psicóloga forense de
Ribeirão Preto escreveu em seu laudo que as irmãs perderam o vínculo. Era de se
esperar após tantos anos sem contato, sem passar uma noite juntas, um final de
semana de diversão, uma festa de aniversário, um almoço, um sorvete, assistir
um filme. O que o juiz vai fazer agora? É preciso retomar esse vínculo... ou
não, porque depois de tanto tempo nada mais que se faça fará sentido, nem será
justo, nem comigo, nem com ela.
Nos meus escritos antigos encontrei também as
5 músicas que gostaria que tocassem no meu funeral (sempre gostei de Top 5). Escrevi isso aos 23 anos,
eu nem estava triste, era um texto divertido até, talvez eu acrescentasse outras
músicas agora, mas sou uma pessoa fiel na arte, quando me apaixono, vou até o
fim:
Where Is My Mind? – Pixies;
Under Pressure (Queen and David Bowie);
Needles&Pins
(Ramones);
Patética (Bethoveen)
Bolero de Ravel
A música é a única coisa que
faz sentido, na vida ou na morte.
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