Nem iria escrever sobre o assassinato do
menino Bernardo, de 11 anos, pela madrasta enfermeira, com a ajuda da amiga
assistente social e conivência do pai médico, porque minha gastrite nervosa dói
demais. Porém, é tanta gente me escrevendo e falando sobre esse crime
anunciado, que sinto necessidade de me manifestar, talvez porque eu seja uma
referência de indignação judiciária.
O que mais me revolta é a desculpa
esfarrapada do juiz. Mesmo o menino implorando para morar com outras pessoas, o
juiz convenceu a criança a dar outra chance ao pai e agora diz que o “menino
decidiu dar outra chance”. Abominável a falta de hombridade, a arrogância e o
desmazelo do judiciário com nossas crianças. Fico abestalhada em ver como a
maioria dessa gente de toga, que se acha tão acima do bem e do mal, se deixa
impressionar pelo título de “doutor”, afinal o pai do garoto era médico, né?
Coincidência ou não, o avô da minha filha, mentor financeiro, intelectual e
emocional da nossa separação, José Hércules Golfeto, é psiquiatra infantil. Daí
imagino os quatro juízes do meu processo supondo que minha filha estará segura
nas mãos de um médico. Lembrando sempre que de médico e monstro, todos tem um
pouco. O pai de Bernardo é muito mais
monstro do que médico.
O juiz do caso de Bernardo tira o seu da reta ao afirmar
que haviam indícios, não provas. Ora, ora, já os juízes do meu caso e de várias
mães que conheço (hoje conheci mais uma) tinham apenas indícios, mas mesmo sem
provas, tiraram a guarda e proibiram visitas, “até que nós, mães, provemos o
contrário”. Eu já provei, mas nenhum juiz deve ter lido nada. Repito: a
advogada da outra parte, Ana Maria Murari, escreveu que minha filha não tinha
cama para dormir, passava fome e que eu morava de favor em casa de estranhos.
Haviam indícios (ligações anônimas, segundo a brilhante advogada), provei o
contrário, mas ninguém leu. O que se passa na cabeça desses juízes? E o que
dizer de uma advogada como essa, que faz tudo por dinheiro? Pior é que o filho
dessa advogada, Danilo Murari, é seu sócio...
é a falta de ética passando de mãe para filho. Pobre Danilo, mentiroso e
obeso como a mãe, cheio de maus exemplos na própria casa. Esse tipo de advogados
é o que defende assassinos de filhos.
Agora os algozes de Bernardo podem até
ficar presos, mas em celas especiais, já que tem educação “nível superior”,
logo estarão em liberdade e, tal qual Suzanne Von Richtofen , que planejou o
assassinato dos próprios pais, podem encontrar Jesus, converterem-se e
trabalhar na Seguridade Social. Ou pode acontecer como os assassinos da atriz e
bailarina Daniela Perez, que em seis anos estavam livres por bom comportamento.
O monstro, convertido, hoje é pastor, a “monstra” até fez faculdade de Direito
e hoje advoga por aí.
Isso porque Daniela é filha da autora de novelas
globais, Glória Perez, que conseguiu mais de um milhão de assinaturas (a minha
estava lá) para aumentar a pena por crimes hediondos. Nem com sua fama e credibilidade a admirável
Glória conseguiu. Segue a vida com seu buraco no peito e com a sensação de que
não existe justiça nesse País.
A mãe de Bernardo morreu há quatro anos. Segundo
a perícia, cometeu suicídio no consultório do marido, três dias antes de
assinar o divórcio e ficar com mais de um milhão de reais. Uma amiga minha do
Rio Grande do Sul contou que, na época, houve rumores de que o marido era o
assassino, mas haviam apenas indícios, não provas. Repercutiu no Estado, mas
não em território nacional. Vai ver que o juiz também ficou impressionado com o
título de “doutor”, afinal médicos existem para salvar vidas, não para matar
mulher e filho. A Justiça errou duas vezes, tivesse o monstro sido preso,
Bernardo estaria a salvo com a avó materna, que ficou mais de quatro anos sem
ver o neto por proibição do pai.
Bernardo foi brutal e covardemente
assassinado e não teve quem o defendesse. Muito inteligente e igualmente
desesperado, procurou a Justiça, mas essa virou-lhe as costas. Cada dia que
passa confio e acredito menos. Meu único desejo é o de vingança. Eu desisto da
Justiça no Brasil, eu desisto de tentar em vão ter uma migalha da minha filha e
só conseguir gastrite e úlcera. Eu desisto dessa imprensa parcial e
manipuladora. Eu desisto deste País. E só não desisto da minha vida porque
ainda tenho uma filha de 5 anos, que depende única e exclusivamente de mim. Ela
ainda tem quem a defenda.
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