sexta-feira, 10 de junho de 2011

Carta Aberta à Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Rupública

Sra Maria do Rosário Nunes

Minha filha,de 9 anos, foi levada no dia 10 de fevereiro e desde então não podemos nos falar!

   Sou Adriana Mendes, mãe de Dora Mendes Golfeto. Há 10 meses Dora foi levada da escola, em que estava devidamente matriculada, por seu pai, Jonas Golfeto, com oficial de Justiça e Rede Globo filmando. Desde então nunca mais nos vimos ou sequer nos falamos. Seu pai e seus avós, o psiquiatra infantil José Hércules Golfeto e a avó psicóloga Ed Melo Golfeto, não deixam que falemos ao telefone, mais que isso, trocaram números para impossibilitar o contato. O pai também tinha um celular que foi desativado!
  O pai de Dora tinha a guarda definitiva dela desde abril de 2006, conseguida em audiência que não participei e que falsas testemunhas falaram absurdos a meu respeito. O pai de Dora usou um mandado de busca e apreensão de 2008, em que o juiz pedia a máxima cautela devido ao tempo que a filha não via o pai. Mas esse mesmo pai LIGOU para a Rede Globo para filmar esse momento, causando o constrangimento e exposição de minha filha em rede nacional, desrespeitando a ordem do juiz de cautela e sigilo! O programa foi ao ar no Profissão Repórter, no dia 31 de maio último, está no site para que todos possam comprovar tal atrocidade.
   O pai querer expor a filha nem me surpreendeu, já que seu objetivo maior é se promover. Ora, ele tinha a guarda, o mandado e o endereço da filha, também tinha a recomendação do juiz sobre cautela e sigilo, portanto, chamar a Globo só mostra a sua total falta de sensibilidade em relação à filha e sua vontade de ter atenção da mídia. Agora, a Globo mostrar essa cena foi tão ou mais cruel. Isso fere o Direto da criança! Na matéria enganosa, que acredita na versão do pai, conta que Jonas mudou com a filha para Ribeirão Preto. Mentira! Ele mora em São Paulo, onde trabalha contratado pela Prefeitura e apresenta espetáculos (é ator) nos finais de semana, tem residência fixa na Rua Diana, 837, apt 52, Perdizes, São Paulo. Dora está em "posse" dos avôs paternos, catedráticos da área psiquiatra, professores da USP e da UNAERP, ambas de Ribeirão Preto, na rua José Brandini, 333, Jardim Canadá. Estuda na escola Albert Sabin, naquela cidade. Esses profissionais respeitados estão indo contra o Estatuto do Menor e do Adolescente!
  Por ordem judicial tenho as visitas suspensas e por brechas da Justiça e estratégia da outra parte, não consigo mostrar minhas provas. Primeiro não sabia o paradeiro de Dora, entrei com ação no Fórum João Mendes, em São Paulo, onde reside o pai de Dora e onde deveria estar residindo minha filha, já que a guarda é dele e não dos avós. Foi marcada audiência para dia 8 de abril, mesmo dia em que fiquei sabendo o paradeiro de Dora: quase 2 meses depois!
  Outra audiência foi marcada em Ribeirão Preto, dia 9 de maio mas, como não fui citada oficialmente (o advogado da outra parte entrou em contato telefônico com minha advogada), o juiz achou melhor "cancelar" a audiência. No dia das mãe, 8 de maio, eu estava lá em Ribeirão Preto, mas não me deixaram ver ou falar com Dora. Nem o pai estava lá, estava em apresentação teatral no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo.
  Pelos Direitos de Dora venho por meio desta comunicar minha repulsa pelo que foi mostrado no programa Profissão Repórter e ao sistema judiciário, que dá guarda definitiva ao pai que não se importa em expor a filha em rede nacional, ao contrário, CHAMA A REDE GLOBO para mostrar a filha sendo arrancada da escola.
  Houve até agora uma única audiência, dia 2 de agosto, uma chamada audiência de conciliação, com um juiz de paz. Depois de mais de 2 horas, Jonas Golfeto foi convencido a permitir que a filha falasse por skype comigo, todos os dias, das 19h às 20hs. Só nos falamos uma vez, pois ele não permitiu mais e não está contra a Lei, pois era uma acordo amigável, não uma ordem judicial. Dessa forma melhor esperar o tempo passar, os anos são mais rápidos que a Justiça brasileira.

  Cara Ministra, até quando????????????????????????????????????????????????????????????????
Adriana Mendes, jornalista, mãe, cidadã
residente em Santos

quinta-feira, 9 de junho de 2011

As esquecidas



   Todos os dias me chegam relatos comoventes de mães que foram afastadas brutalmente de seus filhos. Hoje fiquei sabendo de uma história cruel, acontecida na Espanha, de uma mãezinha de 15 anos, que teve sua filha de 15 meses arrancada dela porque estava amamentando livremente a filha!
  Eu sempre soube, desde muito jovem, da crueldade do mundo, mas como todos os jovens idealistas, acreditava que pudesse mudar o mundo cruel. Nem me lembro quantas vezes defendi “minorias”. Passei madrugadas de plantão nas ruas de São Paulo ouvindo histórias de viciados, de marginais, de esquecidos...  quando iria imaginar que eu também seria uma dessas esquecidas. Acho até que minha filha Dora pode estar me esquecendo. Amanhã completa 4 meses que ela foi levada daquele jeito da escola, quem não viu pode acessar o site do Profissão Repórter (e dar mais um pouco de audiência para aquele sensacionalismo barato travestido de jornalismo verdade), do dia 31 de maio. É a última imagem que tenho de minha amada filha. Eu não tenho mais a ilusão de mudar o mundo. Foi o mundo que me mudou.
   Cansei de procurar advogados. Demoram tanto para escrever ações que eu mesma, com toda a experiência que tenho na escrita e com toda a informação que tenho do meu próprio caso, escreveria em um dia. Porque sou mãe e tenho urgência. Ficam traçando estratégias de guerra enquanto eu só penso no meu amor. E por isso estou sempre para trás. E o que mais me dói é constatar que a outra parte só separou mãe e filha por sadismo. O pai de Dora, Jonas Golfeto, não está com ela. Mora em São Paulo e Dora em Ribeirão Preto. No último final de semana sua peça nem estava mais em cartaz, mas ele continuava em São Paulo e Dorinha lá, com os avós, José Hércules Golfeto (um psiquiatra infantil) e Ed Melo Golfeto (uma psicóloga) que me proíbem de falar com ela. Esse avô mentiu tanto para mim e agora nem me atende no telefone. Eles são todos tão cruéis.

   Lendo o blog da já tão querida Elaine César, sobre o nascimento do seu precioso Rudá, não pude deixar de me identificar profundamente com seus sentimentos. Ela teve o filho mais velho, Théo, também arrancado brutalmente por uma instituição preconceituosa e lenta e falida. Sentiu tanto ódio, tanta revolta e repulsa. Mas com a chegada do novo filho foi envolvida por novo amor infinito. E agora pode exercer novamente a maternidade. Nas duas primeiras vezes que Dora foi arrancada de mim, fiquei sem chão, doente, perdida. Dessa vez, apesar de ser muito mais longo o tempo sem Dora, sou mais forte, porque tenho Miranda. Continuo sendo mãe, exercendo a maternidade, tendo os cuidados de mãe, cuidando bem, com amor, de minha filha. Quem leva e traz Dora da escola? Quem leva e traz Dora do ballet? Quem vê filmes com Dora? Quem dorme com Dora? O pai que não é...
   Miranda não esquece Dora, ela dança e fala da irmã, veste roupas da irmã e tudo que é de Dora ela cuida com carinho. E fala triste que “Doinha foi emboia”. É tão, tão cruel tudo isso. E por que a outra parte age assim? Para provar que é mais poderoso? Que tem advogados melhores? Que seus pais tem mais dinheiro, que aliás, o Dr Golfeto usa para ameaçar com opressão financeira até minhas amigas? Que valores estarão ensinando para minha doce filha?
   Sinto falta até do silêncio de Dora quando deitava para ler um livro. Nunca mais assisti Boa Sorte Charlie, porque não tenho Dora para rir comigo. Evito passar em frente ao Teatro Municipal, porque choro ao ver as lindas bailarinas indo para suas aulas. Não sei quanto tempo surportarei isso. Não sei quanto tempo Dora suportará. Sei que ela não está expondo seus sentimentos, sei que ela é extremamente inteligente e tenta de todas as formas um meio de comunicação com seus amigos. Sei que sente saudades da sua vida, arrancada sem dó, nem piedade pelo pai carrasco, que mantém sua vida em São Paulo e deve ver a filha uma vez por semana, se tanto, pelas informações que tenho. Estou com visitas suspensas porque salvei minha filha desse pai cruel, que me acusava de mantê-la em cativeiro. Sim, caros leitores, tenho emails cheios de veneno, para mostrar não mais para juízes ou repórteres que seguem roteiros prontos, mas para Dora, quando ela crescer e entender, se é que já não endente, toda a crueldade do mundo.
   Recebi o relato sincero e emocionado de uma mãe que foi afastada por 2 anos e meio de seu filho, por uma família poderosa e também cruel. Dois anos e meio! Ela viu o tal programa e percebeu que eu não era nenhuma vilã, porém o pai... a cena dele levando Dora no colo, daquele tamanho, só não foi ridícula porque foi triste. E ainda ressoa a voz de Dora, sumida, sem força, chorosa “você vai deixar eu falar com a minha mãe?”. Ela só queria falar com a mãe, entender o que poderia estar acontecendo... nem isso o pai cruel deixou. A maldade nos olhos, a encenação tosca para as câmeras da Globo, tudo tão fake, tão fake...
   Estou muito triste pela mãe separada da filha de 1 ano e meio, lá na Espanha e que tem todo a minha solidariedade. A dor é grande, mas o amor por nossos filhos é muito maior. Eles podem sentir esse amor mesmo de longe. Ah, como dói essa falta da Dora, como eu queria poder abraçar minha filha e dizer que a amo. E dormir abraçadinha com ela numa noite fria, embaixo de edredons, comendo pipoca e vendo  Harry Potter e a Ordem da Fênix ou ainda poder ouvir sua voz... não se esqueça de mim, Dora, não se esqueça de mim...

terça-feira, 7 de junho de 2011

O Juiz e Deus

   Quando morava em Paraty com Dora (tempo feliz!), fui chamada juntamente com Gerardo, pai de Morena, para uma conversa a boca miúda com a diretora. Dora e Morena, ambas com 5 anos, haviam matado Deus na frente da escola! O casal de argentinos Gerardo, mergulhador e eletricista profissional, e Silvina, atriz e educadora infantil, são ateus. Também tornaram-se amigos queridos que carrego em minha imensa bagagem. O que Gerardo concluiu foi que Morena deve ter ouvido alguma das conversas, das inúmeras reuniões com discussões políticas, artísticas, filosóficas e religiosas, em sua casa. Numa dessas Morena parafraseou Nietzsche, filósofo alemão, que matou Deus. Ele não desculpou-se, mas ensinou Morena que algumas opiniões podem chocar as pessoas, seria bom que ela crescesse um pouco para emiti-las. Assim mesmo, com essas palavras.
  Eu fui criada por um pai português ateu, filho de uma portuguesinha católica praticante. Minha mãe é católica, tem lá seus santos e orações, mas nunca foi de ir em missa. Assim, acabei não tendo religião definida, mas sempre aberta a todas. Minha explicação não foi tão simples como a de Gerardo.
  Quando Dora tinha 3 anos e morava com o pai, Jonas Golfeto, na casa da madrasta, a atriz de teatro infantil, Luciana Viacava, sempre perguntava ao pai com quem iria morar. A resposta seca era: "o juiz que decide!" Na época a babá de Dora era Maria das Dores, a empregada de Luciana, uma testemunha de Jeová que ensinou Dora que só se podia adorar a Deus. Uma vez, em uma das visitas já em casa, com pernoite, eu disse que a adorava, logo Dora me corrigiu:"Não mamãe, só podemos adorar a Deus, foi a Maria que me ensinou", fiquei muito chocada com essa resposta e por saber que o ensinamento religioso de minha filha vinha de uma babá testemunha de Jeová! Tentei conversar com Maria sobre isso, mas ela era instruída a não falar comigo.
  Uma vez, Maria ficou por 3 dias dizendo que Dora estava "dormindo, comendo, tinha acabado de sair", até eu descobrir que ela já estava de férias em Ribeirão Preto, na casa dos avós José Hércules Golfeto e Ed Melo Golfeto, e suas mentiras faziam parte da trama para que Dora ficasse sem falar comigo no mês de férias. Até telefone residencial eles trocaram lá em Ribeirão... mas essa é outra história, a ser contada no momento oportuno. Enfim, descobri o plano e perguntei  para Maria se ela era temente a Deus. "Sim, sou testemunha de Jeová", então disse para ela temer muito a Deus, mas muito mesmo, porque enganar uma mãe que quer saber da filha é coisa do Demônio. Sei lá quanta reza brava teve contra mim depois disso, porque sei que muitas pessoas me amam (não entendo, mas aceito esse amor), mas como toda figura polêmica (serei mesmo?), que emite opinião sem medo, o número de desafetos também pode ser grande...
 
O Deus de Dora
   
     Para Dora eu dizia que iria morar com quem quisesse, nem que demorasse um pouco. Dora ouvia de muitas pessoas que isso aconteceu "por que Deus quis", que nada acontecia sem "a permissão de Deus", que entregasse nas mãos de Deus, que a Justiça Divina é maior que a justiça dos homens, que Deus é justo. Um dia me  perguntou sobre Deus. Se Deus era tão bom porque não deixava logo ela morar comigo? Diante de tal indagação de uma linda menina precoce de 3 anos, só pude responder que não sabia muito das vontades de Deus. Ela disse que não acreditava muito em Deus, que Deus para ela era o juiz, que nunca viu a cara dela e que decidia tudo sobre sua vida e com quem iria morar...
  Impressionante a sabedoria dessa menina. Sim, juízes são deuses! Podem decidir a vida de uma criança com uma simples sentença, muitas vezes baseadas em fatos irreais! Para Dora juiz é muito mais que Deus, porque por mais que ela rezasse (ensinaram Dora a rezar), que ela se ajoelhase e pedisse a Deus, Ele nunca a ouvia. O Juiz, que ela não conhecia, decidiu sua vida. Muitas vezes, no visitário, na hora de ser levada pelo pai insensível e sem compaixão, gritava:"chama o juiz, eu quero falar com o juiz!"Mas esse juiz nunca a viu ou ouviu. Sentenciou sua vida.
  Penso no menino Théo, filho de Elaine César. Um juiz também decidiu que ele estaria melhor com o pai e com a tia (que ela mal conhecia), lá em Brasília, do que com a mãe com quem sempre viveu em São Paulo, "porque essa estava com câncer, com uma gravidez de risco e em novo relacionamento". Sim, um juiz teve a coragem de colocar isso em um  papel! Para Théo, provavelmente, juiz também é um Deus. Ou mais que Ele.
  Eu queria falar tudo isso na escola, mas só disse para Gerardo e Silvina. Nada mais lógico que Dora queira matar Deus! Esse Deus que também nunca a ouviu.
   Depois, conversando com um outro amigo meu, Tamer Fadida, que muito me ensinou sobre judaísmo e por quem Dora nutria imenso carinho e afeto, foi esclarecido que não, já que ela estava comigo, Deus a ouviu sim. "Mas minha mãe está comigo contra a ordem do juiz, ele manda mais que Deus!". Tão triste...

Anônimos

  Se tem algo que me irrita são comentários "anônimos", pessoas que dão opinião sem se identificar. No blog da Elaine César é assim, quem critica, não se apresenta. No blog da Família Nesguinha, em corajosa e sincera Carta Aberta a Caco Barcellos, minha grande amiga e madrinha de Miranda, Gabriela Cunha, escreve sua opinião sincera, objetiva, clara e faz perguntas que "não querem calar". Um anônimo, que penso até que pode ser o pai de Dora, diz que sou um péssimo exemplo de mãe, que põe o amor acima da Lei. Sim, se for essa Lei antiga da Justiça tosca, coloco sim. Por tudo que escrevi acima, pelos direitos inerentes de Dora, por sua vontade, que para mim é a Lei Absoluta!
  Como me irrita gente covarde que se esconde na multidão para atacar pedras. E me causa asco gente que usa de brechas da Justiça para fazer perdurar processos e ações! E repulsa de gente vingativa e sem compaixão que se aproveita de amor materno para ferir outro ser, que não se importa de colocar uma criança inocente no meio de uma briga sem sentido. Eu não comecei briga nenhuma. Elaine César também não! Não importa se somos inocentes ou culpadas, sempre haverá dúvidas e criticas quanto ao nosso amor materno e direito de maternidade.
  No meu caso, a tal matéria veiculada pelo Profissão Repórter, apesar de editada para não mostrar minhas razões (afinal como resumir 7 anos em 10 minutos de jornalismo meia boca?), mostrou o pai carrasco, levando a filha contra a vontade a ainda avisando que não vai deixar falar com a mãe. Ele esqueceu de ensaiar essa parte do texto...
 Para Dora, meu amor infinito e todas essas linhas que um dia ela lerá com tranquilidade e prazer. Dora, eu te adoro, você pode me adorar também!

sábado, 4 de junho de 2011

Sobre a Viagem Para o Chile

Ou Como Um Sonho Virou Pesadelo
  
   Para entender todo o processo litigioso que vivo hoje é preciso saber onde a outra parte começou a ver fantasmas, acreditar tanto na mentira, uma espécie de esquizofrênia, até que se tornasse verdade, inclusive, para emissora de TV e juízes. Para entender as linhas que se seguem, seria bom também entender o Chile na minha vida, como já postei anteriormente - Sobre o Chile e Sobre Um Chileno.

  Passei por uma depressão profunda, fui internada, tive minha amada filha Dora arrancada de mim, consegui a guarda provisória em uma audiência marcada com urgência em Ribeirão Preto, onde minha filha já estava sob os domínios dos avós, José Hércules Golfeto e Ed Melo Golfeto, psiquiatra e psicóloga, respectivamente. Sim, esse filme é velho, no início de 2005, o pai de minha filha, o ator Jonas Golfeto, quando pedi para ficar com a filha durante minha internação, levou Dora para Ribeirão Preto, para ficar com os avós. Desde então, minha vida tornou-se uma guerra, cheia de pequenas batalhas. Mas nessa audiência emergencial, com minhas testemunhas Marcelo Santos, Paula Gil e Douglas Gonçalves, tudo parecia ter se resolvido rápido, até demais pelo tempo judicial. Cinco meses depois, ingenuamente, pensava que tudo ia bem, no caminho da compreensão e respeito. Enfim, queria me dar férias (mas com trabalho no meio, porque vejo matéria em tudo).
  Em contato com meu amigo Chico, que na época trabalhava na assessoria de imprensa do Ministério da Saúde do Chile, procurei uma pauta para realizar a viagem, unindo assim o útil ao agradável. A então ministra Michelle Bachelet era candidata à presidência, já com 52% de intenção de votos para a eleição que aconteceria em dezembro de 2005, o que a tornaria a primeira presidente mulher na América Latina. Estava aí a pauta.
  Me organizei, pedi para o pai de Dora trocar os 15 dias de férias, porque seria a melhor época para a viagem. Claro que só informei sobre a viagem 2 dias antes, por email, para que ficasse registrado pois, apesar de ingênua, não sou burra. Ainda liguei para o avô de Dora, caso a outra parte dissesse que não recebeu email. O avô ainda mostrou-se muito surpreso quando eu disse que viajaria para Santiago: "No Chile? O Jonas sabe disso?". Sim, meu senhor, comuniquei por email e, para que não haja dúvidas, já que Dora passará as férias com vocês, estou ligando para avisar e passar meu telefone de contato por lá, caso haja alguma emergência. E passei o número do celular do Chico.
  No aeroporto de Guarulhos, antes de embarcar, já ganhei passagens de ida e volta para serem usadas no período de 1 ano. Havia mais passageiros do que poltonas e, se eu esperasse o próximo vôo, dali 3 horas, garantia as passagens. Aceitei, claro!
  Sobrevoar a Cordilheria dos Andes é sentir a pequenez humana. Muito solitário, muito lindo. Ao chegar no Chile fui recepcionada por Chico, sua irmã Paulina, o primo Pat com sua filha, mãe e a namorada Sandra. Uma turma de gente boa. Ficamos na casa de Pat e Sandra, ambos publicitários, com uns horários bem malucos. Na época estava em cartaz o filme Mi Mejor Inimigo, produção chilena, com participação da produtora Sandra. Esse filme, poético (redundância, já que falo de Chile) e sensível, mostra uma guerra que quase aconteceu, entre Chile e Argentina e, como o título indica, todos se tornam amigos. Isso, um resumo bem resumido, fique claro e fica também a indicação do filme.
  
Política e Poesia

   De qualquer lugar de Santiago avista-se a Cordilheira. Parece uma cidade européia, as pessoas não conversam pelas ruas ou filas, são muito silenciosos, talvez por serem um povo meio que exilados, entre montanhas de neve e o oceano pacífico.  Era tratada com a máxima cordialidade quando falava que era brasileira. Sim, o Brasil é o país do futebol, tema inicial de qualquer conversa. Como não poderia deixar de ser visitei as moradas de Neruda. Em Santiago, a casa apelidada de La Chascona (A Descabelada), mesmo apelido de sua amante e amada Matilde, onde funciona um museu. Fui com Chico para Cartagena,  próxima de Isla Negra, outra casa linda, parecia um navio e lá estava sendo comemorado os 100 anos de Neruda, programação especial. A outra casa de Neruda era em Valparaíso, também conheci e fotografei. Em Valparaíso encontramos um amigo de Chico, outro chileno politzado. Não sei se pela minha excelente companhia, mas todos que conheci eram pessoas especiais. Tudo na viagem foi muito especial.
  Tanto para fazer, 13 dias foi muito pouco. No fim, não teve Bachellet, mas teve uma matéria linda, poética e romântica sobre Neruda, suas casas, sua poesia e sua trajetória sócio-política. Trocava emails quase diariamente com o pai de Dora, ligava dia sim, dia não para Dorinha. Numa das mensagens perguntei para o pai qual o presente que ela gostaria que eu levasse, ele respondeu que uma roupa bem quentinha e uma boneca de vermelho. E lá vamos eu e Chico atrás dessa boneca. Encontramos uma linda boneca de capa, botas e chapéu vermelho. E um poncho lindo, amarelo, com flore colorias, que guardo até hoje e que Miranda já começa a usar.
  Eu estava com muita saudade de Dora e o Chico de Amanda, sua filha, então com 5 anos. Também ligava para ela quase diariamente, pois, assim como ele, morava em Copiapó, lá no extremo norte, quase no Deserto do Atacama. Combinamos que eu voltaria nas férias de verão (já que havia ganho passagem), com Dorinha, para viajarmos com as duas filhas.
  Voltei. Ao me despedir de Chico, nem olhei para trás, pensei numa poesia de Neruda: "Vou-me embora: estou triste. Mas sempre estou triste. Vim dos teus braços. Não sei para onde vou." Me sentia assim, mas sabia que ia para os braços de Dorinha!
  Chegando em São Paulo fui para o apartamento de um casal de amigos. O pai de Dora a levou no horário combinado. Que saudade. Dorinha não tirava os olhos de mim, nem eu dela. Estava mais branquinha e adorou os presentes (trouxe também alguns livros). Fomos para o Guarujá. Era julho! Em agosto de 2005, no final de semana do Dia dos Pais, o pai a buscou e nunca mais devolveu. Quinze dias depois fiquei sabendo que ele entrou com um agravo, dizendo que eu havia ido para o Chile, não havia comunicado e que havia preparado uma fuga! O juiz leu isso e, imediatamente, passou a guarda para Jonas Golfeto, me tirando o direito de visitas, já que eu poderia "fugir" com ela. Eu tinha todas as trocas de emails... mas meus advogados da época, Muruy de Oliveira e Jurrara Aguiar, perderam o prazo de recorrer do agravo!!!! E eu paguei para esses dois infelizes!
  Depois uma sucessão de erros me trouxe onde estou agora. O resto é história.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Profissão Repórter: Novela ou Jornalismo?


  Quem viu a matéria veiculada ontem (31 de maio) no programa Profissão Repórter, da Rede Globo, teve a chance de aprender a como não fazer jornalismo. Mais uma vez histórias que não dizem nada e não levam a lugar nenhum. A edição mostra os repórteres na busca desenfreada pela notícia, mas quando está frente a frente com o fato, foge, não mostra, se esquiva.
  Gabriela Lian, que foi chamada pelo ator Jonas Melo Golfeto para acompanhar a busca e apreensão de minha filha Dora, nem quis acompanhar minha trajetória. Não se sentiu “a vontade” para falar comigo. Medo de que? Acreditou no monstro pintado por Jonas e não quis averiguar a verdade. Jornalista precisa ter coragem! Dar a cara a tapa de vez em quanto. Envolvida até os tímpanos com a outra parte, preferiu jogar a bola para outra foquinha, Eliane Scardovelli.
   Mostrei para Eliane emails em que Jonas diz que jamais faria busca e apreensão da filha, para não traumatizá-la ainda mais. Não bastasse a busca que não faria, chama a Rede Globo para gravar tudo, que segue feliz em busca da “notícia”. Mostrei esses emails para Eliane, que preferiu a imagem da mãe mostrando o quarto cheio de brinquedos, porém mergulhado no vazio, sem a filha. Não propriamente Eliane, mas a edição do programa.
  O que dizer da triste cena em que o pai leva Dora chorando, dizendo que não quer ir. Ainda pergunta: “Você vai deixar eu falar com minha mãe?”. “Hoje não”, é a resposta fria, autoritária e rancorosa da outra parte. Rindo por dentro deve ter pensado, “nem hoje nem nunca, já que entrei com uma ação para destituir a maternidade de sua mãe”. Em seu ego infinito, pensava que conseguiria vitória nessa ação patética. Contei, mostrei tudo isso para a equipe. Cadê? Mostrei todas as trocas de emails em que ele sabe que estamos em Santos, exige nossa mudança para São Paulo. Cadê?
   Dora chora! O pai amoroso diz: “Eu sei que você está sofrendo, fofucha, o papai também sofreu bastante”. Tão infantil querer comparar seu sofrimento com o da filha de 9 anos, que não vê há quase 5, que leva uma vida feliz e, de novo, é arrancada da sua vida para ficar presa sob os domínios da família Golfeto. Ele sofreu, então quer que eu sofra, não importa se a filha está sofrendo, Dora significa apenas uma forma de conseguir a audiência que nunca teve e atingir meus sentimentos. E a Globo é conivente com isso! Até agora não entendo onde está a notícia nessa história.
  Ok, essa é a mãe dizendo. Então Eliane e equipe seguem para a casa da melhor amiga de Dora, fazem imagens e sonoras incríveis, que mostram como Dora era inserida naquela sociedade. Cadê essas imagens? Essas declarações? O bom jornalismo não ouve apenas as partes, ouve as partes das partes.  Do meu lado tenho uma legião de jornalistas sérios, educadores e amigos que comprovam como Dora era feliz com a mãe. Da outra parte talvez os avós, que hoje cuidam da neta. E a Justiça que deu a guarda para o genitor e suas mentiras.
  Para minha surpresa ouço no programa que “brigamos” pela guarda da Dora desde que esta tem 1 ano. Ora, eu entrei com ação quando ela tinha 2 anos e 11 meses. Quem deve ter dito isso foi a outra parte. Gabriela Lian nem checou essa informação. Seu chefe, Caco Barcellos, é tão ocupado que não responde emails nem ensina sua equipe a verdadeira apuração jornalística.
  A equipe segue com Jonas e Dora (que deve ter chorado muito ou ficado em estado de choque) para Ribeirão Preto, para onde o pai mudou-se. Ora, eu provei para Eliane Scardovelli que o ator continuava em cartaz com sua peça em São Paulo, é contratado pela Prefeitura para dar oficinas (coitados dos que aprendem a arte da canastrice com ele). Mas ela não averiguou nada, pois isso é função da outra repórter, que faz a parte dele. Afirmei, constatei que Dora mora com os avós, o ilustre psiquiatra infantil, José Hércules Golfeto, e a não menos renomada psicóloga Ed Melo Golfeto. Cadê a reportagem para ir lá mostrar essa farsa? Mas o ator disse que mudou e acreditaram. Ponto.
  Sem cabimento essa divisão de reportagem. Só mostra a parcialidade de cada um. A outra equipe, que seguiu para Bolívia e Florianópolis foi a mesma. Por que comigo foi diferente?
   Depois uma fala do pai dizendo que “Dora está adaptada”. Como bem pontuou Maria Lúcia Rodrigues, a querida Malu, tia de Flavia Vieira, portanto minha tia, nessa linda família em que tive o privilégio de ser agregada, “é a mesma coisa que responde minha amiga, cujo o filho está preso, quando lhe pergunto como foi a visita no fim-de-semana: está adaptado”.
   Sim, o ser humano se adapta até com a prisão. Dora está presa, sem liberdade de movimentos e expressão. Não pode falar com amigos. Todas as tentativas são inúteis. Claudia, a mãe da melhor amiga de Dora, afirmou isso. O jornalista Sérgio Duran também. Inclusive quis provar, na frente das câmeras, a verdade. Eliane Scardovelli dispensou as provas, porque não estava no roteiro do programa. Ei, jovens repórteres, a notícia é orgânica, muda o tempo todo, em novela é que se segue roteiro!


Minha infinita rede de amigos 

 Curiosamente, a parte do programa sobre a história da juíza, foi completa. Já pensou distorcer a história de uma juíza? Até a Vênus Platinada treme diante de ameaças de processos. Agora outro fato inusitado nessa minha vida que parece ficção. Quando vi a juíza gente boa pensei que aquela cara não me era estranha.
  Há algumas semanas procurei por uma amiga, Renata Pernambuco, no Facebook. Amiga dos tempos de natação, que nadava no clube Luso de Bauru. Ela só viu a mensagem ontem, me escreveu na hora, cheia de alegria e saudade.
    Quando acaba a matéria, Renata me manda uma mensagem: “que coincidência, você e minha irmã no mesmo programa”. A juíza gente boa é irmã de Renata Pernambuco! Imediatamente compartilhou meu blog com toda sua rede de amigos, inclusive a irmã. Agora tenho certeza que algum juiz vai saber a verdade.
    Outro fato curioso é que uma amiga baiana, que mora em Portugal, viu a matéria pela internet e postou no site. Nada ofensivo, apenas mostrou sua opinião. Não aceitaram. Hoje pela manhã, minha grande amiga, Simone Raia, me ligou porque foi postar e não estão aceitando comentários. Muito estranho, estranho mesmo.
   O que falta para esses repórteres é uma conversa afiada com Paulo Henrique Amorim. Desculpe, mas não dá para o jornalista ser isento, se for acontece o que aconteceu com Eliane e Gabriela, ficam parecendo fantoches, pessoas inseguras, sem opinião, não conseguem tomar uma atitude sem ligar para a chefia. O que dizer de Eliane ligando para Caco sobre meu desespero em saber o paradeiro de minha filha, que a equipe sabia. Resposta do chefe: “De jeito nenhum!” Depois dessa, minha dúvida sobre os possíveis comentários negativos de Caco Barcellos a meu respeito, se dissiparam. Como já disse no post anterior, pode ter ocorrido ruído de comunicação, mas algo tão pesado não seria inventado. Como ele conseguiu essa informação? Alguém falou e tomou como verdade absoluta, já que de tão ocupado, Caco Barcellos não tem tempo para apuração.
   Me dói como mãe, mulher e profissional, que uma pessoa tão conceituada, com tanta credibilidade, na verdade haja assim. Muitos jornalistas, como Celina Lerner e Cláudio Cunha, acharam que deve haver algum problema grave nessa comunicação, porque não costuma ser essa a atitude de Caco Barcellos. Ambos sugeriram que procurasse falar direto com ele. Tentei, mas como já disse e vou ser repetitiva, ele é muito ocupado e não respondeu emails nem ligações.
   Que saudade de Paulo Francis, considerado genial por uns, reacionário por outros. Assim faz o jornalista: cria polêmica. O jornalismo é para fazer pensar. Também para denunciar. Qual foi mesmo a proposta desse programa? Mostrar gente sofrendo? Não seria mais instrutivo os porquês desse sofrimento, como a morosidade da Justiça e fazer entrevistas com peritos forenses? No fim foi mais um programa que não disse nada e não levou a lugar nenhum.  Bom, não sou eu quem vai ensinar o bom jornalismo aqui. Nem tenho essa pretensão. Apesar dos meus quase 20 anos de carreira, tenho humildade para continuar sempre aprendendo e não tomo nenhuma verdade como absoluta.