sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Time dos Macacos

   Está muito difícil escrever. É sempre mais do mesmo quando escrevo sobre esse processo insano e sobre o sistema judiciário, que com a ajuda da outra parte, há quase 8 meses impede Dora de ver mãe, irmã e amigos. O vazio aumenta, o buraco no peito dói, lateja, é como se eu tivesse uma faca enfiada e perfurando mais e mais a cada dia... saber que tem gente em situação muito pior não alivia, ao contrário, dói mais...
   Num dos meus esconderijos favoritos, a sala de cinema, me refugiei dia desses. Fui assistir Planeta dos Macacos, a Origem. Antes queria dizer que o clássico de 1968 é um marco da minha infância, vi inúmeras vezes na Sessão da Tarde. A cena final, quando o astronauta vivido por Charlton Heston encontra destroços da estátua da Liberdade, é antológica. Só então percebemos (ou só então eu percebi) que é a Terra no futuro e não outro planeta. Muitos outros filmes vieram depois, todos baseados no livro La Planète Des Singes,de Pierre Boulle.
   Fui lá, despretensiosamente, para ver filmão, daqueles que é só para relaxar e esquecer de tudo. Como estava enganada... para começar o cientista vivido por James Franco (um ator que sempre me impressiona) tem um pai com Mal de Alzheimer. Perder o pai aos poucos, ver o pai deixar de fazer tudo o que fazia não é novidade para mim. Como o cientista eu faria qualquer coisa para te meu pai de volta. Até usar uma droga ainda em estudo. Chorei em todas as cenas em que aparecia o pai com Alzheimer. Nas tentativas de tocar piano, na tentativa de dirigir o carro... mas ao contrário do personagem, não fiz nada para salvar meu pai. Demorei muito para perceber que sua ida era sem volta. Depois vejo uma chimpanzé doce e amigável, usada como cobaia, enlouquecer furiosamente. Ela só estava  protegendo o seu bebê, que nasceu no laboratório sem ninguém saber. Me identifiquei também. Uma mãe, seja de que espécie for, tem o instinto de proteger sua cria de qualquer jeito...
   O mesmo cientista fica com o bebê órfão, cuida de César como seu filho, escondido, clandestinamente. Depois vê César ser levado pela Justiça, para uma jaula. Ele tem que lutar contra um sistema moroso para ter César de volta. Mais lágrimas, muitas lágrimas. E quando finalmente consegue, por meio de suborno, libertar César, o animal não quer mais ir... o instinto do símio o faz ficar junto dos seus, para protegê-los. O macaco não suporta ver os humanos subjugando, maltratando e matando seus iguais.

A César o que é de César

 O filme nos faz torcer para os macacos o tempo todo. Mostra como a raça humana, por ter inteligência superior, não respeita nada que esteja sob seus domínios, mesmo que respire, viva e sinta. Talvez seja pelo meu estado de espírito, mas quando ia se formando a liderança de César, também me vinham lágrimas. Primeiro porque o verdadeiro líder não consegue a liderança por força bruta. É sempre por seu carisma e inteligência. Se conseguir de outra forma, sofrerá golpe de seus seguidores, isso é certo e é fato histórico. O chimpanzé César usa sua inteligência, ampliada descomunalmente por um vírus estudado para a cura do Alzheimer, para fortalecer o time dos macacos.
  Esse longa não é para distrair, é para pensar. A única cena que me arrancou um sorriso, também foi uma crítica. Um orangotango se comunica com César por sinais, esse fica impressionado e pergunta: "Você também estava num laboratório?" "Não, eu era macaco de circo"...
  Quando César consegue a confiança do Gorila, o mais temido do cativeiro, sinto uma satisfação quase juvenil. E quando todos se rebelam e ganham as ruas, se o cinema estivesse cheio de crianças, eu gritaria e aplaudiria com elas.
   Durante todo o tempo eu pensava em como a raça humana é desprezível... mas, quando o filme termina, eu sem graça de sair da sala, porque os olhos inchados podem parecer ridículos para quem não sabe o meu contexto, tenho outra opinião. Se essa mensagem conseguir tocar alguns corações, ainda pode haver alguma esperança.

Um comentário:

  1. O ser humano é assim mesmo, nós devemos lutar pelos nossos direitos sempre, senão alguns insanos conseguem provocar catastrofes.Eu não me lembro do filme era criança quando assisti, a imagem da estatua pode ser muito premonitória mesmo, a questão é que precisam acontecer muitas catastrofes para o ser humano mudar.
    Devemos continuar insistindo no bom senso e torçer para o amor e a paz vencer, mas sem pestanejar.

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