segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

E Mais Um Boletim de Ocorrência Contra Mim

    E então, no último dia 10, quando completou um ano que não vejo ou falo com Dora, liguei mais uma vez e o avô atendeu. Entre outras me disse que duas vezes (!) perguntou se Dora queria falar comigo ao telefone, mas ela não quis. Que não fala mais da irmã, que está muito apegada ao pai e tia. Novamente disse que não manda nada, quem manda é Jonas, que o advogado disse para ele não se meter. E que Jonas está montando apartamento para morar com Dora e a futura esposa (pobre mulher).
    Disse ainda não agüentar mais esse martírio e teme que Dora, daqui uns anos, fuja de casa, como aconteceu com uma paciente dele, que não aguentou a briga entre os pais e fugiu aos 12 anos e só voltou aos 16. Verdade, não sei? Mas detesto omissão e, neste caso, José Hércules Golfeto está sendo tremendamente omisso. Enquanto psiquiatra infantil sabe o risco que Dora está correndo e até me dá exemplos. Como pai de Jonas, concorda com tudo o que ele faz! Quanta insanidade! E a louca sou eu?
    O avô ainda insistiu para que eu conversasse com Jonas. “Aproveita e fala com ele hoje”. Então fui até a residência dos Golfetos.  Ao invés de ficar esperando na calçada a chegada ou saída de alguém, toquei a campainha. Creio que quem atendeu foi Lourdes, a empregada, uma mulher gentil, a única que me trata com alguma dignidade naquela casa. Mas quando disse que era eu, mãe de Dora. Nada.
    Volto a tocar, ela diz que Jonas já vem. Aguardo embaixo de uma árvore, enquanto converso com um guarda do bairro, sobre o tempo, a cidade e da minha espera para ver minha filha que foi arrancada de mim há um ano, para lhe entregar o livro de aniversário do ano passado e o convite para o aniversário de Miranda, a irmã, nesta semana.  Cinco minutos depois chega Jonas Golfeto, o ator/mentado. E chega dentro de uma viatura, com dois policiais militares e uma pilha de papéis nas mãos. Era o processo! Ele pensa que é Kafka*.
    Pega o celular e liga alucinadamente para advogados. Os policiais chegam para falar comigo. Dizem que estou impedida judicialmente de visitar minha filha. Respondo que só quero vê-la, ver o quanto cresceu, como está seu cabelo e queria entregar o livro e o convite, estendido para toda família. Depois chega mais uma viatura com mais dois policiais. Puxa, acho mesmo que vou mudar para cá. Não deve haver crimes nas ruas, para duas viaturas serem disponibilizadas para este tipo de ocorrência.
     Jonas não falou comigo, tentei conversar, disse que foi sugestão do pai dele. Sou uma jornalista idiota, ainda acreditar na mudança de comportamento alheio. No  fim só queria mesmo que eu me humilhasse mais um pouquinho.
    Já estava sentada na calçada sendo corroída pelas lágrimas e ainda tive vontade de me ajoelhar, implorar... adiantaria? Acho que falta um pouco de culhões para esse sujeito, além de caráter e maturidade. Já queria ir direto para o Fórum anexar mais este BO. Disse ainda que só quero atormentar minha filha emocionalmente. Curioso, não falar com a mãe, irmã, qualquer pessoa de seu convívio não é um tormento? Falar com a mãe é?
    Ao contrário de mim, que tenho tanto o fazer neste vasto mundo que precisa de mais humanidade e menos burocracia, parece que Jonas leva uma vida tão sem sentido, que faz desse processo sua razão de viver. E quando Dora completar 18? O que ele fará da vida quando não tiver que processar, ir em fóruns, contratar advogados, remexer em ações?
    Será que agora será um mar de BOs com minha estadia aqui em Ribeirão Preto? Talvez ele peça até uma ordem de restrição, creio que tudo é planejado. Mas eu posso ficar na rua esperando Dora chegar ou sair, sem tocar campainha, sem incomodar, só para vê-la.  Sempre que venho para cá meu sofrimento aumenta, pois estou tão perto de Dora e não posso vê-la ou abraçá-la.
    A coisa boa é que estou com Paola Miorim e suas duas filhas encantadoras. Uma tem a idade d e Dora e certamente seriam grandes amigas. Paola, que já ligou para Jonas, só para entregar para Dora algumas coisas dela, que eu trouxe em maio, é doce, meiga, sensata e gentil, além de linda. Pois o genitor de Dora não quis conversa com ela, desligou o telefone na cara da minha querida amiga. Perdeu em não conhecê-la. Por outro lado foi sorte da Paola, uma pessoa leve demais para tanta perversidade.
   Queria ser mais malvada. Mas o máximo que consigo em malvadeza é ser irônica, o que chega a ser engraçado. No meio das minhas lágrimas com o policial militar, que utilizou seus conhecimentos de psicologia comigo, falei sobre minhas dúvidas quanto a masculinidade de Jonas,  essa falta de coragem de falar comigo. Ele riu e riu muito. “Desculpe, sei que o momento não é para riso, mas é muito engraçado”.
    Sim, o melhor não é rir depois que tudo isso passar, pois posso ficar 8 anos sem rir. Tenho que rir enquanto acontece.

* Franz Kafka, autor de O Processo (1925), entre outras obras-primas da ficção. Na minha singela opinião, um gênio!

3 comentários:

  1. Alguém tem algum elogio guardado, alguma benfeitoria realizada, alguma lembrança alegre sobre este ator Jonas Golfeto? Se tem por favor comecem a postar, do contrário o que temos visto, lido e sentido é que ele é um grande farsista e falido humano. Coitado. Coitada da família tb, representados por uma pai "intitulado" uma mãe "renomada" e uma tia "farsária" que ao que parece construiram sobre 4 pilares, odio, rancor, farsa, mentira, desamor, vingança, poder, feiura e ressentimento. Éhhhh, eles devem ser bem felizes mesmo!

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    1. Eu não seria mais perfeita do q nesse comentário. Sempre oro por vc minha amiga de tão perto e tão longe, o mundo é sujo e injusto, mas um dia Deus nos mostrará pq tudo isso. Bjos e força sempre!!

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  2. imaginando voce la implorando para ve SUA filha,estão lhe negando algo que não se faz com nenhuma mãe,que justiça é essa?
    Dora com certeza sente muito sua falta,so não deve dizer para eles para não causar mais conflitos,ela esta ficando mocinha e duvido muito que irão segura la por muito mais tempo,pelo menos assim este seu sofrimento terminara um pouco ja que a "justiça" é extramente lenta.
    Taiza Moreira

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