quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Esporte Salva

    Estava procurando uma foto para colocar no mural da minha amiga Flavia Vieira, no dia do seu aniversário de 40 anos. Procurava uma foto nossa quando ela tinha 15. A ideia era mostrar há quantos anos somos amigas, desde a natação. Não achei a tal foto, nem nenhuma mais antiga com a Flavia, mas achei tantas outras, com tantos amigos e de muitas viagens feitas pela natação e com meu pai.
     Daí fui vendo todas aquelas imagens antigas, em papel, eu tão menina e tão grande, parecendo uma mulher. Coloquei as fotos na minha página do Facebook e várias amigas que estavam conectadas começaram a comentar as fotos, lembrar da época e foi como se todas estivessem juntas novamente: eu, Simone Raia, Paola Miorim, Renata Morales, Rosane Mendes, Beth Yumoto, Juliana Figueiredo, Alessandra Braz, Roberta Moscatiello*.
     Claro que houve comentário de muitos outros amigos, porque estamos muito diferentes, aliás, melhores. E pensei como o esporte é capaz de mudar a vida das pessoas. Falo pela natação que foi o que pratiquei, mas no geral os atletas são diferentes, mais disciplinados, determinados, lidam melhor com frustrações, superam com mais facilidade obstáculos, além de serem mais preocupados com a saúde, com alimentação, com excessos. Tem exceção? Claro, como haveria a regra?
   Ser atleta, ter participado de uma equipe é ter o espírito de "vamos vencer juntos". O saber muito cedo que ninguém ganha nada sozinho, mesmo sendo um esporte individual, um único atleta excelente não é capaz de vencer uma equipe com vários na média. Mas o mais importante é o elo que nunca se rompe. As amizades que permanecem por décadas, as pessoas que mesmo sem encontrar há anos, basta um abraço e todos aqueles intermináves quilometros na piscina gelada voltam, as risadas no vestiário, a disputa pelo chuveiro mais quente, o ataque na lanchonete depois do treino, os finais de semana em competições, as vitórias, derrotas, abraços, aplausos, lágrimas. Essas amizades permanecem para sempre e sempre e sempre.
    Depois de ficar rindo com as lembranças e vendo fotos de nossos cabelos "oitentinha", ombros largos que ainda recebiam ombreiras (como sobrevivi aos anos 80?), as roupas largas porque o que importava era o conforto, enfim, depois de lembrar bem quem eu sou, minha essência, levantei cedo no dia seguinte e fui com Miranda até a praia do Tombo, torcer para Vitor Mendes, um dos filhos surfistas e campeões de Rosane - o outro é Jessé Mendes, um garoto de 20 anos com uma sólida carreira de atleta.
    E quando encontrei Rosane era como se a tivesse visto um dia antes, porque nossa amizade era uma irmandade, até pelo sobrenome igual, deixávamos acreditar nessa história de sermos irmãs, porque o que mais queria era ter uma irmã como ela!
   Miranda adora surfar e tem uma força de atleta em potencial, como seria bom virar mãe de atleta! Rosane, com seu bom humor e positividade de sempre, disse que se isso acontecer já vão pensar que ela é prima dos seus filhos, o que já vai chamar a atenção da torcida. Então fiquei vendo o lindo Vitor Mendes no meio dos amigos surfistas, com a mesma irmandade, comunhão e paixão pelo que se faz. Tão emocionante isso. Tão bom ver no que nossos filhos se tornaram. Senti orgulho por aquele garoto de 15 anos, que em sua última onda de sábado, faltando 50 segundos para acabar a bateria, correu pra descer mais uma onda, mesmo já estando com a melhor pontuação do dia. E foi a onda perfeita, com a melhor nota... ah, sim, Vitor venceu o campeonato.
     Ter certeza das coisas nunca foi meu ponto forte, porque pouca coisa é certa nessa vida. Mas uma certeza que tenho é que praticar esporte muda tudo na pessoa.  Por isso sempre achei que investir em esporte é uma das melhores ações que uma família, governo ou alguém próximo que se preocupe com uma criança pode fazer. Não é para gerar campeões, isso é consequência. É para formar pessoas que compartilham, que aprendem, ensinam. O esporte salva.

* Usei o nome de solteira das minhas amigas, porque com exceção de Renatinha, que casou com o nadador Carlos Banjai e tornou-se Renata Morales Banjai, todas as outras seguem com seu nome de natação. Renatinha é a tal exceção que confirma a regra.
   

8 comentários:

  1. Que delícia lembrar de tantos momentos importantes, tantas amigas, muito bommmmmm!

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    1. Amigas até o fim, ou como diriam Maria Eduarda e Dorinha BFF (Best Friends Forever). Bjs

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  2. O esporte, e especialmente a natação, foi tão importante em nossas vidas que quase nos define como pessoas. Procuramos incutir em nossos filhos esse saudável vício e acho que tivemos êxito. Apesar de interromper precocemente sua vida esportiva, Matheus, meu filho mais velho, lamenta profundamente esta perda. Entretanto, leva consigo alguns dos ensinamentos intrínsecos que só o esporte traz: sem esforço não há recompensa,a importância da perseverança e como cada componente de uma equipe é fundamental para um resultado positivo, independente da contribuição de cada um. A natação tem apenas um efeito colateral: torna-nos saudosistas de uma época tão rica e tão feliz de nossas vidas. Beijo Dri.

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    1. Só sei que era um tempo em que éramos tão felizes e sabíamos disso! Saudosistas sim... mas ainda bem que existem as competições de master pra reencontrar todo mundo e encher o ego do Carlos Banjai rsrs. Obrigada por fazer parte dessa história! Beijos Rê.

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  3. Ai, tudo que eu acredito! Às vezes é tão difícil conseguir transmitir essa paixão, esa certeza do que o esporte faz má vida de alguém... Nem todo mundo consegue ver. Mas sim, o esporte salva vidas, muda vidas, melhora vidas! Amo! Agradeço a meus pais por cada dia passado naquelas piscinas , por cada renuncia que precisei fazer pra treinar melhor, por todos os programas de tv que passavam na minha infância e que eu não conheço,pq estava nadando

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    1. Sim, sim, sim. Tivemos sorte em ter pessoas ao nosso lado (pais) que nos incentivavam, levavam, buscavam, torciam. Depois, já na adolescência a gente fazia sozinha, porque o vírus do esporte já havia entranhado no nosso DNA. Mas do que fazer bem para a saúde, nos dar disciplina e determinação, norteou nossas vidas e nos deu amizades tão fortes e sinceras que continuam agora, décadas depois. Como eu amo cada um dos que fizeram parte dessa parte da minha história!

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  4. Tem uma frase do Fernando Scherer que diz exatamente isso que você escreveu:"Pratiquem esportes,mesmo que não competitivamente,pois é saudável e você faz boas amizades,que duram para o resto da vida". Como sempre, meus aplausos ao seu texto e à sua sensibilidade.Um beijo

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    1. Obrigada Mônica, não nadamos juntas, mas somos amigas desde o colegial e isso também já faz umas décadas... friends forever. Amo você!

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