segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Parabéns Sistema Judiciário!

   Novamente em Ribeirão Preto. Já faz mais de um mês que não venho, nem lembro. Primeiro estava mesmo muito cansada dessas idas e vindas semanais, achei que, como o processo está no gabinete do juiz desde o dia 27 de julho para conclusos e ele teria 10 dias de prazo, o fim estaria próximo. Mas estamos no meio de novembro e o processo está lá, parado no gabinete dele, esperando sei lá o que. Logo chega o recesso de fim de ano e por mais um longo período ficarei nesse vai e vem Santos/Ribeirão Preto, como se fosse na esquina.
    É muito ruim viajar 6 horas para ficar numa sala por 2h30, com minha filha que chega diretamente da terapia, preparada para ao encontro, sendo monitoradas por uma psicóloga. Trazer a irmã piora tudo, porque Miranda tem energia demais para ficar trancada nessa sala e a coisa desanda. Mas, como disse a própria perita forense, elas perderam o vínculo de irmãs. Parabéns sistema judiciário! 
     Então quando consegui forças para viajar, era dia do funcionário público e o Fórum não abria. Deixei para outra segunda-feira, mas tive hemorragia uterina por uma semana e estou com anemia. O médico recomendou repouso. Então falei com minha filha Dora por facebook (já que mesmo com ordem judicial, ela não quer mais falar comigo por skype), expliquei a situação, mas ela também não gosta de conversar muito pelo face. Resta ligar de vez em quando para a casa dos avós dela, onde mora. Mas raramente ela está. Continuo sem saber nada dela, nem da escola, nem da terapeuta que ela frequenta semanalmente e que, olha só, fica no mesmo consultório da avó, também psicóloga.
    Mas enfim, estou aqui, nesse calor de 40C, feliz porque estou na casa da minha amiga Paola Miorim que amo muito e porque estou com saudades das filhas dela, inclusive, tenho mais convivência com a Giovana, de 12 anos, do que com minha própria filha. Parabéns de novo sistema judiciário! E quando escuto de advogados e gente dessa categoria que o sistema é assim mesmo, é demorado para todo mundo, percebo que ninguém liga mesmo. A culpa não é mais da outra parte. Ele é apenas uma pessoa muito carente de atenção e com problemas de inflexibilidade, que encontrou no sistema judiciário todas as brechas para levar esse processo até a alienação definitiva e absoluta.
    Meu tempo de vida está terminando, como o de todos desde quando nascem. Mas sinto que o meu está terminando mesmo, pelo avançar dos anos, pelas doenças psicossomáticas que me afligem e por passar ano após ano nessa saga que me tornou uma pessoa chata e cansativa. Nem eu me aguento mais. Me olho no espelho e a imagem que eu vejo não é mais minha. Vejo que mais um ano está acabando e eu não fui feliz e nem fiz ninguém feliz.
     Pior é que nem sei se vou ver minha filha hoje. Como não estive mais aqui, ela mesma me disse que a psicóloga forense ligou para a família dela, avisando que não teria mais visitas, porém, não comunicou a minha advogada, nem a mim. Nesse momento estou no escritório da minha advogada, porque também não consegui falar com ela. Ligo e cai sempre na caixa postal, meus emails não são respondidos. A sensação de abandono é constante. Mas não tenho pena de mim, tenho mais é raiva, por ter deixado isso tudo acontecer na minha vida. Porque sempre soube que uma vez dentro desse sistema, seria difícil sair dele. Mandei um email para a outra parte em agosto de 2005, pedindo perdão por tudo, sem nem saber ao certo o que fiz, só queria que tudo terminasse para salvar a infância da minha filha e a minha vida. A resposta foi simples: "o processo de guarda é longo e doloroso para nós três". Visionário mesmo esse pai da minha filha, lá se foram 8 anos e isso continua. A infância dela acabou e, pelo jeito, vou passar bem longe da adolescência. Parabéns sistema judiciário!

4 comentários:

  1. parabéns sistema judiciário por acabar com a vida de várias pessoas inocentes!

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    1. Dri, minha querida e doce amiga, os inocentes nessa história são as crianças... sempre. Eu tenho parcela de culpa também, afinal tive depressão e isso é imperdoável! Saudade já...

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  2. Li em algum lugar um bom texto sobre os black blocks no Brasil e no mundo... E chegava (ou levava) à conclusão de que nada que todos os blacksblocks possam quebrar chega perto da destruição que os blackblocks de gravata de seda, ou de toga, fazem todos os dias, a quase 514 anos...
    O que nos resta?
    assassinato? ações diretas? que tipo de terror temos que fazer com gente assim?
    Já viu "the east"?
    tamos aí, mana linda!

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    1. Angel, meu mano, meu amor, apesar de tudo, continuo pacifista. Não acho que matar resolva, embora em momentos de raiva chegue a falar isso. Acho mais que precisa parar de nascer gente. O ser humano é conflituoso, quanto mais gente nesse mundo, mais conflito. Vejo por mim, SE (não gosto de "seísmos") não tivesse tido filha, nada disso aconteceria... eu poderia estar ajudando tantas outras crianças sem pai, nem mãe... poderia adotar e diminuir uma situação de abandono, o que era um projeto meu, para depois dos 40 anos... quem sabe após os 50. Não vi The East, mas se você falou, vou ver.

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