quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Políticos Presos, Presos Comuns


    Custei a decidir escrever sobre os políticos do PT presos. Primeiro porque isso pode me render mais antipatizantes, segundo porque sei que falta muita verdade política e justiça nesse País. Mas não posso deixar passar mais esse momento histórico, em que vejo cidadãos comuns e honestos discutindo ideologias políticas e defendendo indefensáveis, amizades sendo desfeitas. Dia desses, meu amigo virtual, Marcos Matias, que pensa de forma anárquica e apartidária como eu, posicionou-se muito bem ao dizer que a indignação popular contra o PT é maior justamente porque era o partido da mudança, que esfregava o dedo na cara dos corruptos, então, nossa sensação de “somos todos otários” é muito maior.
    Falo por mim, que mesmo trabalhando na assessoria de Mario Covas em 1998, votei em Lula, e não em FHC, para presidente. O voto era secreto e eu não tinha contrato com o PSDB e sim com o Governo do Estado de São Paulo. O que me revoltou em FHC foi seu golpe da reeleição. Ele aprovou para se reeleger. Covas seria o candidato do partido, mas FHC quis manter-se no poder.
  Votei em Lula também em 2002 e confesso que meu processo de depressão foi também decepção política. Fiz uma aplicação de 20 mil reais na Previdência Privada, após campanha do Governo em seus benefícios, entre eles, a isenção de impostos, já que temos um rombo na Previdência e, em menos de 10 anos, não haverá dinheiro para pagar pensão de tantos aposentados. Conversei com meu gerente e fizemos um projeto de longo prazo. Eu não mexeria nesse dinheiro até minha única filha na época, Dora, então com menos de três anos, completar 18. A ideia era pagar todos os custos de sua faculdade, caso não passasse numa pública, ou comprar um pequeno apartamento para ela, caso não pagasse faculdade. Mas o Governo deu um golpe, entre Natal e Ano Novo, quando as pessoas estão viajando e não ligam muito para economia. No início do ano, meus 20 mil, viraram 17! Esse dinheiro já foi para advogados, mas essa é outra história. Imagino que o futuro universitário de minha filha Dora estará garantindo por ela mesma ou pelos avós que mantém sua guarda de fato.
    Superada essa decepção, estava no Chile, em 2005, com meu querido amigo e jornalista Francisco Javier Cabezas, quando vimos notícias de dinheiro em cueca e outras histórias tão estapafúrdias que pareciam inventadas. Cheguei a escrever para minha amiga Carla Stoicov, perguntando se era isso mesmo. Não adianta, por melhores que sejam as intenções de políticos, o brilho do poder cega, o sistema corrompe.
  Daí vem a turma petista dizer que o mensalão foi para o plano de governo (de poder) e não para enriquecimento próprio. Ora, desde quando isso é motivo de defesa? Pior falar que o rombo do mensalão é bem menor do que o da Privataria Tucana e tantos outros escândalos! Quero mais é que todos os corruptos, de todos os partidos sejam condenados a devolver aos cofres públicos o que foi roubado.
   Não acredito que Joaquim Barbosa seja um herói, se ele manda prender, faz sua obrigação. Quero que condene outros também. Não acredito em sua aclamação para presidente, ainda mais depois da capa da revista Veja o transformando em salvador da pátria. O que lembra muito o que a mesma revista fez com o caçador de marajás, Fernando Collor, o político que, do nada, transformou-se no primeiro presidente eleito por voto popular, após a ditadura. E deu no que deu.
   Vejo também muitos jornalistas criticando Joaquim Barbosa porque trata mal a imprensa. Ora, se ele fosse midiático, fizesse média com a imprensa, daí sim, eu desconfiaria muito dele. Se ele trata mal é porque não tem medo de ser criticado por meus coleguinhas. Também acho muito perigoso jornalistas serem partidários ao extremo. Acabo desconfiando deles. Vejo jornalistas sérios, defendendo o PT até os dentes. Isso acaba com a credibilidade e imparcialidade tão necessárias ao profissional ético.
    Agora, o que me fez querer escrever sobre esse assunto das prisões dos políticos petistas é o tratamento dado aos presos. Mais de 20 deputados foram visitar José Genoíno fora da data de visita. Isso seria motivo para uma rebelião nacional de presos comuns! Um perigo nacional! Quantos presos morrem por falta de atendimento nas cadeias? Não seria esse momento ideal para uma intensa reflexão do Governo Federal para reestruturar o sistema penitenciário?
  Quando trabalhei com Mario Covas cobria Segurança Pública, Administração Penitenciária e Meio Ambiente (só bucha). Inauguramos várias penitenciárias no interior do Estado para desafogar as da Capital e as delegacias, que acabavam fazendo as vezes de cadeia. Não dava tempo. Transferíamos os presos e logo as delegacias estavam lotadas. Muitos presos nem tinham sido condenados, esperavam o julgamento nas celas. Ficavam dois, três anos na cadeia e no fim muitos eram inocentes! Mas era tarde, Justiça tardia não é Justiça, já tinham a revolta dentro deles, já tinham aprendido a ser bandidos de verdade. E para completar, vou repetir em parte o que escreveu hoje meu amigo Marco Bola, que também pensa muito parecido comigo. “Antes Genoíno lutava para provar que era inocente, agora para provar que está doente, mas sua agenda, até antes da prisão, diz o contrário”. Ainda tem muito para escrever sobre presos, prisões, penitenciárias, julgamentos e corrupção. Talvez termine com um livro.

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