quarta-feira, 1 de junho de 2011

Profissão Repórter: Novela ou Jornalismo?


  Quem viu a matéria veiculada ontem (31 de maio) no programa Profissão Repórter, da Rede Globo, teve a chance de aprender a como não fazer jornalismo. Mais uma vez histórias que não dizem nada e não levam a lugar nenhum. A edição mostra os repórteres na busca desenfreada pela notícia, mas quando está frente a frente com o fato, foge, não mostra, se esquiva.
  Gabriela Lian, que foi chamada pelo ator Jonas Melo Golfeto para acompanhar a busca e apreensão de minha filha Dora, nem quis acompanhar minha trajetória. Não se sentiu “a vontade” para falar comigo. Medo de que? Acreditou no monstro pintado por Jonas e não quis averiguar a verdade. Jornalista precisa ter coragem! Dar a cara a tapa de vez em quanto. Envolvida até os tímpanos com a outra parte, preferiu jogar a bola para outra foquinha, Eliane Scardovelli.
   Mostrei para Eliane emails em que Jonas diz que jamais faria busca e apreensão da filha, para não traumatizá-la ainda mais. Não bastasse a busca que não faria, chama a Rede Globo para gravar tudo, que segue feliz em busca da “notícia”. Mostrei esses emails para Eliane, que preferiu a imagem da mãe mostrando o quarto cheio de brinquedos, porém mergulhado no vazio, sem a filha. Não propriamente Eliane, mas a edição do programa.
  O que dizer da triste cena em que o pai leva Dora chorando, dizendo que não quer ir. Ainda pergunta: “Você vai deixar eu falar com minha mãe?”. “Hoje não”, é a resposta fria, autoritária e rancorosa da outra parte. Rindo por dentro deve ter pensado, “nem hoje nem nunca, já que entrei com uma ação para destituir a maternidade de sua mãe”. Em seu ego infinito, pensava que conseguiria vitória nessa ação patética. Contei, mostrei tudo isso para a equipe. Cadê? Mostrei todas as trocas de emails em que ele sabe que estamos em Santos, exige nossa mudança para São Paulo. Cadê?
   Dora chora! O pai amoroso diz: “Eu sei que você está sofrendo, fofucha, o papai também sofreu bastante”. Tão infantil querer comparar seu sofrimento com o da filha de 9 anos, que não vê há quase 5, que leva uma vida feliz e, de novo, é arrancada da sua vida para ficar presa sob os domínios da família Golfeto. Ele sofreu, então quer que eu sofra, não importa se a filha está sofrendo, Dora significa apenas uma forma de conseguir a audiência que nunca teve e atingir meus sentimentos. E a Globo é conivente com isso! Até agora não entendo onde está a notícia nessa história.
  Ok, essa é a mãe dizendo. Então Eliane e equipe seguem para a casa da melhor amiga de Dora, fazem imagens e sonoras incríveis, que mostram como Dora era inserida naquela sociedade. Cadê essas imagens? Essas declarações? O bom jornalismo não ouve apenas as partes, ouve as partes das partes.  Do meu lado tenho uma legião de jornalistas sérios, educadores e amigos que comprovam como Dora era feliz com a mãe. Da outra parte talvez os avós, que hoje cuidam da neta. E a Justiça que deu a guarda para o genitor e suas mentiras.
  Para minha surpresa ouço no programa que “brigamos” pela guarda da Dora desde que esta tem 1 ano. Ora, eu entrei com ação quando ela tinha 2 anos e 11 meses. Quem deve ter dito isso foi a outra parte. Gabriela Lian nem checou essa informação. Seu chefe, Caco Barcellos, é tão ocupado que não responde emails nem ensina sua equipe a verdadeira apuração jornalística.
  A equipe segue com Jonas e Dora (que deve ter chorado muito ou ficado em estado de choque) para Ribeirão Preto, para onde o pai mudou-se. Ora, eu provei para Eliane Scardovelli que o ator continuava em cartaz com sua peça em São Paulo, é contratado pela Prefeitura para dar oficinas (coitados dos que aprendem a arte da canastrice com ele). Mas ela não averiguou nada, pois isso é função da outra repórter, que faz a parte dele. Afirmei, constatei que Dora mora com os avós, o ilustre psiquiatra infantil, José Hércules Golfeto, e a não menos renomada psicóloga Ed Melo Golfeto. Cadê a reportagem para ir lá mostrar essa farsa? Mas o ator disse que mudou e acreditaram. Ponto.
  Sem cabimento essa divisão de reportagem. Só mostra a parcialidade de cada um. A outra equipe, que seguiu para Bolívia e Florianópolis foi a mesma. Por que comigo foi diferente?
   Depois uma fala do pai dizendo que “Dora está adaptada”. Como bem pontuou Maria Lúcia Rodrigues, a querida Malu, tia de Flavia Vieira, portanto minha tia, nessa linda família em que tive o privilégio de ser agregada, “é a mesma coisa que responde minha amiga, cujo o filho está preso, quando lhe pergunto como foi a visita no fim-de-semana: está adaptado”.
   Sim, o ser humano se adapta até com a prisão. Dora está presa, sem liberdade de movimentos e expressão. Não pode falar com amigos. Todas as tentativas são inúteis. Claudia, a mãe da melhor amiga de Dora, afirmou isso. O jornalista Sérgio Duran também. Inclusive quis provar, na frente das câmeras, a verdade. Eliane Scardovelli dispensou as provas, porque não estava no roteiro do programa. Ei, jovens repórteres, a notícia é orgânica, muda o tempo todo, em novela é que se segue roteiro!


Minha infinita rede de amigos 

 Curiosamente, a parte do programa sobre a história da juíza, foi completa. Já pensou distorcer a história de uma juíza? Até a Vênus Platinada treme diante de ameaças de processos. Agora outro fato inusitado nessa minha vida que parece ficção. Quando vi a juíza gente boa pensei que aquela cara não me era estranha.
  Há algumas semanas procurei por uma amiga, Renata Pernambuco, no Facebook. Amiga dos tempos de natação, que nadava no clube Luso de Bauru. Ela só viu a mensagem ontem, me escreveu na hora, cheia de alegria e saudade.
    Quando acaba a matéria, Renata me manda uma mensagem: “que coincidência, você e minha irmã no mesmo programa”. A juíza gente boa é irmã de Renata Pernambuco! Imediatamente compartilhou meu blog com toda sua rede de amigos, inclusive a irmã. Agora tenho certeza que algum juiz vai saber a verdade.
    Outro fato curioso é que uma amiga baiana, que mora em Portugal, viu a matéria pela internet e postou no site. Nada ofensivo, apenas mostrou sua opinião. Não aceitaram. Hoje pela manhã, minha grande amiga, Simone Raia, me ligou porque foi postar e não estão aceitando comentários. Muito estranho, estranho mesmo.
   O que falta para esses repórteres é uma conversa afiada com Paulo Henrique Amorim. Desculpe, mas não dá para o jornalista ser isento, se for acontece o que aconteceu com Eliane e Gabriela, ficam parecendo fantoches, pessoas inseguras, sem opinião, não conseguem tomar uma atitude sem ligar para a chefia. O que dizer de Eliane ligando para Caco sobre meu desespero em saber o paradeiro de minha filha, que a equipe sabia. Resposta do chefe: “De jeito nenhum!” Depois dessa, minha dúvida sobre os possíveis comentários negativos de Caco Barcellos a meu respeito, se dissiparam. Como já disse no post anterior, pode ter ocorrido ruído de comunicação, mas algo tão pesado não seria inventado. Como ele conseguiu essa informação? Alguém falou e tomou como verdade absoluta, já que de tão ocupado, Caco Barcellos não tem tempo para apuração.
   Me dói como mãe, mulher e profissional, que uma pessoa tão conceituada, com tanta credibilidade, na verdade haja assim. Muitos jornalistas, como Celina Lerner e Cláudio Cunha, acharam que deve haver algum problema grave nessa comunicação, porque não costuma ser essa a atitude de Caco Barcellos. Ambos sugeriram que procurasse falar direto com ele. Tentei, mas como já disse e vou ser repetitiva, ele é muito ocupado e não respondeu emails nem ligações.
   Que saudade de Paulo Francis, considerado genial por uns, reacionário por outros. Assim faz o jornalista: cria polêmica. O jornalismo é para fazer pensar. Também para denunciar. Qual foi mesmo a proposta desse programa? Mostrar gente sofrendo? Não seria mais instrutivo os porquês desse sofrimento, como a morosidade da Justiça e fazer entrevistas com peritos forenses? No fim foi mais um programa que não disse nada e não levou a lugar nenhum.  Bom, não sou eu quem vai ensinar o bom jornalismo aqui. Nem tenho essa pretensão. Apesar dos meus quase 20 anos de carreira, tenho humildade para continuar sempre aprendendo e não tomo nenhuma verdade como absoluta.

3 comentários:

  1. Sinto sua indignação em cada palavra aqui escrita. Notei exatamente a "resposta fria, autoritária e rancorosa" do guardião de Dora.
    Como é possível um pai fazer isto a uma filha? É muita crueldade, é muita pequenez, sordidez, enfim... Inqualificável a monstruosidade que este homem fez e está fazendo!
    Adriana, lute! Lute até o fim para salvar Dora de pessoas com mentes tão doentias!
    Até me custa acreditar que os avós sejam da área de Psicologia...
    Que lástima este programa mesmo! A parte que salvou foi mesmo a da juíza. Mas além da platinada ter medo, também não havia conflito, né?
    Ah, já vi que a natação lhe rendeu uma excelente forma! Parabéns!
    Forte abraço!
    Syleide

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  2. Amiga a novela ainda não acabou...agora que está ficando boa, é sempre assim os capitulos finais são os melhores, e a Globo mesmo ensina...o vilão sempre é punido no final...e o vilão desta história todos nós sabemos quem é afinal ele não é um Tarciso Meira, um Tony Ramos da Globo.
    Vamos adiante, pois todos puderam ver o canastrão finginfo uma ansiedade ridicula na TV. Só pode ser medo da menina dar um escandalo, mas não ela foi educada pela mãe ADRIANA DE CARVALHO MENDES, uma lady, uma respeitosa e amorosa criatura.
    Estamos ao seu lado pro que der e vier.

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  3. Adriana, vi no programa pontos que podem ajudar você. Achei bom terem colocado que a Dora estava preocupada com você quando o pai a resgatou.
    Acho excelente o fato de que a juíza pode ajudar, se quiser.
    Também considero que se a globo não resolver, você tem que apelar a uma emissora concorrente. Alguém tem que se interessar!!!
    A luta tem que continuar e se o programa não ajudou, também não tornou as coisas piores.
    Interessante lembrar, também que quando a criança não é mais um bebê, a opinião dela deve contar muito na decisão do juiz.
    Os piores dias já se passaram. Vamos aguardar!!! Beijos!!!
    Zenilde

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