terça-feira, 31 de maio de 2011

A Mentira Anunciada

     Hesitei em dar entrevista para a Globo, mas dei e me arrependi imediatamente, ao perceber o teor da matéria. Queriam dar um desfecho para o pobre pai que não sabia o paradeiro da filha. Na primeira matéria veiculada no Profissão Repórter, em 22 de junho de 2010, a repórter Gabriela Lian ignorou totalmente meus emails mostrando a troca de mensagens entre mim e o ator Jonas Melo Golfeto, em que a outra parte deixava clara sua raiva e desejo de vingança, nunca perguntando sobre Dora, apenas me agredindo verbalmente. Tenho tudo isso guardado, claro, como prova. O que mostrou na matéria foi uma pessoa que não queria saber de entrevistas e a única linha em que "ofendo" a outra parte, pedindo para não dar audiência, chamando-o de "mimado que quer de novo aparecer as custas da filha"  é a linha que foi ao ar.
   Meu texto conciso, cheio de informações e detalhes foi simplesmente ignorado. Depois soube da amizade entre Jonas e Gabriela, amizade crescente, pois foram vistos juntos durante jantar em restaurante paulistano, há cerca de 3 semanas. Tenho duas fontes que viram e comprovam em juízo, se preciso for. Em outra ocasião, soube a opinião distorcida do jornalista Caco Barcellos sobre a minha pessoa. Tudo bem, foi um amigo do meu amigo que trouxe a informação, pode ter havido algum ruído de comunicação, mas não invenção.
  Por essas e outras a minha hesitação. Saber que a Globo acompanhou a outra parte na busca e apreensão de Dora, que há mais de 4 anos não via o pai, me causou náuseas. Ficou tão óbvio e cristalino que o ator só queria mais atenção da mídia com um caso que seria pessoal. O que importa Dora nesse momento? Dane-se o trauma que isso causará na filha, por dentro o coração desse hipócrita saltitava de emoção por aparecer de novo na Rede Globo!
  Dei entrevista e me arrependi. Mandei emails pedindo para não divulgar a imagem da minha filha e para não veicular essa matéria. Fiz ligações para a repórter Eliane Scardovelli, que me entrevistou. Gabriela Lian seguia seu rumo com a outra parte. Nada feito, a matéria sairia quer eu quisesse ou não, sobre a imagem de Dora ainda não sei, espero que não mostrem, espero muito por isso.
  Mas, na semana passada, um dia antes do fechamento do jornal semanal que estou editando, me liga Eliane, para saber se tenho alguma novidade, pois a matéria sairia na próxima terça (hoje meus caros leitores). Primeiro contei que Dora estava morando com os avós, o psiquiatra infantil José Hércules Golfeto, e a psicóloga Ed Melo Golfeto, não pareceu novidade, vai ver pensam até que o pai também resolveu voltar, após mais de 15 anos de Capital, para o interior paulista. Esclareci que continuava em São Paulo e, desde que Dora foi levada, nenhum telefonema, contei, inclusive que passei o dia das mães naquela cidade, Dora lá, sem pai, nem mãe. Sugeri que fôssemos até lá. "Mas você tem o que fazer lá?", foi a pergunta da foquinha. Claro, tenho a minha filha lá, sugeri que poderíamos ir na casa do ilustre casal de avós. Ah, mas Eliane Scardovelli não quis, preferiu não se meter na história da outra parte, a responsável por aquele lado era Gabriela Lian. No meu entendimento de jornalista com quase 20 anos de profissão, a verdade, a constatação dos fatos é a força matriz da matéria. Esse negócio de cada equipe acompanhar um caso detona a parcialidade.
  Fiz fórum com amigos jornalistas que acompanham essa saga entre Davi e Golias. A missão maior ficou a cargo do grande Sérgio Duran, pois já tínhamos combinado almoço na quarta-feira, em São Paulo. No almoço falamos sobre a entrevista que se seguiria. Levei documentos  para mostrar as brechas da Justiça que me impossibilitam, até o momento, de desmascarar a farsa da outra parte.
  Chegam repórter e cinegrafista, já com câmera nas costas e microfone na mão. A pergunta é como me sinto, o que sinto pela outra parte, se penso que um dia seremos amigos. Há um esforço evidente para me arrancar lágrimas. Não, minhas lágrimas deixo em meu travesseiro, na hora em que durmo. Deixo para as horas em que escuto Chico Buarque. Agora, 4 meses depois, aprendi a segurar o pranto. Não vou deixar que mostrem uma mãe em desespero. Quero que mostrem a mulher lúcida, munida de documentos, provas e testemunhas com total credibilidade. E sim, também sou a mãe amorosa, preocupada em saber como está a filha.
  Digo do empenho da outra parte em manter o litígio, cheio de mágoa e rancor. Sérgio Duran se dispõe a fazer uma ligação para Jonas Melo Golfeto, provando diante das câmeras qual a sua atitude em relação a qualquer amigo meu. Ele simplesmente diz que não fala sobre o assunto (Dora) e desliga na cara. Para nossa total estupefação, a repórter diz que não precisa! Insistimos, ela  não quer mesmo mostrar a imagem do pai empedrado, raivoso, rancoroso, litigioso! Lembrei-me de quando tinha 20 e poucos anos, quando patinava na difícil profissão de jornalista. Mesmo iniciante, teria visto ali a oportunidade de mostrar a verdade, exposta facilmente. Não sei como Caco Barcellos ensina jornalismo, mas esse não foi o jornalismo que aprendi. Como disse, sabiamente, Sérgio Duran, "esses jovens repórteres não querem matéria, querem novela". O cinegrafista Welligton Almeida ainda disse que Dora é linda, "é tudo isso que você disse, vocês precisam superar isso pela Dora". Senti verdade e compaixão no que ele disse, compaixão por Dora, imparcialidade estava ali, nessa declaração. Sempre admirei cinegrafistas, tive passagem em reportagem de TV também. Pergunto: "então você conheceu Dora?". Ele se esquivou, mas depois da sexta vez, acabou confessando que acompanhou a busca de Dora e que ela estava ótima em Ribeirão Preto. Sim, pode ser que naquele momento, em choque, estivesse. Mas e agora? Quase 4 meses depois, como está? Não houve resposta.  Acredito também que ela ter ido "de boa" é o sinal de que eu nunca coloquei sentimentos de raiva ou repúdio em seu coraçãozinho tão puro.
   Eis que começam as chamadas do Profissão Repórter dessa semana. Muitos amigos viram antes de mim e tive que desconectar para conseguir escrever minhas matérias, tantas eram as mensagens, chamadas de bate-papo e telefonemas. Estava teclando com Danglares Silva, um querido que não vejo pessoalmente há 25 anos, sobre esse assunto e já eram quase 1h da manhã. Muita solidariedade de todos os lados. Praticamente um fórum no Facebook. E então entendi porque a relutância de Eliane Scardovelli em fazer a imagem de Sérgio Duran ligando para a outra parte: isso colocaria por água abaixo o teor da matéria. Na chamada do site está assim: "Pai reencontra filha. Mãe decidiu fugir por 4 anos". Piada! Quiseram dar um desfecho para  a matéria sem nexo veiculada no ano passado. Colocaram uma mãe em fuga, que estava aqui mesmo, em Santos, com a filha devidamente matriculada, fazendo ballet no Corpo de Baile da Cidade de Santos, uma referência na dança nacional. Quiseram mostrar o emocionado encontro entre pai e filha. Não mostraram que ele já sabia da filha há mais de um ano, não mostraram emails em que ele "exige" nossa mudança para São Paulo para ficar mais perto da filha, sendo que mandou a filha para Ribeirão Preto, 500 km mais longe! Mostrar a inflexibilidade do pobre pai sofredor derrubaria a matéria! Mostrar que ele esperou a Rede Globo para encontrar a filha mostraria sua frieza e calculismo. Preferiram mostrar a interpretação medíocre.
  Pior a chamada da TV, com erro grotesco de tempo e espaço. Diz lá que Jonas e Adriana "brigam" pela guarda de Dora desde que ela tem 1 ano. Mentira, mentira, mentira. Entrei com pedido de guarda e regularização de visitas quando Dorinha tinha 2 anos e 11 meses. Pedi regularização de visitas porque queria que minha filha visse o pai ausente. Foram duas festas de aniversário de 1 ano de Dora. Na de São Paulo, o pai chegou atrasado, depois dos parabéns e ainda pediu para algum amigo meu ir buscá-lo! Não tem nem fotos dele no evento. A segunda festa foi patrocinada pela minha família, na casa da minha prima Kátia, uma casa construída para dar festas. Foi muita gente, menos o pai ou a ilustre família Golfeto. O Guarujá era muito longe para ele. Tenho testemunhas disso tudo, viu equipe do Profissão Repórter?
  Temo pelo que sairá veiculado hoje. Mas a força da web ainda será maior que da Globo, por favor, repassem para todos essa história.

5 comentários:

  1. O importante é se manter firme e forte. A Verdade nunca falha, mesmo quando demora.

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  2. Adriana, mais do que tudo uma grande guerreira a lutar pela sua filha.
    Acompanho esse fato desde o começo e sei o quanto tal pai reluta em fazer acordo, onde o mesmo só deseja vingança e quem sabe " uma pontinha em algum seriado da Tv Globo". Nada mais frio e calculista da parte do pai, já que ator que é bom ator espera sempre os flashs e câmeras para poder aparecer ou mostrar o que aprendeu nos tablados.
    O que me pergunto é por que Dora mora com os avós (estes como Freud, conhecedores do comportamento humano) e o TAL PAI EXTREMAMENTE PREOCUPADO em São Paulo na Capital? Será mesmo que sua intenção era o bem da Pequena Dora? Ou simplesmente poder tirar da mãe o amor e a presença de Dora por vingança como dito e escrito acima?
    Acredito sim em suas palavras Adriana Mendes, passo a duvidar da veracidade do Amor deste homem pela filha e do Ibope do Programa em si, onde vemos que a luta em manter-se no ar é grande.

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  3. Stanislavski, o mestre dos atores nos ensina q dentro de nós existe todas as emoções possíveis, e q a unica maneira do ator se envolver com a personagem é doando a ele (o personagem) essas emoções.Simples porem dificílimo aplicar durante todo o momento de atuação. Quando um ator não consegue passar as emoções e sentimentos q o personagem exige, ele (Stanislavsk) o classifica como um ator/canastra, ou seja aquele q é tao ruim, mas tão ruim q para cada sentimento da personagem ele vai na sua canastra e arranca de lá uma mascará, coloca no rosto e durante alguns segundos consegue convencer a platéia.Claro q isso não dura muito tempo e o publico inteligente não pagará para ver um ator assim.
    O q me intriga nessa história da minha prima,é o fato do ator/canastra conseguir convencer alguns dos principais diretores dessa farsa; juízes, repórteres,advogados(arhg))durante todo esse tempo. Acho q aqui se inverteu o processo, o ator/canastra q paga seu publico. "Eta vidinha boa de filhinho de papai"

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  4. Matéria aparentemente "neutra", supostamente ouve os 2 lados, porém no fundo deixa de fazer várias perguntas fundamentais, ou seja, mais uma vez escondeu várias verdades.

    Meu protesto, o protesto de uma mãe indignada, em carta aberta ao C. Barcellos e seus focas, está aqui, ó:

    http://familianesguinha.blogspot.com/2011/06/carta-aberta-caco-barcellos-e-equipe-o.htm

    Em nome de Dora, a verdade precisa ser divulgada. Estão tentando separar mãe e filha, mas não conseguirão.

    Força, Dri.

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  5. Dri.
    Eu que não tinha muitos detalhes da tua história, tirei algumas conclusões vendo o programa:
    1. Você é uma mãe dedicada que ama sua filha acima de tudo;
    2. O rapaz com quem vc teve uma filha não parece saber o que é ser pai - o jeito como ele "pegou" a menina na escola foi chocante, cruel;
    3. Os jornalistas encarregados de cobrir o caso ainda tem muito o que aprender.
    Embora eles tenham sido, sim, tendenciosos, as suas ações e as dele disseram tudo. Pra mim, essa matéria mostrou que as vítimas dessa história são você e sua filha.

    Boa sorte na sua luta e bom senso para o judiciário.

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