quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sem Perdão


   Quando conheço alguém novo, penso três vezes antes de falar que sou mãe de Dora. Muitas vezes falo que só tenho Miranda. É difícil explicar como uma mãe fica 18 meses sem saber da filha. Pior é explicar a perda da guarda, já que, como bem escrevi aqui, a maioria pensa que "nem puta perde a guarda de filho". Mas quando percebo que o conhecido pode virar amigo, não tem como escapar.
  E foi o que aconteceu com Gustavo Costa, numa daquelas coincidências incríveis que para mim já tornaram-se corriqueiras. Estava eu com Djalma Santos, Valdir Moraes, Norian Segatto, Flavio Prado e Camila Tostes, no café de um flat em São Paulo, na fase final das entrevistas para o livro Djalma Santos: Do Porão ao Palácio de Buckinghan, quando um simpático mineiro, fanático por futebol exclama para Djalma: "Mestre, não o encontro em Uberaba e te vejo aqui!". Então o boleiro participou do papo e trocamos contatos, já que Gustavo mora metade da semana em São Paulo, metada em Uberaba (MG). Na semana seguinte eu e Camila, a fotógrafa, viajaríamos para Uberaba e poderíamos nos encontrar. E foi o que aconteceu. Gustavo foi tipo um assessor de imprensa para nós, passou contatos, nomes, endereços e ainda fomos os três (eu, ele e Camila), mais Djalma e sua esposa Esmeralda, jantar num charmoso restaurante de Uberaba. Para completar, quando falei que nadava e era de Santos, o cara me pergunta se conheço Rodrigo Salles, que nadava no Internacional de Regatas. "Claro! Irmão da minha querida amiga Luca!". A Terra é um planeta pequeno. Gustavo foi casado com Luciana Salles, é pai de seu filho! Na hora ligou para Luca, que ainda falou para eu aproveitar bem dele, pois sabia tudo de futebol. Luca também é uma boleira, uma mulher que, como eu, adora ver e falar de futebol.

   O  mundo é mesmo bem pequeno para quem viaja muito, conhece muitas pessoas e faz muitos amigos. Não demorou muito ele soube de Dora e não consegue entender como tudo aconteceu. Sugeri que lesse o blog, embora esse blog não seja cronológico, seja demasiadamente visceral e profundamente triste... embora eu tente escrever sobre outros temas, mais amplos, mais amenos, menos dolorosos... mas que não fogem da ideia inicial, que é mostrar para Dora o que acontece, quem sou, quem fui, o que faço...

  Não dá para escrever aqui tudo que acontece desde 2004, quando perdi o controle da minha própria vida... por isso comecei ler emails antigos. Infelizmente não tenho todos, porque eu guardava mensagens em que Jonas Golfeto escrevia que eu era "muito mais velha" (5 anos!), eu que quis ter a filha e que cuidasse e sustentasse sozinha. Eu guardava essas mensagens, em que também me chamava de escrota. Mas certa vez, minha querida amiga Flavia Vieira, vinda de uma Universidade de Yoga, nos EUA, disse para apagar essa mágoa, que não valia guardar nada... e eu caí nesse papinho de amor universal...
  Pois o ser nefasto guardou e colocou no processo apenas minhas respostas iradas, tamanha a falta de respeito. Eu escrevia pedindo para ele ficar com Dora, porque eu ficava com ela todos os finais de semana, nunca tinha tempo para mim... Jonas não queria saber de ficar com a filha. Infelizmente, como disse outro amigo Gustavo, o Liedtke, Dora virou um objeto de disputa de poder. Eu nunca quis acreditar nisso, mesmo com os fortes indícios no dia de seu nascimento. Jonas chorava emocionado cada vez que alguém entrava no quarto da maternidade Pro Mater, em São Paulo, para parabenizá-lo, Nesse dia, o avô, o psiquiatra infantil José Hércules Golfeto, disse de forma debochada e cínica: "Quero ver quanto tempo vai demorar para enjoar do brinquedinho". O próprio avô chamou Dora de brinquedinho! Essa frase chocou várias pessoas que estavam presentes. E se algum de vocês presentes lerem esse post, por favor, ratifiquem a informação. Eu cheguei a dizer isso para o Dr Golfeto, mas ele, com sua memória conveniente, disse não lembrar de ter proferido tais palavras.
  Então comecei a ler emails que guardei após ter feito a loucura de ter eliminado minhas provas, pois nunca imaginei que teria minha vida devassada em rede nacional, em jornais... por muito tempo fiquei calada para não expor Dora, mas depois que o próprio pai, guardião legal, em quem a Justiça confia total poder sobre a filha,  chamou Rede Globo para gravar busca e apreensão, nada pode ser mais constrangedor. Dora lembrará para sempre seu momento mais traumático! Jonas Golfeto fez questão de eternizar isso! Talvez tenham sido os seus 15 minutos de fama.
   Muita gente também fala para eu tentar conversar com ele, de boa. Gente, amigos queridos, eu tento, eu tentei por anos! Eu escrevi, eu ligo há quase 18 meses na casa daquela gente, nos consultórios dos avós. Não falam comigo, desligam o telefone todos os dias na minha cara ou deixam na secretária eletrônica. O email abaixo é uma prova do tanto que eu tento e das respostas frias e calculistas de quem não sente nada.
   Tudo isso para dizer que nunca imaginei me envolver com um psicopata, que age friamente e não sente a dor alheia. O psicopata planeja tudo, nem que leve anos para concretizar seu objetivo. Jonas Golfeto está nessa missão há muito tempo e eu, tola e emotiva, sempre tentei emocionar aquele cérebro doente e perverso. O email abaixo foi enviado para Jonas após ele ter revertido a guarda, inventando que eu fugiria para o Chile, porque tinha "um namorado" lá. Ele sumiu com Dora por 15 dias, sumiu nada, levou para Ribeirão Preto, como sempre, pois é incapaz de cuidar dela sozinho. Nem agora que ela já tem 10 anos e é (ou era) muito esperta para a idade. Jonas sumiu com Dora e mudou de endereço em São Paulo, mudou-se para a casa da então namorada Luciana Viacava, uma atriz de teatro infantil. Isso tudo aconteceu em 2005! Nesse email eu peço perdão por tudo que eu nem sabia que tinha feito, eu imploro, eu me humilho, aliás, só tenho me humilhado desde então. A resposta dele é fria, iguala o sofrimento de Dora ao seu, assim como fez no famigerado programa do Profissão Repórter: "Eu sei que você está sofrendo, Dora, mas o papai também sofreu bastante!". Segue a mensagem e espero que você, meu novo amigo Gustavo Costa, consiga entender melhor e por favor, seja solidário, mas não precisa sofrer por mim, já tem gente demais sofrendo nessa história.
 
De: Jonas Golfeto <jonasgolfeto@terra.com.br>
Para: Adriana Mendes <mendes_jornalista@yahoo.com.br>
Enviadas: Sexta-feira, 19 de Agosto de 2005 11:36
Assunto: Re: pensa


Olá,

Não tenho raiva, nem ódio de você. Não estou fazendo nada por vingança. O processo de atribuição de guarda é penoso para nós 3. Vamos nos acalmar e nos entender judicialmente, por favor.

 Jonas


On 8/19/05 5:02 AM, "Adriana Mendes" <mendes_jornalista@yahoo.com.br> 
wrote:

Jonas

Por favor, me diz onde vc está com a Dora, eu preciso saber. Esquece por um instante o ódio que vc sente por mim, a vontade que vc tem que eu morra, todos esses sentimentos negativos que vc alimenta por mim (e que, sinceramente, eu não entendo pq), pensa só numa mãe que teve uma gravidez muuuuuuuuito difícil, que fez de tudo para ter uma filha no nono mês, que segurou a onda, que amamentou bravamente, que ficou sozinha com a filha quando essa tinha 8 meses e cuidou dela desde então e muito bem. Pensa que essa mãe teve problemas pq ficou desamparada, foi demitida e pediu ajuda ao pai da filha e esse disse que sua vida não interessava, mostrou-se ausente, não deu apoio. Pensa que essa mãe teve depressão, que enviou um e-mail ao pai da filha pedindo ajuda e esse pai guardou esse e-mail para usar contra ela depois. Pensa que essa mãe ficou internada e durante a internação a única coisa que a fez persistir foi a lembrança da filha e a vontade de vê-la e ao sair da internação essa mesma mãe foi privada de vê-la, por esse mesmo pai, que se escondeu com a filha.

Esse mesmo pai que disse às amigas dessa mãe que nunca iria querer a guarda da filha, que só queria o bem da mãe. Pensa que essa mãe se recuperou e que entrou num acordo de visitas com esse pai, acordo esse que ela já havia pedido em 28/02, mas que o pai preferiu entrar com outro pedido em 13 de maio, tempo esse que a mãe pedia para o pai ver a filha, mas ele recusava-se, e a filha ficou 3 meses sem ver o pai, pq o pai preferiu assim. Pensa que essa mãe confiou nesse pai e decidiu morar mais perto para facilitar a vida de todos. E pensa que essa mãe foi enganada outra vez. E pensa que tem uma criança no meio disso tudo que ama a mãe e precisa da mãe e que ama o pai também, mas com todas essas ações e com o passar do tempo, essa criança vai entender mais e mais e saber a verdade e ter discernimento e mudar o sentimento tão puro de amor dela. Pensa nesse ódio insensato que vc sente por mim, reflita por algum tempo em tudo o que aconteceu desde que eu engravidei e analisa quem tem motivos para odiar quem.

Vc não consegue se comunicar comigo, há uma barreira intransponível entre nós? Tudo bem, não precisamos nos ver ou falar, mas a Dora não tem nada a ver com esse ódio mortal que vc sente por mim. Eu sei que vc deseja minha morte, mas pensa que com a minha morte, sua filha ficaria órfã e, por mais que vc me odeie, não é legal ter uma filha órfã. Eu não quero minha filha órfã, nem de pai, nem de mãe.

O que passou, passou, vamos fazer diferente.Como já dizia Borges: "Não existe perdão, não existe vingança. O esquecimento é o único perdão e a única vingança". Quer se vingar de mim pelo não sei o que que eu fiz? Esqueça. Essa é a melhor vingança. Vc estará vingado. Não use uma criança para se vingar, isso é muito mesquinho. Não invente histórias para se vingar, isso é muito mau caratismo. Somente esqueça.Só não esqueça de me passar o endereço e telefone da minha filha. Vc não pode fazer o que está fazendo e cansei de ficar levantando provas para levar para juiz. Aliás, vc também deveria estar cansado disso tudo. Não te cansa ficar armando? Enganando? Fugindo? Mentindo?

Por favor, pensa na Dora. Se continuar desse jeito sabe o que pode acontecer? O juiz achar que nenhum dos dois tem capacidade para ficar com a criança. Vc deseja isso para a Dora?





quarta-feira, 18 de julho de 2012

O Dia que Nunca Chega

   Há mais de um mês, o novo juiz (quarto desde que essa ação teve início em Ribeirão Preto, interior de SP, em março de 2011) sentenciou que o início de minhas visitas a Dora se deem o "quanto antes". Claro que o quanto antes para mim seria  no sábado seguinte, mas para a outra parte, lenta como a Justiça, pode levar aí mais uns 18 meses. Sim, no próximo dia 10 de agosto completará 18  meses que minha filha foi sequestrada dentro da Lei, diante das câmeras da Rede Globo, para o anti jornalismo do Profissão Repórter. Digo completará 18 meses, porque já estou preparada para ficar mais uns anos sem saber de Dora. Se é que ela ainda é Dora.
  Acontece que o pedido, deferido agora por esse novo juiz "tão rapidamente" em um mês, foi feito em agosto do ano passado! Quando eu ainda não havia passado por perícia psicossocial. Só que eu passei por isso em setembro! A psicóloga diz que posso trazer minha filha para visitas em casa. Mas nenhum juiz ainda leu isso! Agora é um retrocesso ver Dora de 15 em 15 dias, por 3 horas e monitorada por Edna Costa, uma psicoterapeuta escolhida a dedo pela outra parte. Mais parcial, impossível! E essa medida só faria sentido assim que ela foi levada, em fevereiro de 2011! Aliás, o promotor de São Paulo, onde Jonas Golfeto, o pai de Dora e autor dessa ação, morava, há mais de 15 anos, já tinha indicado essas visitas há um ano e meio, pois tanto promotor, quanto juiza paulistanos, acharam absurdo tirar a filha da mãe daquela forma e manter Dora longe de todos por um mês! Mas a outra parte preferiu mudar-se para a casa dos pais, em Ribeirão Preto, para fazer perdurar essa situação até o limite da morosidade jurídica. E tem conseguido, com astúcia, coragem e determinação. Quanto orgulho deve ter de si  mesmo! É um gênio do mal!
 Também para minha surpresa, esse juiz manda fazer uma perícia lá na casa da família Golfeto! Um ano e meio depois vão verificar como Dora está. Claro que agora está adaptada, nem que seja a base de remédios psquiátricos, afinal, nada sei daquela que por nove anos foi minha filha. Só sei que ela não parece mais com ela. Foi meu aniversário dia 20 de junho, Dora mandou um email, em que deseja que eu "seja muito feliz com  Miranda, vovó e seus amigos", excluindo-se totalmente de minha vida. Também pergunta se "vovó está melhor agora que meu avô morreu? Lembro que ele era muito doente e dava muito trabalho para ela", mostrando uma maturidade ímpar. Falta de respeito aquela gente dar a notícia da morte do avô para ela. Eu quero dizer quem morreu nesse tempo, quem casou, quem nasceu, quem adoeceu. Não me dão nem esse direito. No email também diz que só tira notas ótimas e tem novas melhores amigas. Diz que tem saudades da amiga Raquel, de mim, de vovó e de Mimi.
 Um dia antes do meu aniversário recebi um grande presente:  a intimação judicial para pagar R$ 26 mil para o advogado da outra parte. Agora é oficial, minha filha foi sequestrada dentro da lei e eu intimada a pagar o resgate! 
  Será que digo para Dora que no feriado de junho seu grande amigo de Paraty, Lucas Chigres, veio para Santos com sua mãe, minha grande amiga Kátia Chigres e que ambos ficaram em casa e ela fez muita falta? Digo que Miranda falou para Lucas que "sua irmã morreu"? Afinal mataram Dora para mim e todos que a conheceram. Pior foi para Dora que, metaforicamente falando, viu um tsunami varrer a Baixada Santista do planeta. Todos nós fomos mortos!
  Ninguém venceu, todos perderam! Nada mais adianta agora. Não tenho mais esperança, pois não espero mais nada, não em relação a esse processo ou em consertar o que foi feito. Ver Dora monitorada como uma mãe criminosa? Não! Isso é retrocesso, é quase voltar ao Visitário Público, maior desejo de Jonas Golfeto, que na única audiência realizada até então, bateu os pezinhos que queria e só permitia visita em Visitário. Dane-se a filha! O que importa é humilhar e fazer sofrer a mãe da filha! Dizer o quê quando encontrá-la? Qual explicação? Dizer a verdade? Mostrar todas as provas de tudo o que o pai dela faz para nos separar para sempre, tentando inclusive a Destituição do Poder Familiar? Sim, isso ela vai saber, mas se souber agora, como irá dormir sabendo que o pai é um psicopata que não dá a mínima para os sentimentos dela? 
  Pensei até em procurar ajuda de um especialista para saber como agir diante disso: Miranda diz que a irmã morreu, Dora não sei nem o que diz. Mas sendo o próprio avô José Hércules Golfeto, um psiquiatra infantil, a avó Ed Melo Golfeto, uma psicóloga e a tia Raquel Golfeto, outra psicóloga... duvido dessa categoria, que estraga a mente da minha filha. E tem o pai... Jonas Golfeto, talvez uma vítima, um experimento também disso tudo, a cria psicótica.
 Por quanto tempo mais eu vou conseguir viver quebrando e me colando todos os dias? Isso não vai acabar em tragédia. Já é uma tragédia pessoal, não só para mim, mas para Dora, para Miranda. Dora já foi maculada e nada mais que seja feito reparará essa injustiça.
Processo 0012197-41.2011.8.26.0506 (730/2011) - Regulamentação de Visitas - Regulamentação de Visitas - J. M. G. - A. de C. M. - Vistos etc. 1. Tendo a ré manifestação concordância com a indicação da psicóloga pelo autor, o acordo o acordo provisório que as partes fizeram em audiência de conciliação (fls. 1.441) está em condições de ser implementado. Sendo assim, estabeleço que as visitas em sábados alternados tenham início na clínica da referida psicóloga, pelo período de três horas, devendo o próprio autor comunicar essa profissional que indicou e informar diretamente à advogada da ré sobre o dia de início (o quanto antes) e horário das visitas, para que a ré possa então comparecer. 2. Cobre-se ao Setor Técnico a remessa da relatório psicossocial que deve ser feito com o autor e com a menina Dora. 3. Desde logo, independentemente do futuro saneamento do proce ss o, depreque-se a comarca de Santos a realização de estudo psiquiátrico com a ré, como foi postulado pelo representante do Ministério Público. 4. Dê-se ciência às partes da vinda dos estudos social e psicológicos já feitos com a ré (fls. 1.619/1.621 e 1.645/1.647). 5. Publique-se o despacho anterior (fls. 1.661), com o qual foi deferida a reabertura de prazo para o autor se manifestar sobre a contestação. 6. Depois dessa manifestação do autor (ou decorrido o prazo para tanto), abra a Serventia (por ato ordinatório) vista à advogada da ré, para que também possa se manifestar sobre os escritos eletrônicos anexos à petição do autor (fls. 1.629/1.636). 7. Intimem-se. Ciência ao Ministério Público. - ADV: MÁRCIA DE ANDRADE BATISTA (OAB 215050/ SP), CLAUDIA PENTIOCINAS (OAB 216724/SP), CRISTINA GEREMIAS DE OLIVEIRA (OAB 191728/SP), DANILO MURARI GILBERT FINESTRES (OAB 231367/SP)