terça-feira, 13 de novembro de 2012

Dora é Só Mais um Número

    Não acredito em macumba, mas certa vez, há uns 7 anos, o guardião legal da minha filha, Jonas Golfeto, ligou para minha mãe e disse que iria fazer uma macumba para que ela tivesse uma morte horrível! Até a advogada dele, Marta Macruz de Sá, ligou para minha mãe dizendo que Jonas estava nervoso e falou da boca para fora. Não dei a mínima, assim como não acredito em deus, também não acredito no diabo. A verdade é que minha mãe está bem viva e com saúde e quem morreu de morte horrível foi meu pai.
   De uns tempos para cá comecei a pensar que o tal dia 21 de dezembro de 2012, que segundo a profecia Maia seria o fim do mundo, deixou de ser uma ameaça e passou a ser uma esperança. Não vejo nem túnel, quanto mais a luz. A única certeza é que tenho uma filha que preciso cuidar sozinha e outra que não precisa de mim para mais nada. Que tenho alguém para dar "boa noite filhinha, te amo". Continuo tendo filha. Mas Dora não tem mais mãe. Nunca mais chamou ninguém de mãe, talvez em seus sonhos ou pensamentos. O sistema judicário é o maior colaborador desta crueldade. Para os juízes e promotores do caso, Dora não passa de um número. É tratada como objeto e eu tenho que me resignar com a morosidade da Justiça, porque é assim e assim sempre será. É um fato como nascer, viver e morrer.
   Desde junho o atual juiz setenciou que as visitas monitoradas por psicóloga escolhida pela outra parte aconteçam "o quanto antes". Não aconteceram. A outra parte, aqui chamado de Jonas Golfeto, cada hora inventa uma história (aliás, ele é perito em inventar histórias). Ele pode tudo, tem poder absoluto sobre a filha, eu não sou nada, talvez seja apenas mais um número, mais uma mãe que é proibida de ver a filha. Tem alguns grupos online de pais e mães que não podem ver os filhos ou então vivem o tormento de ver de 15 em 15 dias crianças robotizadas. Dia desses saí de um deles, além de ser da ong Pais Por Justiça, em que um tal Nilson Falcão se achou no direito, em seu site, de me julgar, fiquei deprimida. O que acontece é que mesmo quando a criança pode optar com quem ficar, acaba optando pelo alienador. A Justiça colabora com os alienadores, lhes dá tempo de manipular, de encher a cabeça das crianças de medo, de aterrorizar! E Dora está sendo aterrorizada não só pelo pai, mas pelos avós, José Hércules Golfeto, um psiquiatra infantil, doutor em tratar de crianças (!), a avó psicóloga (Ed Melo Golfeto) e também tem a tia Raquel Golfeto, outra psicóloga. Dora está numa família de profissionais da saúde mental, todos colaboram com essa bárbarie. Queria muito que isso tudo fosse divulgado, assim os pacientes saberiam com que profissionais estão mexendo. Quem sabe assim eles teriam menos pacientes e daí menos dinheiro para pagar os advogados de Jonas, porque Jonas não trabalha e quem paga tudo são os pais dele. Pagam todos os gastos da Dora e todos os gastos dos advogados. São alienadores profissionais! O que os juízes fazem? Nada, é só mais um processo, um número. O salário gordo deles estará lá todos os meses, não importa quantas audiências façam ou deixem de fazer. Quantas páginas leiam ou deixem de ler. Dora é só mais um número.
    A outra parte me mandou um email no dia 31 de agosto, passando o telefone de uma nova psicóloga para a tal visita monitorada, já que Edna Costa, escolhida em agosto do ano passado, desistiu, pois  me achou muito agressiva! Nossa, que psicóloga é essa? Não seria a missão destes profissionais tratar de pessoas com transtornos? Afinal sou uma transtornada, que mãe não ficaria, no mínimo, com muita raiva por passar por tudo isso há tantos anos? Acho até que ando calma demais...
   Como Edna Costa desistiu, com a rapidez de uma tartaruga, a outra parte conseguiu outra psicóloga, demorou só 6 meses. Curioso que a família toda é desta categoria, curioso que eles podem escolher quem quiser: colegas, ex-alunos, enfim, poder absoluto para a família da outra parte. A nova psicóloga Fabíola Januário, está disposta, mas não pode ser por 3 horas, é tempo demais, só 1h30 e durante a semana. Claro, a pessoa aqui pode fazer um bate e volta para Ribeirão Preto no meio da semana, é tão fácil. Faço qualquer coisa para poder ver minha filha.
    Daí na semana retrasada o guardião legal mandou outro email, dizendo que estaria em contato com a tal psicóloga na semana seguinte, para então agendar as datas para as visitas monitoradas. Até agora, nada. Terá feriado super prolongado, depois recesso, depois férias forenses, quem sabe em 2014 eu consiga falar com Dora...  o juiz? Deixa correr solto, afinal, Dora é só mais um número.São tantos litígios, qual o problema da filha ficar 2 anos sem mãe, se tudo acontece dentro da Lei? Não sinto mais indignação, estou resignada com a situação, me acostumei com isso.
    Finalmente consegui mexer nos armários de Dora e doar suas roupas e sapatos, que não lhe servem mais.Os alinadores fizeram tudo direitinho, Dora não tem nada de material que lhe faça lembrar a vida que teve um dia, nem fotos, nem livros, nem roupas, nem brinquedos. Guardei as bonecas para a Miranda, mas essa minha filha fofa não é chegada em barbies, prefere bichinhos de pelúcia e bebês, que cuida com tanto carinho que acabo cobrindo na hora de dormir, como se fossem bebês de verdade. Para Miranda são de verdade e se ela acredita, quem sou eu para dizer o contrário.
    Miranda é muito inocente e pequena, ainda acredita em muitas coisas. Dia desses olhou para o céu, juntou suas mães como numa oração e pediu: "Papai do céu, traz a Dorinha pra mim que ela é do meu coração". Ela tem feito isso com muita frequência e também pediu para o papai noel trazer a Dora de presente para ela. Não serei eu a dizer-lhe que papai noel e deus não existem. Com tudo isso acho que ela logo descobrirá por si mesma. Não adianta pedir nada para deus. O papai noel ainda estará em alguns shoppings centers, acabará acreditando nele por mais alguns anos.. já deus...
     Sigo com meus processos, já são sete. E preciso desabafar: quando Dora foi  levada embora quis voltar para o meu apartamento no Guarujá, que é meu! Mas a primeira advogada, Marília Teles, a mesma que me convenceu a pagar os honorários do advogado da outra parte, também me convenceu a ficar nesta casa cara, de 3 quartos (só eu e Miranda) até o vencimento do contrato, porque o juiz veria que sou estável. Ora, já estamos no quarto juiz e nunca nenhum viu nada, nem audiência teve. A advogada Marília? Devo ainda 10 mil reais para ela, que escreveu uma ação que não deu em nada e nunca participou de nenhuma audiência e assim que descobriu que Dora estava morando em Ribeirão Preto, saiu do caso, pois seria inviável a distância. Também porque viu que eu não teria tanto dinheiro para pagar tudo isso.
     Agora tenho outro problema, o contrato vence em dezembro... onde vou  morar? Não sei, minha inquilina não quer sair, disse que só sai no final do ano que vem, mesmo o contrato tendo vencido no ano passado. As Leis protegem os inquilinos. Eu terei que entrar com uma ação de despejo! Para onde vou agora? Posso ir para qualquer lugar. Tenho o mundo inteiro para escolher. Tenho dois meses de férias para curtir com Miranda, já que, obviamente, não verei Dora até março. Mas posso escolher morar em Ribeirão Preto e ver Dora de longe na escola e no balé, ficar na esquina da casa dos avós dela. Para a Justiça Dora é só mais um número. Para mim é uma filha e por mais que o pai dela tente me destituir do poder familiar, será sempre minha filha e eu serei sempre sua mãe.

5 comentários:

  1. É desolador, desestimulando, revoltante, lamentável e sim, execrável cai como uma luva.

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    1. Dá muita vontade de desisitir, mas desistir da Dora é como desistir de encontrar minha filha? Seria como desistir da vida...

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  2. Continuo apostando matematicamente que este grupo que se autodenomina familia Golfeto, que neste momento vem "somando" a seu núcleo rancor,angústia, raiva, desprezo,malediscências,vingança e desamor, assim como 2 + 2 = 4, todos eles irão subtrair-se em dores, em desafetos, em doenças e num triste fim. É matemática Adriana, é número, é fato! Pode esperar! Coitado de todos eles. Só sinto tb pena por Dora ser obrigada, forçada e articulada a conviver com pessoas tão tenebrosas e infelizes. Pobres todos estes Golfetos, todos!

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