quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma Vida Nada Banal

  Estou tão triste que nem tenho vontade de escrever. Me sinto mais que triste. Nem Lars Von Trier, o cineasta dinamarquês dado a imaginar situações bizarras e surreais, seria capaz de criar uma personagem tão patética quanto eu, como em seu genial "Os Idiotas". Me sinto mais ingênua e enganada do que a protagonista cega de Dançando no Escuro. A cegueira da personagem,  impressionante interpretação da sempre linda Bjork, é literal, a minha é metafórica. Ela não vê a armadilha feita para incriminá-la, eu vejo, mas não posso acreditar! Sou o pior tipo de cega: a que não quer ver.
  Desde o início eu pensei que Dora pudesse estar em Ribeirão Preto, com os avós. Porém isso deixaria cristalino como o genitor não quer ficar com ela, apenas tirá-la de mim. Não importa se ela está sofrendo longe de tudo e todos. Importa que eu sofra. Tento muito entender o porquê de tanto ódio. Por eu decidir levar adiante uma gestação que ele não queria? Por eu tê-lo apoiado no início amador de sua carreira? Por eu tê-lo sustentado financeira e emocionalmente todo o tempo em que morou comigo? Por ter secado suas lágrimas nas duas vezes em que o diretor da Cia do Feijão, Pedro Pires, avisava que se continuasse não decorando textos, sairia do grupo antes da estreia? Por eu ter sido sincera quando percebi que cometi um grande erro ao ter me juntado a ele? Por querer me separar antes que aparecesse um homem minimamente interessante por quem eu me apaixonasse? Ou por que não morri no meu desesperado  pedido de socorro?
  Ter sumido com a Dora por mais de 4 anos foi o de menos, o ódio dele era muito anterior, porque ao reverter a guarda, em agosto de 2005 - baseado em fatos irreais - não me deixava falar ao telefone com ela, não me deu paradeiro, foi morar na casa da namorada, a atriz de teatro, Luciana Viacava,  por quem sentia gratidão, afinal, foi ela quem deu abrigo para minha filha. Já superei esse sentimento de gratidão. Li o que ela falou sobre mim em seu depoimento da sentença de guarda definitiva.
  Me sinto tão idiota por ter trocado emails por mais de um ano com o avô de Dora, o psiquiatra infantil José Hércules Golfeto, recém aposentado da USP Ribeirão Preto, onde era catedrático. Em uma das mensagens ele me pediu a numeração de roupas e calçados de Dora, para mandar presentes. Eu dei! Porque pensei que seria uma forma de aproximá-la da família paterna. Esses presentes nunca chegaram. Ele comprou todos os sapatos e roupas para colocar no armário do quarto que já preparava para receber a neta! Ainda bem que se aposentou! Nem quero imaginar o que ensinou e como formou seus alunos!
  Há menos de duas semanas liguei no consultório dele para pedir humildemente que me passasse o endereço onde Jonas e Dora estariam morando, sem isso seria mais difícil entrar com ação para regularizar visitas. Disse que não sabia, nem a escola em que Dora estudava ele sabia, pois Jonas não contava nada para ele. Repetia verborragicamente que precisávamos fazer acordo, parar de brigar. "Como vou brigar com alguém que não me atende, meu senhor?" Era como se não houvesse interlocutor do outro lado da linha. O psiquiatra, em seu joguinho mental barato, ainda repetia que eu preciso fazer tratamento, tenho que me tratar...
  Ao menos agora eu sei com quem Jonas aprendeu a mentir descaradamente, em casa mesmo, não foi em curso de ator, não! O tempo todo Dora está lá com os avós! O avô psiquiatra é quem sustenta toda essa história, seja mental ou financeiramente. Com sua experiência profissional sabe como desestabilizar uma mãe desesperada por notícias da filha. Ele está repetindo o que já fizera antes, mas eu, mais cega que a mãe que dançava no escuro, acreditei na mudança de comportamento.
  A ida de Dora para Ribeirão Preto dificulta ainda mais minha situação no processo. Eles querem perpetuar essa história até Dora crescer, tornar-se uma adolescente rebelde e frustrada. Mais que isso, carente do amor da mãe e dos amigos queridos! Se esses pais criaram Jonas, o que farão com minha filha? Será que conseguirão tornar aquela doce e sincera criança num ser sem moral e dissimulado? Não, isso não pode acontecer... algum juiz tem que perceber que o melhor para Dora é estar com a mãe e a irmã. Não com os avós! Se ela tem pai e mãe, por que deixá-la com os avós?

Não posso parar de escrever

  Recebi instrução jurídica para parar de escrever nesse blog sobre o processo, parar de dar nome e sobrenome aos da outra parte. A outra parte lê o que escrevo e pode não gostar, pode fazer tudo se virar contra mim, ficar nervosinho. Acontece que a outra parte tirou minha filha, meu dinheiro, minha saúde, não posso permitir que tire meu direito de liberdade de expressão. A instrução é para escrever e guardar o que escrevo, não divulgar nada. Devo agir como mãe e não jornalista. Mas não se trata de maternidade ou jornalismo. É cidadania, se eu não puder expressar o que sinto, deixo de ser humana! Não consigo disassociar as várias faces de mim: mãe, jornalista, filha, amiga, nadadora, escritora! De guardada já basta Dora, eu queria que o mundo soubesse desse caso. A verdade sobre esse caso.
 E mais: se for para escrever no blog, que seja sobre banalidades. Impossível, minha vida não é banal. As pessoas na minha vida não são banais. E mesmo os mais triviais dos acontecimentos, na minha visão, tornam-se significativos. O que acrescentaria em mim e nos outros escrever levianamente sobre assuntos banais? Não que tenha sido essa a instrução, mas é como me sentiria. O que decidi é que paro por aqui sobre os acontecimentos da ação, afinal tudo que escrevo pode se voltar contra mim.
  Só porque escrevi sobre a Associação Síndrome do Amor, que fica em Ribeirão Preto, a outra parte surtou porque achou que eu houvesse "descoberto" que Dora estava lá e que eu também estaria em frente da casa da família dele, para sequestrá-la! Quem precisa mesmo de tratamento? Esse mesmo ser que vê fantasmas em tudo que falo ou escrevo, mandou emails - tenho guardado - para tentar mediação num órgão que tenta acordo em situações de conflito. Liguei, marquei, avisei... nada. Só provas para juiz ver! Também escreveu para eu ver Dora no Fórum de São Paulo, depois no Fórum de Santos, sempre em Fóruns, para evitar que eu fuja com minha filhal. Aceitava tudo. Desmarcava tudo.
  Não entendo como uma pessoa como eu pode suscitar tanto medo! Sou ingênua, beirando a idiotice, como escrevi no primeiro parágrafo, sou fácil de enganar, como também deu para perceber. Ainda tem um psquiatra nessa história, agindo para desestruturar a mãe da neta, batendo na tecla da depressão que eu tive em 2004! E, pelo visto, tentando ardilosamente me deprimir de novo! Qual mãe não se deprimiria numa situação dessas? Eu! Estou muito triste, mas não deprimida.
  Incrivelmente me mantenho sã. Graças a minha Miranda, criança feliz, divertida e carinhosa, que não deixa nenhuma lágrima escorrer por meu rosto. Mesmo quando tenho que explicar para essa menininha de 2 anos que sua irmã "Doinha" foi passear. Ela fala da Dora todos os dias! Não, não ouso chorar na sua frente! Ela merece o meu melhor sorriso, toda a minha alegria que ainda resta. Me mantenho sã graças a minha legião de amigos, que não me deixa esquecer o quanto sou querida e que sempre terei com quem contar.
  Enquanto isso vou tentando parar de dançar no escuro. E escrever sobre todos os assuntos relevantes da minha vida, muito maiores que o processo perpetuado de guarda.

3 comentários:

  1. Adriana,solidariedade. Soube da sua história uma amiga que temos em comum, Gabriela. Essa história precisa ser divulgada e não escondida. abraço solidário, Cláudia

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  2. Esta é a terceira vez que este individuo faz Adriana sofrer esta alienação parental....Adriana nunca quis separar pai e filha...ela nunca falou mal de Jonas, sempre esclareceu para Dora a situação.
    E sempre quis saber a opinião dela. Se queria ver o pai, falar com o pai.
    Ao contrário dele que proibe a menina sequer de falar com a mãe ao telefone. Senão tem castigo.
    Tenho certeza de que tudo vai ficar as claras e que os olhos do Juiz vão se abrir para esta história.
    Como o Juiz que deu parecer contrário ao processo de perda do pátrio poder contra Adriana.

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  3. Dri, nós vamos conseguir. Fé na vida, fé na verdade e no amor verdadeiro. As crianças são sábias demais pra acreditarem em sentimentos de mentira, em manipulação, em jogos ridículos.
    O futuro vai chegar, e seja de que maneira for, Dora vai ver e lembrar de como foi tirada da mãe pelo seu próprio pai, de como foi escondida da mãe, do seu mundo, dos seus amigos. Isso não há nada que se explique.
    Bjs

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