segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tão Sem Sentido

  Foi marcada uma audiêcia de conciliação para sexta-feira, 8 de abril, às 14hs, no Fórum João Mendes, em São Paulo. Nessa audiência espero, ao menos, ter uma data para ver, falar, abraçar minha filha. Dia 10 completará 2 meses que ela se foi e tudo aqui ficou vazio e sem sentido, não fosse a Miranda eu já teria sucumbido. Músicas de amor me lembram Dora, a falta dela me faz sentir sua presença o tempo todo. Estou tão demasiadamente triste que minha tristeza está se transformando em misto de raiva e revolta. O que é melhor, a raiva move, a tristeza prostra. Não consigo me mover, estou arrasada física, mental, emocional e financeiramente. Mas a raiva pode me levar adiante, o desejo de justiça, pois não é justo Dora passar o que está passando.
  Estava numa conversa virtual com a Flavia Vieira, umas das minhas melhores amigas, que está na França. Para que tudo isso mesmo se o mundo vai acabar em 2012? Ou será que o planeta vai suportar essa raça tão destrutiva que é a humana? Não que acabe totalmente, mas a forma como conhecemos hoje tem que mudar. O homem, em sua prepotência e arrogância ilimitadas, acha que pode fazer tudo e passar impune? Acha que pode escavar as profundezas da Terra no fundo do mar e que isso não vai afetar o outro lado do mundo? O terremoto no Japão foi um sinal dessa movimentação, teoria minha, de botequim, mas a Terra não é um organismo vivo? Não há uma conexão entre todos os seres? Então mexer aqui movimenta lá.
  Por que um ex-casal briga tanto para ter a guarda da filha se há tantas crianças esperando em orfanatos para serem guardadas? E por que um casal ( M. e L.), junto há 15 anos, casado há 10, advogados, estabilizados, está há 5 anos na fila de espera para adotar uma criança? Mesmo não exigindo sexo, raça ou idade? Porque essa raça, a humana, é muito complicada. A civilização cresceu junto com a burocracia. Eu não imagino o que acontece depois da morte, o que sei é que somos enterrados ou cremados e que a vida passa muito rápido. Podemos escolher viver em paz ou em guerra, resignar-se ou rebelar-se, desistir ou lutar. Eu havia desistido de lutar, meu oponente é forte demais para mim. Por isso fugi, para não ver a infância da minha filha decidida em tribunais. Porque não tinha (e não tenho) forças para um inimigo tão movido pelo ódio, tão erraticamente humano, em seu pior exemplar. E de nada adiantou. Estou longe - e bota longe nisso - de ser perfeita. Impulsiva, quero resolver tudo imediatamente. Impaciente, não soube esperar os trâmites judiciais. Mais do que eu, Dorinha está pagando caro por isso.
  Sou uma descrente. Ver minha vida e da minha filha decididas por juízes que não nos conhecem me fazem acreditar cada vez menos. Estou muito cansada, não sei se suporto continuar essa guerra. Minhas forças estão se esvaindo, nada disso faz sentido.

   Se o mundo está chegando ao fim por que perdem tempo lendo isso aqui? Eu sou só uma pessoa medíocre - que está na média - que fez tudo errado. Aprendam a tocar aquele instrumento preferido que nunca aprenderam por falta de tempo. Escutem sua banda ou sinfonia preferidas no último volume até o vizinho reclamar. Larguem seus relacionamentos fracassados e vivam um grande amor. Deixem seus empregos repugnantes e façam o que deve ser feito. Se, ao contrário, estão no lugar certo, com a pessoa certa e no emprego certo, mostrem ao mundo que existe esperança e  felicidade. Só não repitam os mesmos erros que a humanidade repete desde que o mundo é mundo. Os erros da intolerância e insensatez.

4 comentários:

  1. Lindo texto.
    Não desista!!!
    No fim tudo dá certo!

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  2. Obrigada July, claro que lembro de vc!!! bjs

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  3. Amiga, agora que descobri seu blog leio pq te amo. E sim, já larguei o emprego repugnante e o marido que não amava mais, já coloquei todas as músicas que amo e aquelas que nem sei ainda se vou amar no meu ipod que está sempre comigo e me engajo e invisto meu tempo só com aquilo que me constrói e que estabelece conexão com as pessoas. Por ora está dando certo :)
    Queria estar no dia 08 com vc (antes, durante ou depois). Ajuda?

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  4. Carla, minha linda! Como só pude ver esse comentário agora? Eu também te amo, essa audiência não aconteceu e se com 2 meses sem ver Dora eu estava quase morrendo, diria que agora é como se isso tudo acontecesse em outra dimensão, vivo numa espécie de The Walking Dead. Amo você!

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