quarta-feira, 2 de março de 2011

Cartões de Amor e Vela Marrom

  Hoje estava mexendo nas coisas da Dora (tem muito dela em tudo aqui) e achei um cartão do dia 9 de maio de 2010. "Mamãe, você é a razão da minha vida, você me dá amor, carinho, paz, esperança e aconchego. Você é legal e por isso você é 1000. Eu te amo muito. Você a a flor da minha vida. Mom Adriana, You Are Beautiful. Happy Mothers's Day, may 9/2010".

  Será que se a minha advogada mostrar esse cartão para o juiz ele deixa ao menos eu encontrar a minha filha? Ouvir a voz dela? Será que vou poder trazer Dora para respirar ares santistas? Ver os amigos? Dormir em sua cama? Abraçar sua irmãzinha que começa a ficar doente? Será que vou poder trazer Dora para suas coisas, para que ela ao menos possa escolher o que levar em sua nova morada, a torre do guardião?

  Pode ter me faltado paciência, sofro o dobro agora e talvez tenha sofrido no período de 4 anos e 5 meses que cometi a subração de incapaz, mesmo a incapaz sendo minha amada filha. Se eu tivesse aguentado mais uns 6 meses encontrá-la apenas de 15 em 15 dias, sem falar ao telefone nesse intervalo, se eu suportasse vê-la emagrecendo, ficando de olhos fundos e tomando tantos remédios que foi necessário 3 horas de soro na veia, por desidratação, se eu tivesse aguentado. Mas o guardião tinha a guarda provisória e eu, mesmo com potencialidade de reverter isso, como afirma a sentença, não pude esperar mais os trâmites legais, que durariam alguns meses. Tratava-se de uma criança de 4 anos, com urgências urgentíssimas! O guardião havia se separado da madrasta da minha filha, uma atriz de teatro infantil, do Doutores da Alegria, por quem Dora nutria muito afeto. Nessa mulher, que eu nem conhecia, havia o alívio de saber como Dora estava. Sem ela eu não saberia mais nada. E isso é o que ocorre hoje!

  Me faltou paciência e sabedoria, mas estava sobrando amor, e me perturbava o medo constante de que algo muito grave aconteceria com minha filha. Trabalhei mais minha paciência, hoje me falta tanto, é tanta a falta de Dora...

Para Todos os Santos

  Muita gente tem se solidarizado comigo, muita gente me vê sem Dora e eu não posso falar o que aconteceu que me ponho a chorar. Daí surgem os chamados mais diversos, conselhos religiosos, dicas, orações, mandingas, mantras, enfim, todas as vibrações positivas vindas para ajudar numa causa difícil e doída são aceitas com coração aberto e mente nem tão tranquila. Minha ajudante de limpeza, evangélica, orou por mim, me ensinou a aceitar Jesus e levou meu nome em sua igreja, disse que muita gente lá está orando por mim e minha filha e quando ela voltar me fez prometer ir fazer meu testemunho. Prometi e vou cumprir.

  Uma outra amiga, da Umbanda Universalista, me levou ao centro por ela frequentado, mais duas amigas. Sobre a cerimônia não há muito o que dizer, é preciso estar lá para sentir os cheiros, ouvir os batuques, olhar as pessos vestidas de branco e com lindos colares, cantando para os Orixás, esperando os guias para aconselhar os que ali estão. Após uma consulta com o guia, cada um recebe o que precisa. Eu saí com uma rosa branca, galhos de arruda e três velas marrons, mais as recomendações do que fazer com isso. A amiga levada por mim, toda loirinha de olhos azuis, saiu com  uma rosa branca e um galho de arruda. E minha outra amiga, toda zen, levou apenas uma oração. Caramba, meu problema não é nada fácil mesmo. Três velas marrons!

  Esqueci as tais velas marrons no carro da loirinha de olhos azuis, daí a zen foi numa loja e me trouxe as velas. "Olha, quando eu pedi a mulher fez uma cara e me ofereceu galho de arruda!" Daí fiquei mais curiosa ainda sobre o significado dessas velas e fui fazer uma busca rápida na internet: vela marrom é oferecida a Xangô para proteger os injustiçados e castigar os mentirosos e caluniadores, ou seja, o meu guia entendeu direitinho toda a história. Será que o juiz também entenderá?

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