quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Início da Maldade



  Agora é fato: os avós de Dora não permitem nossa conversa por telefone. Verificando as centenas de emails trocados em 2010 com o avô José Hércules Golfeto, encontrei um número que não era de consultório. Liguei e fiquei tão nervosa quando o outro lado atendeu: “- Ed”, que desliguei. Mas respirei fundo e liguei de novo, afinal, que mal pode haver numa conversa telefônica. “- Oi, eu queria falar com minha filha Dora”. A avó Ed Melo Golfeto desligou na minha cara e, de tão nervosa, deixou o telefone fora do gancho. Ouço outra voz feminina perguntando:” – E agora?”. A avó psicóloga responde, com voz alta, quase aos gritos:”- Eu não tenho nada para falar com essa mulher”.
   Isso me intriga, como não tem nada para falar com a mãe de Dora? Essa mãe que educou e ensinou Dora tão bem, afinal Dora é meiga, educada, talentosa, inteligente e muito expressiva, não só porque nasceu assim, mas por méritos meus. Eu criei Dora assim, para ser essa menina adorável! E essa avó é psicóloga! Grande psicologia... me fez lembrar uma vez, quando Dora tinha 3 meses e fui com ela para a casa dessa ilustre família, para comemorar os 90 anos de uma bisavó de Dora, mãe de Ed. Numa tarde deixei Dora dormindo no quarto e pedi para essa avó Ed me chamar, caso meu bebê acordasse, eu estaria na sala vendo TV.
  Cerca de meia hora depois, escuto Dora aos berros e corro para ver o que aconteceu. A avó lia um livro tranqüila, no quarto ao lado, enquanto Dora estava quase roxa de tanto chorar. Peguei meu anjinho no colo, estava molhada de xixi, e perguntei se a avó não tinha escutado (a idade avançada causa deficiência auditiva, sei bem disso). “Escutei, mas a criança precisa aprender a lidar com frustrações”. Ai, meus sais!!!! Não preciso ser pediatra, nem psicóloga, nem ter 5 filhos para saber que até os 6 meses a criança chora por necessidade, jamais por manhas! Fiquei horrorizada e nunca mais deixei Dora aos cuidados dessa avó megera. Que medo!
   Depois fiquei sabendo que Jonas Golfeto, o pai de Dora, foi criado a base de tapas e pontapés. O menino não podia derrubar nada em casa que apanhava. Tudo tinha que estar em ordem naquela casa cheia de aparências. Quem me contou foi Divina, que trabalhou 25 anos com a família. Ela tinha pena de Jonas. E eu também tenho. Penso agora que ele foi uma criança sem atenção, sem carinho e sem amor, criado por uma mãe severa, seca e fria e por um pai empenhado em destacar-se profissionalmente, arrogante e dono da verdade. Para piorar, o menino que usava botinhas ortopédicas, aparelhos para os dentes daqueles que fica em volta do rosto e óculos fundo de garrafa, ainda foi premiado com o nascimento de uma linda irmãzinha, fofa e inteligente. Teve que disputar a atenção que não tinha.
  O quadro ficou ainda pior quando essa irmã, Raquel Golfeto, resolveu seguir a carreira acadêmica dos pais. Fez faculdade, mestrado e doutorado. Um orgulho para a família. E a moça ainda é bonita que só! Jonas começou várias faculdades e não terminou nenhuma: Rádio e TV na Metodista de São Bernardo (em que não ficou nem 15 dias), Propaganda e Marketing na ESPM, em São Paulo, e até Letras na USP, que também abandonou, embora coloque em seu currículo falso que é formado na turma de 1999. Fácil derrubar essa farsa.  Deixando sua situação ainda mais feia no álbum dos Golfetos, resolveu seguir a carreira de ator, que não é fácil nem para quem tem talento, carisma e família de artistas. Tentou por 6 vezes ingressar na curso de Antunes Filho, quando finalmente conseguiu, também não foi capaz de concluir a empreitada.
   Infelizmente, Dora se tornou uma forma de Jonas conseguir a atenção que nunca teve. Viu que a família apoiava sua imagem de pai sofredor, suas buscas e apreensões, suas aparições relâmpagos na TV, até a avó teve seus 15 minutos de fama no Profissão Repórter de 22 de junho de 2010, está lá, toda sorridente para as câmeras da Globo. Até para seus colegas de teatro a encenação também ajudou. O ator Jonas Golfeto tem como missão de vida salvar Dora da mãe louca! Ah, a mãe louca sou eu.... no entendimento distorcido da realidade daquelas pessoas doentes.
   Tenho ligado no tal número. Só caixa posta. E agora uma novidade. Jonas me manda um email  com o seguinte título : Para conversar com Dora.... e dentro da mensagem: só por skype ou msn, aviso previamente que as conversas serão gravadas e ou salvas em arquivo de texto. A mensagem parece ter sido escrita por um robô. Ele pensa que é juiz? Ele decide como e quando falarei com minha filha? Conheço Dora tão bem... .ela detesta que vejam o que escreve e com quem conversa. Não vou submeter minha filha a mais esse constrangimento. Me dói muito saber que após tantos anos de luta por liberdade de expressão, pelos direitos de ir e vir, luta contra a ditadura e opressão, em que tantas pessoas morreram para nos deixar o legado da liberdade, minha filha está presa e sendo monitorada por pessoas totalmente desprovidas de amor e bom senso. Me causa horror saber que psicóloga e psiquiatra são capazes de fazer isso com a própria neta e que mantém sentimentos de ódio e rancor tão arraigados. A energia daquelas pessoas é tão negativa que só de ter ouvido a voz da avó carrasca fiquei mal o fim-de-semana inteiro. É isso que eles querem, que Dora fique órfã de mãe. Por que será que esses avós querem tanto ter a neta sob seus domínios? No fundo sabem que se ficar com o pai em São Paulo, logo ele vai cansar do brinquedinho. E Dora será passada adiante.
  Sinto tanto por Dora. Mas o tempo passa mesmo tão rápido. Quando ela foi levada, um dia após completar 9 anos, faltavam exatos 9 anos para essa história acabar. Agora faltam pouco mais de 8 anos e 7 meses! Sei que Dora pode ser ouvida, mas nenhum juiz ainda me ouviu para eu poder pedir isso por Dora. Sei que com 12 anos ela pode decidir com quem morar, mas sei também que está sofrendo uma alienação cruel, cometida por gente que entende do assunto (psicóloga e psiquiatra). E sei também que Jonas Golfeto nunca me dará paz, já que salvar a filha é sua missão de vida. Resta a maioridade de Dora! E então seguiremos juntas e felizes em viagens incríveis pela América do Sul, mostrarei a civilização pré Inca para Dora, faremos a trilha para Macchu Picchu, cursos na Europa, praticaremos esportes na Nova Zelândia, aprenderemos mandarim na China e trabalharemos em algum País da África, pela ONU. Ou o que mais surgir em nossas mentes brilhantes e livres!

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