terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Raiva é Energia", Já Dizia o Velho Punk

   Estou sentindo uma urgência muito grande em escrever. Tive mais uma noite de insônia e escrevi um pouco de uma história linda de amor e música, que sempre me inspirou. Não pensei em tocar tão profundamente quando escrevi, deixei meu amigo Clayton Martin em lágrimas, pedi desculpa, mas ele agradeceu, disse que foi uma mistura de tristeza, alegria e orgulho e que isso fez com que se sentisse mais vivo. Lindo isso, não? Só poderia vir de alguém com sensibilidade que transborda.
    Fico num turbilhão de pensamentos e só consigo melhorar escrevendo, é tanta coisa pra dizer que não digo, penso como tem gente na minha vida que não mensura sua importância. Foi assim dia desses também, com minha inesquecível professora do primário, Lea Eloi.
     Tem vezes que penso em parar de escrever nesse blog. Não poder mais escrever sobre o processo me deprime, porque esse era o fundamento, eu só tenho minhas palavras para defender minha figura pública, amplamente detonada em rede nacional. Mas tudo que escrevo engrossa os 9 volumes do processo, porque a outra parte vai e coloca tudo lá. Se ao menos o juiz lesse... mas eu tenho tanta vontade de escrever o que vem acontecendo desde dezembro, sobre todas as dificuldades impostas por brechas da Justiça, o não cumprimento de prazo por parte do magistrado. As perícias que nunca terminam, porque a minha loucura deve ser tão genial que nenhum perito conseguiu defini-la! Ainda vão inventar um nome novo para os meus "transtornos psiquiátricos". Não sou bipolar, não tenho depressão crônica, não sou boderline, não tomo nenhum tipo de remédio, nem aspirina. O que eu tenho então? Tenho raiva, muita raiva.
       Tenho muita raiva de ser julgada o tempo todo por gente que não me conhece e nem juízes são. Hoje logo cedo me vi numa conversa de facebook que eu já tinha saído, de um desses grupos de Pais que Sofrem Alienação Parental, que culpam as mulheres e blábláblá. Já parei de culpar a outra parte, que iniciou isso tudo em 2005. A culpa é minha que transei sem camisinha e com o cara errado, fiz repouso absoluto por 7 meses e meio para minha filha nascer, não quis ir numa clínica de aborto quando o cara errado procurou uma. Não lhe dei um chute quando disse que não tinha coragem de contar para os seus pais que eu estava grávida. A culpa é minha que acreditava em Justiça.
     A culpa é, principalmente, do Judiciário, que mantém o litigio por décadas. E nesse grupo um cara vai e posta a matéria do Profissão Repórter e ainda escreve algo mais ou menos assim: "Olha o que essa artista fez, deu dois tiros, um no pé e outro na cabeça, não, foram dois tiros na cabeça" e outras coisas que embrulharam meu estômago com gastrite nervosa. Ora, meu caro desinformado, sou jornalista, o pseudo artista é a outra parte, se acredita mesmo na Globo, a alienadora oficial do País, só posso sentir pena de você e desejar que sua ex continue mantendo a guarda da criança!
    Antes eu havia escrito que sou mãe solteira e queria que o genitor reconhecesse porque preciso da pensão. Nossa, fui achincalhada! Como se as mães vivessem das pensões de seus filhos! Que o mais importante é a presença, é o amor! Se o genitor nunca quis conhecer, registrar e fugiu de exames de DNA como posso obrigar a dar amor? Agora pensão eu poderia... poderia se a Justiça não protegesse tanto os homens. Mãe solteira ainda é vista como uma devoradora, homens que não assumem filhos são amplamente aceitos na sociedade.
      Tenho raiva e muita raiva desses advogados que sugam até os ossos de seus clientes, fazendo de tudo para manter o litigio, que escrevem qualquer coisa sem provas porque sabem que levará anos até provar o contrário. Tenho muita raiva de mim, que só queria ser uma anarquista inofensiva, uma punk do amor, com meia dúzia de furos na orelha e de tatuagens pelo corpo, que só extravasava a raiva pelo mundo todo errado em shows de rock, mas me tornei uma vítima desse sistema de tortura psicológica. E tenho raiva porque o papel de vítima  nunca me caiu  bem.

Cacos de Barcelos

     Nunca gostei muito de agressões físicas, mas as pessoas que escurraçaram o Caco Barcellos durante sua tentativa frustrada de acompanhar as manifestações de junho, me representam. Agradeço a todas. Foi a prova de que esse arrogante jornalista não é o que pensava que todos pensavam dele: um sinônimo de imparcialidade e profissionalismo.
     Foi reconfortante ver o Barcellos aos cacos, com aquela cara de "sou muito melhor do que todos vocês", tendo de ouvir em uníssono uma multidão gritando "pede pra sair". Que ele não dignifica a profissão já estava claro na matéria sobre guarda, quando ele, literalmente, baba de raiva ao negar que a foquinha emotiva me contasse onde minha filha estava. Imparcialidade ali passou longe, porque foi uma jornalista para cada lado, Eliane Scardovelli ouvindo minha versão, Gabriela Lian ouvindo a da outra parte. Quando eu aprendi sobre jornalismo, diziam que o repórter deveria ouvir os dois lados, três ou quatro se preciso fosse.
    Tem o presidente da Ong APASE também, Analdino. É um advogado que adora explorar sofrimento alheio, a Ong  não tem nem endereço. Ficou super interessado no caso, pois viu ali uma forma de ter visibilidade na mídia. Me ligou, ligou para a outra parte. Disse que conheceu o Caco Barcellos, estudaram juntos em Campinas e que Caco foi afastado de seu filho, quando a criança tinha 4 anos, por isso tinha raiva das mães. Não me contou em off, portanto, posso escrever isso aqui. Verdadee ou não foi o tal Analdino o relator da história. Disse ainda que a outra parte do meu processo lhe contou que levou minha filha para Ribeirão Preto porque não daria conta de cuidar dela sozinho em São Paulo e que ficava muito mais em São Paulo mesmo. Quando perguntei se diria isso em juízo... não, claro que não. Mas como não pediu off, está aqui também.
http://youtu.be/pC9npjmGvNM

Adriana e Fernanda

    Tem um monte de gente que não me conhece, não sabe a criança fofa que eu fui, a adolescente cheia de amigos, estudiosa, atleta, cooperativa, participativa, que sempre pegou bichinhos nas ruas, que perdeu muitos amigos na juventude de mortes trágicas, que continua perdendo, mas continua amando todos eles, todos os dias vida. Muita gente não sabe que lembro de tudo porque me interesso por tudo, quando leio um livro, estou dentro do livro, quando escuto uma música, separo os instrumentos, sinto cada batida, porque bate junto do meu coração. Quando escuto uma história é com o coração também, por isso lembro de tudo, eu vivo, não fico de expectadora, eu me envolvo, eu sofro junto, eu vibro junto. Eu sou assim e sempre fui e acho que continuarei sendo e essa gente que não sabe nada de mim me critica porque "se perdeu a guarda coisa boa que ela  não é".
    Mas ao mesmo tempo tem outras pessoas que se identificam de cara, só pelo texto. E tive a sorte de conhecer pessoalmente e me tornar amiga de duas delas: Adriana Abujanra e Fernanda Vicente.
     A Dri leu o blog, me mandou um email que chorou e não conseguiu parar de ler, isso há mais de 2 anos. Quando vi Dora pela primeira vez, em Ribeirão Preto, ela foi a primeira a ligar e choramos tanto ao telefone que nem dava para conversar. Como ela mora com suas duas filhas lindas, Sof e Manu, em São Carlos, próxima a Ribeirão, fui com Miranda para lá, dias antes do Natal de 2012. Empatia imediata. Inteligente, feminista, cuida das duas filhas sozinha, numa batalha diária. Cheia das tatuagens, terna e doce. A vida lhe dá tapas e ela retribui com sorrisos, aliás, um sorriso lindo! A Dri é toda linda! Estive semana passada com elas de novo, foi ainda melhor, mesmo eu doente, imunodeprimida... a Miranda já é amiga de infância das filhas dela e isso é tão especial. As meninas nunca viram o mar e virão para cá em novembro. E quero que elas vejam como é lindo o oceano e quantas possibilidades podem trazer.

    Um dia recebi uma mensagem de Fernanda Vicente, que lia meus textos, se identificava, era jornalista, santista, mãe solteira e feminista e me apoiva. Olhei seu perfil no facebook e adicionei. Ontem, domingo, fui no Centro dos Estudantes de Santos, um lugar muito underground, fervilhante de ideias e juventude. Fui levada por meu primo, meu amor, Osvaldo Gonçalves Jr, que daria uma aula aberta de teatro infantil. Foram várias atividades infantis, com música do Palavra Cantada, gente linda, disposta no coletivo. Tinha bolo, salgados, pipoca... tudo para as crianças, até apresentação de palhaços, Miranda disse que parecia uma festa. E de certa forma, era. Coloquei uma foto da Miranda feliz da vida na internet e a Fernanda mandou uma mensagem e apareceu, com o filho Davi, um menino de 4 anos enorme, cheio de energia!
    Ela me reconheceu e nos apresentamos. Nossa! Amiga de infância! Olhos vivos, fala rápida, pensamentos claros, ideias definidas, feminista ativista mesmo, daquelas que dá orgulho de ser mulher. Trocamos até confidências íntimas. Eu não estava nos melhores dias, com a garganta doendo, que não me deixava falar muito. A Fer é tão cheia de ânimo e alegria, já combinamos outros programas com nossos filhos e já sei que será uma grande amiga. Essas duas mulheres e os acontecimentos recentes me deram um impulso no ativismo. Feminismo não é o contrário do machismo, é a luta contra ele. Difícil mudar o pensamento dos machistas, mas é possível fazer com que as mulheres se livrem deles e criar crianças sem sexismo e essa será, daqui para frente, uma das minhas principais bandeiras.

     Então alguém como eu atrai e repele. Mas ainda não sei qual é o meu problema de fato. Qual psiquiatra seria capaz de descobrir? Queria tanto ter uma resposta para tanto transtorno... que me dá muita raiva!

http://youtu.be/zN-GGeNPQEg





7 comentários:

  1. Olá Adriana! Gostei muito do teu blog. Já que você publicou aqui sua opinião e principalmente um trecho referente a mim, que transcrevo agora:

    "E nesse grupo um cara vai e posta a matéria do Profissão Repórter e ainda escreve algo mais ou menos assim: "Olha o que essa artista fez, deu dois tiros, um no pé e outro na cabeça, não, foram dois tiros na cabeça" e outras coisas que embrulharam meu estômago com gastrite nervosa. Ora, meu caro desinformado, sou jornalista, o pseudo artista é a outra parte, se acredita mesmo na Globo, a alienadora oficial do País, só posso sentir pena de você e desejar que sua ex continue mantendo a guarda da criança!".

    Sinto total liberdade de tecer meus comentários. Não entrarei em detalhes da nossa conversa, e tão pouco do contexto, mas reafirmo: ALIENAÇÃO É UM TIRO NA CABEÇA E OUTRO NO PÉ. Errar é humano, mas persistir no erro, não.

    Primeiramente, jornalista, advogada, juíza, desembargadora, deputada, tua profissão no momento é irrelevante. Felizmente, acho que você pode guardar tua pena para si, pois não careço de pena.

    Sobre a guarda da minha filha, apesar de ter todos os laudos judiciais favoráveis a minha pessoa, apesar de ter os pareces do promotor favoráveis a minha pessoa, espero que minha ex continue sendo mãe de minha filha, espero que o convívio parental se torne mais saudável à minha filha.

    A última coisa que importa para mim, é o papel. Para teu conhecimento, tenho regulamenta visitas livras durante a semana, tenho garantido finais de semana alternados, tenho metade das férias e tenho feriados prolongados.

    Felizmente, tenho um convívio muito saudável com minha filha. Não perdi a guarda de minha filha, ao pensar no melhor interesse da minha filha, abri mão da guarda para evitar brigas descabidas naquele momento. Portanto, Adriana Mendes, desejamos a mesma coisa, desejo que minha ex tenha a guarda da filha que tivemos, porém que não seja exclusiva, pois tenho interesse e capacidade para participar da vida de minha filha.

    Procure onde você quiser, você não irá encontrar uma palavra minha de ataque a minha ex ou a qualquer membro de sua família. Faço isso, em respeito a minha filha.

    Também, em nenhum momento, tenho tratado o tema de alienação parental como uma briga de gêneros. Pois, realmente acredito que não seja. Sou contra o abando afetivo. Você encontrará por aí, alguns comentários meus, onde afirmo, que todo pai ou mãe, que faz alienação ou abandona os filhos deveria se envergonhar, apesar que muitas vezes eu até entendo o abando afetivo frente ao nosso sistema judiciário.

    De coração, desejo que você consiga reverter esta imagem. Desejo, que de forma saudável, você tenha convívio pleno com tua filha. Desejo que suas desavenças familiares sejam superadas em prol da tua filha e que ela possa estar sempre perto das pessoas que ela ame.

    Espero que você consiga transformar sua raiva em amor e que possa, em outro momento, ser protagonista de uma história com final feliz.

    No caso em questão do GRUPO, nossas crianças, tem o direito de conviver com os entes queridos, em especial, pai e mãe. Isto a inclui também.

    Fique bem!

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    1. Fábio Molina, se vc pensa assim e aqui se expôs não deveria no grupo ter feito o que fez. Vc não sabe metade da história, vc não sabe que o genitor da minha filha começou tudo isso pq tive depressão, vc não sabe que ele entrou na Justiça pedindo a minha destituição do poder familiar, mas um juiz de boa conduta respondeu que "estavam duvidando da inteligência deste juízo". Também tenho todos os laudos favoráveis, tentei por anos a paz com o genitor, o avô psiquiatra colaborou amplamente em tudo isso. Eu nem digo aqui que minha filha tem uma única tia, irmã mais nova do genitor, que não pode ter filhos... e vive com ela para todos os lugares, fazendo as vezes de mãe (o que acho melhor do que a avó, diga-se de passagem). Não sou sexista, tenho mais amigos homens do que mulheres. Minha filha já perdeu o convívio, não só com a mãe, mas com a vida que tinha, nunca deixaram falar nem com os amigos... mas a culpa não é das pesssoas que vivem com ela, eles só se aproveitam da Justiça que não funciona.
      Tenho muito amor, muito mesmo! Mas a raiva move, a tristeza prostra, prefiro ser irada do que triste. Sorte para vocês, os Pais em Camisa de Força (aliás, não entra mãe em lugar nenhum nessas paradas).

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    2. Adriana!

      Não quero causar mais dor e tristeza do que já temos.

      Em nosso grupo, grupo formado por pessoas, tem mães, avós e madrastas. Por mim, você será sempre bem vinda. Concordo contigo sobre a ausência de justiça neste país, pois protelar é uma decisão, a decisão de não decidir.

      Pais e mães que não fazem mal aos seus filhos nunca deveriam perder a guarda e muito menos o convívio.

      Peço desculpas por tê-la magoado.

      Boa sorte para ti e, especialmente, a Dora.

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    3. Você não me magoou, só deixou mais claro que não tem mais jeito. O meu alento é que tenho de 20 a 40% de chances de desenvolver o Mal de Alzheimer e aí então poderei esquecer de tudo e todos. E isso acaba de me dar uma ideia para um texto... obrigada!

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    4. Fábio Molina, quero te agradecer porque me deu inspiração para o texto sobre Alzheimer, que já queria escrever há tempos, daí aproveitei que estava muito mal para ficar pior, acho necessário falar sobre essa doença. Isso pode mudar a vida de alguém, lutar contra o sistema judiciário não muda nada, só aniquila quem entra nessa batalha inglória.

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  2. Eu sempre falo de vc para as pessoas....sempre..

    Fico brava quando em discussões de mães elas acham que mãe nenhuma perde guarda... nem puta... é.. nem puta, só a Adriana perde a guarda...tantas Adrianas por ai né ?

    Ela esteve comigo pessoalmente duas vezes... eu não sei se disse a ela, mas eu acho a maternagem dela linda, eu queria ter metade da paciência que ela tem com a filha... é amor, muito amor... Dá até vontade de gravar e mandar para o juiz... Mas pra que né, só pra engrossar o processo...

    Amiga pra toda vida, tantas coisas parecidas.... Gêmeas até na doença...rs

    Amo vcs...

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    1. Dri, tenho mais tanto pra falar de ti... não cabe num único post... amo vcs muito!

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